Sleep tight

 Essa noite eu sonhei, que a água da chuva me levava e eu procurava um lugar pra me esconder, que estivesse seco. Eu sentia a água chegar até meu pescoço, depois sentia que eu deslizava pela água de uma forma tão fácil que nem parecia que estava numa enchente sem fim. Eu procurava algo, não só um lugar seco. Procurava trocar a roupa que estava encharcada, procurava entrar por um muro que tivesse uma brecha. Procurava algo que nem eu mesmo sabia o que era. Acordei com o suor grudando na nuca, me levantei escorando pelas paredes. Uma sede interminável. Voltei cambaleando pra cama. Tudo escuro, três horas da manhã em ponto no celular. A hora divina. A hora em que todos os portais se abrem. A hora que a madrugada se divide ao meio. Eu não conseguia dormir, mesmo grogue e alucinando eu tentei fechar os olhos. Meu coração disparado pela boca. Minha alma em algum lugar que não era meu corpo. E aí, de repente, eu firmei sua imagem em minha cabeça e pude sentir meus dedos entrelaçando seus cabelos, você de costas pra mim, num sono profundo, sem interrupções, sem nenhuma agitação. Suas costas se moviam tão tranquilamente enquanto respirava que me dava uma calma. E aí, tudo escureceu novamente, num sono que não era sono. Eu não lembro onde estava, mas lembro de continuar deitada, tentando dormir e sem conseguir. Meu cérebro em estado de alerta, eu me vendo deitada, imóvel, sem conseguir me mexer. E passei assim por mais algumas horas e num pulo levantei da cama novamente. As pernas não me obedeciam, eu só caminhava. Andei pela casa até voltar para o mesmo lugar. O sono não me vencia. Meu coração ainda agitado. Minha alma fora de mim. Estiquei meu braço em direção ao nada. Tudo vazio. Um vazio que doía e eu não sabia porque. Aí a memória afetiva trouxe novamente um cheiro conhecido, a lembrança dos dedos deslizando pelas mãos, o calor apertado de um abraço sem fim. O coração voltou a bater lentamente e num sono escuro e sem lembranças eu embarquei. 

Knights of Cydonia

 As vozes dentro da minha cabeça não param. Elas me criticam, me julgam, me desafiam, debocham, me fazem ficar zonza e sem força nenhuma. Aí, Alice toma as pílulas e tudo fica lento, desfocado, meio torto. Eu e ela nessa briga constante de quem vai dominar a mente. No fim ela me carrega pro mundo dela. Sem dores. Sem medos. Com música alta pra estourar os tímpanos. Dançando sozinhas até o amanhecer. Alice vive livre e feliz. Eu sou ela, por inteiro, mas ela só tem uma parte de mim. 

I gotta stay high all the time

 As pílulas me derrubam para um sono incontrolável e uns sonhos obscuros. Nenhum deles é povoado por realidade. A realidade vive em cada vontade que não realizo, em cada abraço apertado, em cada fim de noite que clamo baixo por um suspiro que atravesse o mundo para que chegue no seu destino final. 

Don’t turn your back don’t leave

 Meu coração explodiu em mil cacos difíceis de se juntar. É a dor que vem em querer suprimir sentimentos e sensações as quais eu não consigo mais esconder de mim. Antes tudo ia pra um buraco negro onde eu não precisava remexer. Nem precisava lidar.

Sempre foi fácil viver com amores na imaginação. Sorrisos que me alegravam as madrugadas por saber que o irreal era algo confortante. E que nunca me machucaria. Nunca me faria sofrer. 

Mais eu tenho que lidar com esse sofrimento de viver com a realidade é ela dói e me machuca tão profundamente que qualquer possibilidade de eu ser sincera com o que sinto já me causa um pânico que não cabe no meu peito.

A fantasia sempre fez parte de mim. Lá eu posso ser quem eu quiser. Lá eu posso tocar e ter quem eu quiser. Mas nesses últimos tempos eu tenho tentado viver na realidade e ter um maldito sinal da vida ao qual eu grito desesperadamente.

Eu digo que tudo é um amontoado de coincidências, mas lá no fundo eu não acredito em coincidências. E não posso mentir pra min que o que sinto não é real. Porque é. Todos os caminhos se entrelaçaram na minha frente, me colocaram em frente a um destino e eu deixo as oportunidades de colocar pra fora o que eu sinto escorrerem pelas pontas dos meus dedos.

Deve existir alguém que escute essas palavras desconexas. Que entenda que minha solidão é real. Que o meu tempo parece estar correndo contra mim. Que eu vejo a vida passar pelos meus olhos. Mas eu não consigo ser forte o suficiente pra ouvir mais negativas.

O belo castelo que criei simplesmente está desmoronando bem em frente aos meus olhos. As lágrimas salgadas voltaram a povoar meu rosto, caírem sobre meu peito, escorrerem amargas pela minha garganta e elas só aparecem quando algo muito importante está se desfazendo.

Eu crio diálogos, sou inventiva, só penso em finais felizes. Mas meu coração parece estar fadado a ter finais tristes. Escuros. Minha alma se sente rasgada. Meus pulmões cheios a ponto de explodir por um afogamento inexistente.

Eu me acovardo. E sou grata por migalhas. Eu quero dizer aquilo que preciso, pra me sentir livre, mas não me sinto forte o suficiente pra sofrer novamente. Essa mente tá muito machucada. O mundo me cuspiu tantas vezes que um não é a maior dor que eu possa sentir nesse momento.

Eu continuo olhando pro meu coração em cacos. Dilacerado em minhas mãos, ele sangra. Ele para. Ele dói. E eu coloco ele no mesmo lugar, porque é o que sobrou pra me manter em pé.  

Rat in a cage

Alice entrou de novo no buraco, dessa vez sem coelho e cheia de pílulas que a faziam encolher, aumentar e dar uma sensação de torpor que sua cabeça já conhecia. Mas dessa vez ela foi atrás do Chapeleiro Maluco. Só ele a entendia, só ele poderia completar a falta de um pedaço da alma que ela havia deixado no país das maravilhas. Ironicamente, ela só conseguia ouvir sua voz lhe chamando, mas por mais que corresse ou visitasse todos os lugares que conhecia daquele mundo, ela não o encontrava. Metade de sua alma gritava por voltar, mas parecia inútil. Só o sono profundo fazia com que ela conseguisse vê-lo. Será que dessa vez a rainha de copas finalmente cortaria sua cabeça? Será que o chapeleiro precisava dela tanto quanto ela precisava dele? Perdida naquele mundo, ela só queria dormir, para que encontrasse paz no seu coração. 

Anything

Eu só quero esticar minhas mãos e trazer você o mais perto que eu possa, pra te confidenciar sussurrando em seus ouvidos os meus mais sinceros desejos.

In my mind

 Parece que aquele dia que tem algo preso no peito, as palavras simplesmente fogem das mãos. O dia que aquela angústia, um vazio, uma sensação de impotência que te pega de uma maneira inexplicável e a dor parece que se espalha sem fazer esforço nenhum é o dia que a  cabeça para e só consegue sentir o que a alma grita por dentro.

Eu me pergunto quanto tempo eu tô perdendo em todas as escolhas difíceis que eu faço. Ou se eu fiz da minha vida uma escolha difícil. Dentro de mim reside aquela confusão do que é real e não é. Aquilo que quero e aquilo que não sei se vou conseguir atingir algum dia. A eterna briga de querer prever o futuro antes mesmo que ele aconteça. 

PDA

Foi fácil fechar os olhos e carregar você comigo no coração durante esses últimos dias. Querer que você estivesse naquele meu mundo, vivendo talvez uma experiência totalmente diferente da minha, mas que pudéssemos compartilhar depois. Meu coração quis explodir em muitos momentos. Felicidade, medo, saudades. Mas eu fui firme e aqui estou. A cabeça não para de pensar em você, o coração não para de bater por você. A minha vontade não some e um pedaço da minha alma está preso a você. 

Spiralling

Toda vez que tenho que me adaptar a uma nova mudança, me vejo em uma espiral de não saber se irá dar certo ou se simplesmente vou continuar estagnada no mesmo lugar. Tem horas que me pergunto o que mais eu posso fazer porque já fiz tudo e mais um pouco além daquilo que gostaria. 

Às vezes eu tento fazer piada com a minha condição. Mas a verdade é que ela me deprime e me apavora em certos momentos. É uma sensação de vazio e estar só constante. É uma sensação de derrota a cada momento que eu deixo um pensamento negativo ou alguém com qualquer atitude me ferir de maneira plena.

Eu nunca soube lidar com situações as quais eu sinto que tenho que me impor e mostrar o meu real valor. Eu me acovardo e deixo as pessoas tomarem rápido o lugar que eu gostaria que fosse meu. Eu tento a todo custo ser alguém diferente e aí vem outra pessoa e toma pra si o protagonismo de tudo aquilo que eu vou construindo com pequenos ladrilhos.

Eu me acovardo frente a situações, principalmente quando elas dizem respeito aos meus sentimentos e minhas vontades. A barreira que me impede é tão real, que eu logo quero me esconder num canto com medo de ser ridicularizada por qualquer situação.

Eu admito, tenho medo de ser ridicularizada. Já fui muito. Tanto fisicamente, quanto psicologicamente. E fisicamente é o que mais me dá medo e me lembra da explosão de sentimentos ruins que eu ainda tenho ao relembrar disso.

Eu posso falar mil vezes sobre mudanças e sobre o como tudo isso me afetou positivamente, mas a verdade é que não me vejo. Não me enxergo. Me olho no espelho e não me acho agradável, bonita ou atraente. Não me sinto segura, não acho que eu tenho argumentos melhores que qualquer outra pessoa pra conquistar aquilo que quero. Ainda me sinto aquela menina de 15 anos, esquisita, com os cabelos presos, de óculos e que se enfiava no fundo da sala, coberta pelas roupas largas e os olhos fixos na folha de caderno fingindo não ouvir as pessoas caçoando do quanto desengonçada eu era.

Eu ainda sou essa menina, que quando se vê em frente a um impasse, uma situação em que precisa confiar em si mesma, sente a mesma sensação de profunda tristeza em saber que as pessoas se importam tanto com o que veem e não com o que sentem de verdade.

Eu não tenho vergonha de me expor de maneira negativa. Acho que tenho esse comportamento exatamente porque esse lugar é onde me sinto mais confortável. O de me sentir ridicularizada, o de achar normal que alguém me ridicularize. O de achar natural alguém vir e querer levar aquilo que eu gostaria porque me sinto inferior e incapaz de me impor como gostaria.

O medo ainda me paralisa. O medo ainda faz com que eu perca a confiança naquilo que todo dia tento construir.

Trojan Blue

 

Existe uma diferença gritante entre essas duas pessoas. E nem estou dizendo das diferenças físicas. A primeira sempre teve medo, se escondeu por anos, nunca quis se olhar no espelho e se achava estranha quando passava uma maquiagem. Sentia medo de ser ridicularizada, de ser machucada, de ser rechaçada. Vivia com raiva de si, com raiva do mundo, emburrada e mal resolvida consigo. Dificilmente acordava de bom humor ou sorria sem motivo no meio do dia. Sempre quis que alguém lhe visse mas nunca deixava ninguém se aproximar, sua casca dura a protegia dos males da vida. Um dia, algo explodiu. A dor psicológica se tornou física, o medo de perder a vida se tornou maior que o medo de ter perdido tantas coisas ao longo do caminho, o cérebro parecia girar mais rápido que o mundo, o suor frio escorria pela nuca, o formigamento se espalhava pelo corpo, o ar não chegava aos pulmões, o coração batia mais rápido que o peito pudesse aguentar. A cama se tornou seu refúgio, as histórias passavam pelos seus olhos e a vida ia te dando uma rasteira atrás da outra, te provando que sua casca era tão fina que um simples trinco fez com que ela se quebrasse em mil cacos  que já não davam mais pra colar. Pra chegar nessa segunda, houve mil crises em posição fetal, duas idas ao pronto socorro, um pedido de socorro ao céus clamando por não passar mais por isso, um tratamento longo e que ainda continua com remédios, suor, lágrimas e muita resiliência. E aos poucos a segunda vai perdendo o medo de se olhar no espelho, de usar uma maquiagem, de cortar o cabelo como quiser, de pintá-los como quiser, de usar as roupas que quiser, de lutar diariamente com o medo de ser ridicularizada, de se expor, de falar sobre seus problemas, de ser gentil e amável quando deve ser e de aceitar a ajuda do próximo, seja ela de quem vier. Quando eu fiz essas duas imagens não foi só pra comparar a diferença física entre as duas, mesmo porque não foi uma dieta, uma academia ou nenhum procedimento estético que fez com que isso acontecesse, e sim uma doença a qual se tornou crônica. Essa imagem foi feita pra olhar pra elas e lembrar que o caminho entre uma e outra foi longo, que todos os dias a luta para que a cura aconteça é estafante, que muitas horas a vontade de largar tudo é grande, que o cansaço toma conta nos momentos mais variados do dia, desistir e resiliência são duas palavras que caminham juntas lado a lado. Não é fácil sorrir, não é fácil mudar velhos hábitos, não é fácil fingir que está tudo bem quando não está, não é fácil querer gritar do nada e se calar ou chorar sem parar mais porque o medo toma conta em questão de segundos e tudo parece escurecer sem precedentes. Não é sobre ter pensamentos positivos, é sobre respirar e aceitar. É sobre conviver e se levantar novamente, não importa quantas vezes cair. É saber que a linha tênue da loucura está em suas mãos e cabe a você se vai atravessá-la ouse vai continuar espiando por cima da linha.

Do you think of me when I leave?

 É um querer quase insano que eu tenho em segurar as suas mãos. Uma sensação de completude quando vejo seus olhos sorrindo. O seu jogo é me fazer sentir saciada somente com algumas palavras. O meu é fazer com que você sinta minha falta quando eu vou embora. Que eu martele nos seus pensamentos por dias, incessantemente. Eu já estou vencida. Quando será que eu vou vencer?

Right next to you

I’m tired and I can't sleep. It's been a while since I saw your face for the last time.

I just keep dreaming with your eyes looking at me. I keep asking myself if we crossed that line or its just my imagination.

I know you have been trouble sleeping too. For some stupid reason I can feel that.

Are our thoughts the same right now? Do you have the same vision that I have right now? Are you worried like I am? Do you feel the love that I sent to you? Can you hear? Are we clear? Clear for lift off and take off. Do you read me? 

Sleep dear, please, so I can sleep with you.

Tied to a noose

 Eu não canso de repetir que sinto demais, que meu coração pulsa insistente no peito, que sinto o ar gelado nos pulmões e tudo isso me faz sentir viva. Mas mesmo assim alguma coisa falta, que me faz tremer, querer gritar, sentir uma dor profunda no peito que faz com que o ar me falte e eu pareço estar afogando em uma piscina sem fundo. As lágrimas não escorrem, o som está preso na garganta, um arrepio que corre pelo corpo, uma vontade a qual eu não consigo colocar em palavras porque não as tenho. 

Me pergunto se essa vontade tem nome, data de nascimento, endereço e um coração aberto ou é só a minha mente me pregando peças novamente.

I only want to see you laughing in the purple rain

 Tem aquela cena brega, sabe? Eu de braços abertos, dançando na chuva de verão, você me olhando incrédulo com toda maluquice que eu exalo, mas no seu rosto já um sorriso. Um sorriso que aquece o coração. Uma palavra que quer sair de sua boca, mas seu pensamento não consegue definir. E aí, eu te estendo as mãos e te trago pra esse mundo onde podemos voar. 

Mas a realidade me traz outra cena. O meu olhar fugindo do seu, meu coração apertado com um nó na garganta quando eu cruzo sua porta. As lágrimas que me escorrem sem esforço enquanto sigo meu caminho pra casa.

Eu poderia me entorpecer pra viver a cena brega sem limites. Porque ela me traz esperança, paz, um amor incondicional. Mas a realidade também me traz aquela memória afetiva do cheiro que exala de você. Da ternura do seu abraço. Do carinho no seu olhar. E a realidade dura uma eternidade, mas acaba.

Eu não consigo viver sem as duas cenas. Eu não consigo viver sem imaginar um dia você no meu mundo por inteiro. Não tenha medo. Nessa loucura saudável eu sei me equilibrar.

I wanted to break

Eu não tenho medo de perder o controle. Eu tenho medo de que a escuridão tome conta da minha alma. Tenho medo de perder a intensidade que paira sobre minha vida e toma conta de mim quando um sorriso faz com que as lágrimas escorram sem esforço. Ser firme ao falar não me torna uma pessoa dura, meu jeito de expressar meus sentimentos com minha voz pode ser um pouco assustador. Mas na verdade por dentro eu sou ainda aquela menina tímida que tem vergonha de dizer algo errado, que não sabe se comportar frente a uma situação desconfortante, desastrada e desajustada. Eu sou essa fortaleza por fora, mas dentro há algo tão sensível que nem eu mesmo sei como colocar pra fora. Eu tento ser alguém melhor todos os dias, melhor com os outros, melhor comigo. Cansei de me maltratar. 

Going nowhere

Ser intensa faz parte da minha natureza. Dar vazão a loucura faz parte desse processo. Há algo dentro de mim que faz com que eu sinta demais. E por mais que eu tente, não consigo controlar as emoções que afloram em minha mente racionalmente. Meu mundo foi feito pra sonhar. A agua que rege minha vida deseja molhar a terra e nela ver belos frutos crescerem. Para que um rio corra, a sempre um leito pra conter o turbilhão que as cheias podem provocar. É um querer usar essa argila pra fazer uma bela escultura sólida, ou simplesmente deixar com que a água siga calmamente num fluxo de cheias e de secas. Minha intensidade quer quebrar essa fortaleza que existe no mundo real. Quer misturar aquilo que faz os pés ficarem sem medo ao chão e flutuar num rio com curso definido e destino sem fim:

Running up that hill

 If I only could, make a deal with god

Eu não sei o que pediria. Na verdade não sei o que falta. Falta um sentimento que me enlouqueça, me tire do chão, me faça sorrir com lágrimas nos olhos. Algo que me de aquele frio na espinha, que me arrebate em pedaços que não conseguirei reconstruir e que me leve num vendaval de ilusões que não quero esquecer. Um carinho torto, uma palavra de conforto, um sorriso leve nos lábios. Uma mão segurando a outra com firmeza. Um passado sombrio pra finalmente deixar pra trás. Um arrepio na pele, um calor e um desejo sem controle. Não quero não ter problemas pra resolver. Se eu pudesse fazer um trato com Deus, pediria um amor sem limites, sem fim, sem fronteira, sem certo ou errado. Um amor sem pressa, sem arrependimento, sem decepção. 

Como home to me

Você me arrebata o peito, boca, pernas, lábios e pelo. Me faz lembrar que o ser humano é instintivo e exala pelos poros um odor que só o cérebro consegue distinguir. Um abrir e fechar de olhos em câmera lenta, um andar felino. Aquele cruzar de pernas e ajeitar os braços num desconforto quase reconfortante de se expressar.  

Moonlight sonata

 Um coração despedaçado pode produzir algo surreal. Uma alma dilacerada pode se entregar sem medo ao sombrio e mesmo assim soar maravilhoso. Uma lágrima que escorre pela rosto pode transformar uma fraqueza em resiliência. Ainda que a dor atinja em lugares que não posso controlar, algo que ainda me machuque ou mexa comigo ao ponto de sentir uma dor física sem explicação, eu a encaro de frente e tento com todas as minhas forças me livrar dela. Como? Deixando com que ela me jogue no chão e eu a encare com toda força que eu possa ter. O que está feito, não se pode voltar atrás. Numa história ha dois lados e o meu lado foi permitir com que o mundo me chutasse a boca e cuspisse na cara. Mas eu me reergo e apesar das rasteiras eu continuo cambaleando e querendo encontrar aquilo que me conforte, me complete, me de um alívio no peito e na alma. Alma que quis fugir do meu corpo, mas eu a puxo sempre pra dentro, pra que ela sinta, tudo aquilo que devo sentir. Dos olhares escondidos até os abraços mais fraternais. Um afago, uma palavra de conforto, um carinho. Eu preciso ficar atenta aos sinais, só estou esperando eles invadirem essa alma pronta a recebê-los. 

I’m blind

 Quando essa hora vai chegando, eu só sinto uma saudade apertada no peito, e dizendo que tudo poderia ser diferente se eu não sonhasse mais do que a minha consciência deve. E eu ainda sonho cada vez mais em passar minhas mãos sobre seus cabelos, em entrelaçar meus dedos com os seus e poder medir com meus olhos os traços do seu rosto. Você dorme em algum lugar e eu só queria velar seu sono por alguns minutos. Não fuja dos meus pensamentos, estou de peito aberto pra receber tudo o que seu universo quiser me dar.

Darkness Fade

 Será que o eclipse juntou nossos olhos voltados ao céu em um mesmo propósito? Eu pedi um segredo e que ele fosse soprado em seu ouvido. E que bem de leve o vermelho da lua pudesse tocar sua pele, te fazendo dar um suspiro longo e um arrepio bom de saudades no seu corpo. Por algum momento eu quis que minha alma se desprendesse do corpo e pudesse tocar a sua, dançando sobre o céu cheio de estrelas e nuvens. Repousa e sonhe um sonho bonito, um sonho onde todas as suas vontades sejam realizadas.

Silver Lining

 Eu sinto a falta de saber que respiro ao mesmo tempo que você. Sinto falta que nossa única conexão seja um momento específico em que meu pensamento conecta com o seu, por um segundo que seja. Será que eu ultrapassei a linha do certo? Será que me precipitei e fiz um movimento que assusta, te fere, te da medo, faz com que você fuja de mim? Meu coração diz que eu te espantei. E não faço ideia porque eu fiz isso. Será que foi meu inconsciente que fez esse movimento, sem querer? Tudo que eu tenho é amor, é carinho, é vontade de só de segurar em suas mãos sem ter medo. Eu não quero te magoar, não quero te fazer sofrer, nem te envergonhar. Só quero deitar a cabeça no seu peito e sentir sua respiração movimentar minha cabeça, enquanto eu cruzo meus dedos nos seus e fecho meus olhos pra dormir. É essa paz de espírito, essa sensação de preenchimento que eu sinto nesse momento que eu imagino que minha alma conecta a sua que eu quero carregar pra dentro do meu peito. Eu continuo com as mãos estendidas. Não se vá pra muito longe. 

River rage

A madrugada sempre foi meu refúgio. O lugar onde me sinto mais segura e mais tranquila, talvez até mais produtiva. E mesmo depois de um ano me entorpecendo pra dormir, eu ainda sinto um acalento quando vejo o relógio bater meia noite e ir correndo desenfreado até o dia amanhecer. 

Gosto do escuro, aquele breu que se da as três da manhã em ponto. Se é uma hora sagrada eu não sei. Pra mim é a hora que o sono bate, me derruba e me faz feliz. Nessa hora entre o sono eu consigo me conectar com pensamentos que escondo do mundo. Falo com fantasmas que existem no meu inconsciente. Conto toda minha vida pra alguém que não existe, mas tá lá todo dia pra me ouvir.

Pode chamar esse alguém de solidão. Eu chamo de amigo.

Are you death or paradise?

 Você parou de povoar meus sonhos, minha vida e minhas esperanças. Onde está sua alma que se perdeu? Fui eu que deixei você escorrer pelos meus dedos ou é só meu pensamento que não te atinge mais?

Como ir sem jeito dolorido aos céus

Qual medo te aflige quando você não faz o movimento de se aproximar de mim? Você claramente me deixa sinais ou tenta me deixar sinais de forma sutil. Eu tento te acessar, de uma maneira não tão sutil. Eu tento te trazer pra perto, pro meu mundo maluco que você já conhece. Do pior ao melhor, tudo que eu espero é cair em seus braços, de olhos fechados, sentir o seu cheiro e sua mão escorrendo pela minha cintura. Pode se prender nas minhas mãos, eu não vou te ferir, nem te sufocar. Na minha intensidade, a loucura às vezes se faz presente.Mas quando eu me entrego a fazer quaisquer coisa, simplesmente sou capaz de lhe mostrar que a vida é muito maior do que somente uma rotina que nos faz nascer, viver e morrer, em um ciclo monótono e com fim. Onde o viver se torna a parte mais interessante disso tudo.

 

My life on the line

 Eu tento te deixar sinais e penso que você os entende. Sua inteligência supera qualquer expectativa que eu possa criar. E pra me ajudar, a semana toda eu sonhei com você. Sonhei com suas mãos tocando as minhas. Sua risada, seu sorriso, seus ímpetos e a segurança que você me passa sempre quando está por perto. 

Essa coisa de confiança é surreal. Pensei essa semana na brincadeira de se jogar pra trás e tirei a conclusão de que eu me jogaria de olhos fechados nos seus braços, pois depositei uma confiança e uma sensação de paz em você que eu nunca senti antes. 

Eu entreguei as minhas sombras nas suas mãos. Eu sou capaz de entregar tudo o que tenho de mais íntimo a sua alma.

Stare back at me

 Eu não aguento mais as pessoas me dizendo: não pense assim, não aja dessa maneira, não vá por esse caminho, tente não pensar desse modo, não pode se estressar com isso, não pode agir com esse ímpeto. 

Quem sabe por todo o processo que eu passei e me transformou fui eu. Eu tô cansada de gente não saber como foi o meu pior pra me julgar e dizer o que eu devo e não devo fazer. 

Estou cansada, querendo me enfiar em uma concha e ficar trancada nela por um tempo, onde eu não possa mais ouvir a opinião de ninguém. 

Eu não consigo ouvir meus próprios pensamentos. Eles só fazem um ruído incessante na minha cabeça. Eu não consigo ter paz e serenidade pra enxergar o que está dentro de mim. Não consigo ordenar nada porque me sinto podada de todas as maneiras.

É querer gritar o tempo todo pra ver se alguém simplesmente para e me ouve. Para de me atravessar e me vê normalmente. Eu brinco com a insanidade, mas não estou louca. 

Não posso praticar espontaneidade, não posso ser eu mesma, não posso falar ou agir como eu realmente quero, porque tem sempre alguém me julgando. Fazendo com que eu me sinta menor do que eu realmente sou.

CHEGA! Eu preciso de um pouco de serenidade e tranquilidade! Eu tô cansando de ser o que os outros querem que eu seja ou que eu me comporte de uma maneira que lhes agrade. 

Eu vim nesse mundo pra ser o que eu quero, pra sentir o que eu sinto, pra me doar por inteiro em tudo o que me proponho a fazer. Eu não permito mais com que o mundo tente cortar as asas que eu criei pra voar. Nem a intensidade a qual escolhi viver a minha vida. 

Eu não preciso disso. Preciso de soma, não de subtração. 

Collapse into never

Ele se sentou ao lado dela, sorridente e encostou a sua mão gentilmente sobre sua perna, até que lentamente subiu até os seus joelhos e encontrou sua mão estendida, com a palma virada pra cima, esperando que seus dedos entrelaçassem com os dela. E ele o fez discretamente. Aí se levantou, e riu com uma piada idiota que ela soltou

- ah,  eu te amo - ele disse ainda com os olhos semi cerrados e o sorriso largo no rosto

- e quando você vai admitir isso de verdade? - ela ainda lhe disse rindo

- quando você parar de ter medo do que sente e me dizer claramente aquilo que eu sei quando olho em seus olhos, bem profundamente.

- mas você já me viu o meu pior, como posso confiar? - ela ainda sorriu desconcertada

- pois foi no seu pior que eu vi toda força que você emana a- ele disse sentando longe dela 

Ela levantou, sentou-se ao seu lado e deitou sua cabeça em se colo. E passou ali minutos, conversando em silêncio e repetindo mentalmente que o amava e até com que ele pode sentir sua força novamente. 

Will you give in?

 Tem horas que eu tiro forças das entranhas pra não cometer loucuras que meu cérebro pede a todo instante. Eu tenho deixado sinais. Eu tenho feito tudo o que está no meu alcance. Eu tenho tentado ser pró ativa nesse jogo de te querer mais do que eu consiga compreender. Quando esses mundos irão colidir? Quando a vontade vai parar de ser uma ilusão e virar uma realidade? Quanto mais eu tenho que me expor pra que as certezas te atravessem como um furacão sem deixar um tijolo em pé? Eu me sinto desnuda e frágil ao mesmo tempo que me cimento ao chão pra não voar junto e me perder no propósito. Eu sei que você me vê, mas quando será que vai admitir que me enxerga?

Infinito particular

Um ano completo em que comecei a passar pela maior transformação da minha vida. Adoecer me fez perceber que um dia a fortaleza que eu construí em volta de mim ruiu com uma infiltração de pequenas gotas que foram saindo, até explodir em uma enxurrada de emoções que alteraram a minha mente e meu corpo de forma explosiva. Eu chorei, enlouqueci, senti medo, dor e solidão. Meu coração quis despedaçar e se manteve firme ao mesmo tempo que parecia que me apagaria em milissegundos. Eu precisei procurar ajuda quando admiti que estava doente. E rastejei muitos meses até conseguir me levantar com as pernas bambas. Poucas pessoas me viram no meu pior. E todas me seguraram nas mãos e me ajudaram a me por de pé. Uma me carregou no colo, outras me ouviram, outras me ensinaram a ter controle sobre os meus pensamentos e outra entrelaçou os dedos na minha mão e fez com que eu não sentisse medo e me deu a total confiança de que o processo era lento mas ia dar certo em algum momento. Tive pouco contato com o mundo de fora por meses. Tive que aprender a me ouvir, a me aceitar, a entender meus traumas, a expulsar meus demônios, a entender o que quero ou não pra minha vida. Que a palavra não e a palavra sim têm uma força absurda e transformadora. Poucos me abraçaram e passaram as mãos em minha cabeça, com intuito de me mostrarem que eu ia conseguir ser alguém novamente. Quando eu sai pro mundo, sai cheia de insegurança e de uma transformação intensa que eu não sabia se seria capaz de conseguir me manter sã. Uma mulher cheia de sentimentos apareceu, a qual não tem mais medo de se expressar, chorar, sorrir e procurar felicidade em qualquer oportunidade que aparece em minha vida. Pode ser que sim eu aprendi a olhar pra dentro e identificar sinais aos quais eu nunca aprendi. Pode ser que eu não tenha medo de ser clara com as palavras ou criar metáforas pra que elas atinjam um objetivo específico. Mas não tenho mais medo de contar meus segredos e nem de lançar olhares misteriosos a quem quero atingir. Meu grande objetivo agora é nunca mais sentir solidão. Eu só quero me sentir viva, completa, feliz comigo mesma e poder fazer com que alguém esteja disposto a viver meus sonhos loucos, sem ter medo de mim. Não sou mais fortaleza. Sou porta e janelas abertas pra que o sol entre dentro de mim todos os dias

Não se perca ao entrar

 Qual movimento eu devo fazer pra acessar sua mente? Como eu devo me comportar? Quais as melhores palavras pra que eu consiga dizer em código algo que vc decifre prontamente? Será a falta da minha expressão corporal? Ou sera o excesso? Onde tudo isso vai chegar? Eu quero poder te atingir profundamente no peito como um raio perdido no meio do mar. O que eu faço pra poder puxar as pontas dos seus dedos pra que você viva essa insanidade comigo?

Big in Japan

 É uma mistura de sentimentos borbulhantes dentro do meu peito. Ao mesmo tempo que eu peço respostas do universo pra tudo, eu as recebo, ouço, mas tem algumas que me machucam mesmo assim. 

Eu estou em fase de ebulição, pronta pra abraçar a vida. E a rasteira vem de uma forma tão maluca que eu não consigo nem enxergar de onde ela apareceu e me derrubou por completo no chão. 

Eu só sinto o nariz melando e o sangue escorrendo quente pelos meus lábios, de um gosto amargo misturado com a areia que eu aspirei do asfalto. Esse se mistura com o salgado das lágrimas, fazendo com que eu lembre que jurei a mim não derramá-las para o que não fosse importante.

É tão fácil me machucar. Tão fácil me fazer sentir um completo nada, um vazio no espaço que ninguém da importância. O meu sorriso se perde e eu perco cada vez mais a fé que tenho em mim.

Mais fácil ainda é zombar da minha condição de estar destruída. De saber que eu habito esse lugar sombrio onde minha mente sente até um certo conforto. Mas no fundo eu só estou cansada.

Cansada de tentar a todo custo procurar uma fagulha que seja de felicidade. Nem no certo e nem no errado. Me encher de falsas esperanças, de andar em caminhos tortuosos e enlameados, onde meus pés grudam e eu tenho que fazer uma força extraordinária pra mexer qualquer membro do meu corpo.

É um estar flutuando em uma piscina cheia de folhas que grudam na pele e entram com suas raizes cortando a carne que já está mais que dolorida de tanto apanhar.

Eu grito a Deus, ao vento, a noite e ao universo aos plenos pulmões me perguntando o que eu fiz pra me sentir tão humilhada frente ao mundo dessa maneira. Só o silêncio me responde. E geralmente a resposta é sempre a mesma: você não vale o pensamento e nem a empatia de ninguém. 

Lutar com perdas ao longo de toda a minha existência é o que tenho feito com maestria. Se eu não me entupo de psicotrópicos, me entupo de nicotina e glicose. Me entupo de imagens irreais, de vontades podadas, de conversas que talvez nunca irão existir. 

Um tremor de terra me derrubou no chão e me quebrou em mil pedaços. O mundo não tem dó de pisar em cima deles, e esmigalhar o que eu tenho tentado juntar. Não sobrou quase nada. Um monte de migalhas mal-ajambradas que eu colo com cola grosseira. 

Qualquer um que me ver de fora vai reparar que não tenho muito a oferecer. Só a minha dor ou a minha melancolia constante. E no fundo tudo o que eu peço é só um colo pra me deitar e descansar finalmente. Eu só quero parar de sentir solidão. Será que eu não mereço? Só o tempo dirá.

Cleared for the lift off

Cheguei os 42, com uma maturidade que nunca achei que chegaria. Ainda tenho uns tropeços, ainda reconstruo um tijolinho por dia. Mas definitivamente eu sei o que quero e o que não quero. Há dias atrás, eu escrevi um mini texto que uma angústia sufocante que pairava no meu peito:

"Eu vivo pisando em espinhos que me deixam machucada. Meus pés saem feridos e eu sangro tanto quanto sinto minha alma se esvair pelos dedos. E está tudo bem despedaçar minha alma e me expor a dor. São nesses momentos em que meu coração pula incessantemente no meu peito, parecendo que sairá pela boca. Tudo de repente parece parar e eu me sinto mais uma alma perdida no meio de tantas. Um corpo que virará cinzas e que não deixará marcas na vida de ninguém."

Mas hoje eu recebi tanto carinho de lugares tão inesperados, e tanto amor de pessoas que estão comigo, que eu só tenho a agradecer ao universo toda essa energia boa que chegou até mim. Com certeza, em cada pequena palavra, ouvir que você é relevante, especial e admirável por alguém, faz o coração encher de alegria.

Alegria genuina, não aquela alegria ególatra, nem aquela alegria pedante. Alegria de saber que existem pessoas no mundo as quais pude tocar, e deixei uma marca positiva.

Eu digo que hoje eu estou fazendo um ano. Há exatos um ano atrás, todo meu processo de transtorno começou. Aliás, foi duas semanas após eu fazer aniversário que eu fui parar na UPA de SAMU. e daí pra frente, o desespero só tomou conta de mim. Infelizmente essa lembrança ainda não saiu por completo da minha cabeça. Mas eu tenho certeza de que um dia vai sumir. E que eu vou ficar livre dessas amarras que me prendem ainda em um mundo obscuro e sombrio.

Maturidade é também aprender que nem tudo que acontece tem que ser positivo. E que o negativo, também pode trazer lições preciosas na vida da gente. E comigo aconteceu isso. Eu olho fotos antigas e penso que hoje estou muito melhor em vários aspectos. Fisicamente, mentalmente e livre pra me expressar sem viver em uma concha onde as coisas me afetavam e eu engolia passivamente o que eu sentia.

Hoje não tenho mais vergonha de me expressar, de dizer o que penso e nem de tomar atitudes as quais eu vou ter que encarar as consequências depois, mas não ligo. Prefiro sorrir, chorar, sofrer e me alegrar, tudo ao mesmo tempo, na frente de quem for, porque eu me permito a isso.

Cada ano, no meu aniversario eu escrevo um texto, dizendo que estou melhor. Mas talvez esse ano eu realmente abracei esse fato. Abracei essa vontade de me sentir melhor. De ser eu sem ter medo ou problema com isso. A cada dia me sinto vencer um pouco mais. Devagar e sempre.

Estou pronta pra esse novo capitulo que já começou.

Invincible

 O que é certo ou errado? Qual julgamento moral devo seguir? Não nasci pra ser bela, recatada e do lar. Nasci pra caminhar com minhas próprias pernas, aceitas minhas decisões sejam elas equívocas ou não. Mas nesse momento quero sinais que me façam feliz. Não peço muita coisa. Já joguei as convenções no lixo. Só falta um empurrão do universo.

Try better next time

 Aqui malandro não se cria mais. Quer fazer bulling psicológico, reverter a situação e me chamar de maluca, perde todo meu respeito. Já foi a fase que eu tinha medo do julgamento. Hoje a prioridade da minha vida sou eu. Amor próprio serve pra isso, pra entender que os sinais tão na sua cara, você não quer enxergar por que guarda um sentimento. Mas por mais que eu sinta, eu mereço ser feliz. Ninguém mais me prende por medo, qualquer ele que seja. 

Daily Battles

 Ele conseguia lembrar de cada detalhe dela quando a observava de longe. Os mesmos anéis, a mesma postura sentada a poltrona, o sorrir com os olhos. E mesmo assim conseguia captar outros sinais os quais ela lhe mandava nem que fosse pela força do pensamento. Mas não conseguia parar de ver o quanto tinha evoluído em todo aquele tempo. Ele só se tocou de sua fragilidade quando as lágrimas descerem pelos seus olhos negros por dois minutos, sem pudores. O que diria naquele momento? Lhe pegava nos braços ou simplesmente tentaria fazer com que ela sorrisse novamente. Ela estava ali, exposta, desnuda e sem medo de entregar seus segredos mais íntimos. Só uma coisa lhe prendia, seus princípios, mas estes, ele estava prestes a jogar fora quando lhe puxou ao seu corpo e sentiu que o corpo dela se arrepiava por inteiro. Ele sabia que o corpo falava, só não sabia como responder e ultrapassar os limites que ele se impôs a si mesmo.

Ocean to ocean

 Existe uma diferença tão brutal entre o desejo e amar alguém, que não consigo explicar nem com palavras explícitas. Por mais que o mundo te mostre caminhos para que decisões sejam tomadas, quando você se vê na encruzilhada é que percebe o quanto é inseguro e muitas vezes indefeso. Será que o caminho mais fácil vai te levar ao pote de ouro e o tortuoso a solidão? É um constante sentir o estômago virando. Infelizmente eu acredito mais no amor do que no desejo. Só peço que nesse momento os sinais não desapareçam. 

You will if you want to

A leveza e o carinho que emanam de sua alma, são inexplicáveis. Seu jeito doce de olhar e se portar, o tom suave da sua voz e a sua inteligência são arrebatadoras. Pelo seu jeito de me observar eu me pergunto, serão só vícios que você tem, ou serão esperanças jogadas no ar? Mas é na hora do seu abraço que eu me entrego por inteira e esse aperto que me conforta no seu peito é a hora que mais espero e que eu não quero que acabe nunca. São sinais? São desejos reprimidos de ambas as partes? Sou só eu que fico com os olhos vidrados naquele momento tão intenso ou isso percorre pelo seu corpo como um arrepio que não passa?

Eu tenho mil perguntas sem resposta. Mas tenho mil respostas sem perguntas. Pois eu sou transparente e faço essa conexão com o seu pensamento. Eu quero incessantemente acessar essa parte do seu cérebro que talvez seja primitiva, sem muitas conexões ativas. E eu te conto em silêncio minhas inseguranças e percebo que você consegue captar meus movimentos.

Mas o mais interessante de tudo é sua mão envolvendo minha cintura e seus braços me puxando contra seu corpo, sem medo, sem pudores, sem maldades. E eu sinto que você sabe o que acontece dentro de mim de uma forma tão profunda que não tem explicação plausível. 

E só quero conseguir acessar a sua mente como você já acessou a minha. Quero que o pensamento lateje ao ponto de que você entenda que tudo o que represento é verdadeiro . Quero te carregar pro meu mundo puxando pelas pontas de seus dedos, da maneira mais suave possível. 

Quero me libertar desse impasse e sorrir ao encostar minha cabeça na sua numa tarde despretensiosa de verão. 

No restrains

 Eu digo a mim todos os dias pra não criar expectativas sobre algo que não tenho controle, mas meu coração é rebelde e minha vontade corre descontrolada dentro de mim. E no meio entre o estar consciente e anestesiada eu só deixo acontecer, pra que alguma vida pulse em mim.

Just cause you feel it, doesn’t mean it’s there

Será que esse mundo anormal que existe em minha cabeça te encheria de arrepios o mesmo tanto que me enche de arrepios a ideia de compartilha-lo com voce? 

Nesse mundo não tem riquezas, nem aparências, nem lugares paradisíacos, mas tem uma música pra abraçar, uma pra enlouquecer e outra pra dançar sem ritmo até cair no chão. 

Dificilmente eu vá me conformar que a vida é um bocado de coincidências. E só o fato de amar o seu sorriso e a sensação de paz que sinto nesse momento muda tudo. 

Que acidente estará esperando pra que nossas vidas aconteçam?

But darling, you are the only exception

 Eu entendo e aceito os sinais impostos pelo universo. Eu aceito e entendo as mensagens nas entrelinhas que o silêncio discreto mostra em detalhes. O pensamento é real, só preciso distinguir em qual lado o chamado da alma é mais intenso.

And they were sharp

O mundo não consegue entender metáforas. Você diz que está pronta pro amor, que necessita de alguém pra te confortar no meio do furacão que se encontra e todo mundo acha que você pensa em suicídio e depressão. Não é sobre isso. É sobre querer sentir a pele de alguém, em específico claro, mas estar disposta a aceitar e enfrentar o mundo por um amor. Quando eu digo aonde meus gritos irão chegar, é porque suplico que chegue em seus ouvidos. Porque eu posso me distrair e tentar te esquecer, mas não consigo. Essa é a minha realidade. Sua imagem não some da minha mente e nem o seu sorriso. Nem o carinho que eu sinto por você. E tudo estava bem, mas você desapareceu. Eu só sinto falta, mais nada. Não quero dor e nem sofrimento. Só quero um minuto do seu pensamento.

I’ll be waiting, patiently

 Eu sinto como se estivesse flutuando e alguém, de repente, tivesse me puxado com toda força pra baixo, fazendo com que todo ar fosse sugado da minha cabeça, me deixando com tontura e uma pressão que tirou toda nova consciência que vinha crescendo. 

Não vou mentir pra mim. E não mentir pra mim tem sido algo libertador, já que, dessa maneira, eu não preciso fingir demência de que as coisas não estão bagunçadas na minha mente e que eu não estou novamente brincando com a insanidade.

Mas, além disso, não mentir a mim, fez com que eu tivesse mais respeito com a minha verdade e a minha falta de normalidade. Eu não acho q seja um problema flertar saudavelmente com a insanidade. Eu acho um problema fingir que a insanidade não existe, ou romantiza-lá, como fiz por muitos anos. 

Eu não ligo mais por não ser convencional. Não sou mais apegada a padrões ou as críticas alheias que são me impostas. Eu só busco um pouco de felicidade nesse mundo cinza que paira sobre a minha vida. 

Ira

 Kaius entrava dentro do galpão. Quando viu Thiago e Guilherme sentados em uma mesa, em frente a um computador, não pensou duas vezes e foi até os dois, gritando sem nem fazer muito esforço.

 

-ONDE ESTÁ AQUELA VADIA? ONDE ELA ESTÁ? – os olhos vermelhos de Kaius pulsavam, era capaz de arrancar a cabeça de qualquer um se lhes dissessem que Karen não estava naquele lugar. Era uma possessão que tinha por ela e desde que a tinha transformado, nunca tinha sumido sem lhe dar notícias. 

 

E mais do mais, tinha descoberto que Jonas foi pego no bordel. Eva tinha ido pessoalmente ao bar requisitar uma audiência com Kaius, disse que era importante e que tinha a ver com Karen. Kaius, pra não perder o disfarce, decidiu falar com Eva. Essa, enfurecida por ter perdido o rapaz que rondava seu bordel, requisitou seus serviços, e os de Karen.

 

Thiago e Guilherme não sabiam muito bem o que responder, Guilherme sentia um pavor nunca antes sentido e Thiago segurava em seu braço, com medo que ele liberasse a besta.

 

-Sr. Kaius, por favor, se acalme – disse Thiago, no ponto mais alto do seu autocontrole – ela mandou uma mensagem hoje, dizendo que estava em missão com o Sr. 

 

-Missão? Eu não dei nenhuma missão pra ela! – disse Kaius colando suas mãos na mesa – quase duas semanas que Karen não me atende, não me reporta o que está acontecendo. Me diga, onde ela está? Me fez sair do refúgio, sabe o que é isso, rapaz? ME FEZ APARECER PRA UMA FIGURONA DA CAMARILLA QUE QUER A CABEÇA DE SEU ASSAMITA!

 

Do lado de dentro do quartinho, Jonas se levantou quando reconheceu a voz de Kaius. Saiu já com intenção de lhe esmurrar a cara se fosse preciso. De todos os vampiros que Jonas tinha conhecido, Kaius era o que mais lhe causava ódio.

 

-O que está acontecendo? – disse Jonas ao ver o Brujah intimidando os amigos.

 

-Ora, ora, ora, se não é o Assamita mais famoso desse planeta – disse Kaius com toda ironia que lhe cabia e um sorriso de escárnio – é então você que corta cabeças como ninguém? Mas perdeu isso no bordel de Eva? – e jogou a cimitarra de Jonas pelo chão

-Eu não sei do que você está falando, mas não posso negar que se eu precisar cortar cabeças, eu tenho uma precisão cirúrgica – disse Jonas se aproximando de Kaius – mais do mais, aqui ninguém cuida da vida de ninguém, Karen saiu sem dar explicações há mais de uma semana – e se abaixou pegando a cimitarra

 

-Sr. Kaius, como eu lhe disse, a gente não sabe onde Karen se enfiou. O que ela escreveu foi que foi lhe encontrar pra uma missão, e só – e Thiago se levantou indo ao encontro de Jonas, prevendo que algo muito ruim pudesse acontecer

 

-Mas se ela não está com o Sr., pode estar correndo perigo então? – disse Guilherme querendo apartar a situação – Tivemos um contratempo semana passada e se Eva? – e Guilherme olhou pra Thiago querendo uma deixa

 

-Impossível, ninguém reconheceu vocês lá – disse Thiago desconversando

 

-Foram vocês que foram resgatar esse aí? – disse Kaius – perderam a cabeça? Podiam ter sido mortos! Eu podia estar sendo caçado pela Camarilla! Eu te disse, lobinho, que se me fodesse eu arrancava sua cabeça fora! – e Kaius bateu a mão na mesa

 

-Tivemos uma missão no encalço da Shyvare, Sr. Kaius, lá no bordel de Eva, só isso. Tivemos um contratempo com Jonas, nada pra se preocupar. Mas Karen não foi reconhecida no local, disso tenho certeza – disse Thiago não querendo contar sobre o resgate de Jonas

 

-Sr. Kaius, vamos conversar. Podemos achar Karen – disse Guilherme – e se ela tiver correndo perigo, a gente....

 

-Perigo? – e riu Kaius – Karen não corre perigo, é uma raposinha, sabe se virar. Mas se aquela vadia está fazendo o que eu imagino o que ela está fazendo, eu mesmo vou lhe arrancar os dentes! – disse Kaius saindo enfurecido do galpão – EU PRECISO DELA PRA ONTEM, ENTENDERAM?

 

-Vai ver ela está é fugindo do Sr. – disse Jonas, louco por uma briga, querendo arrancar a cabeça de seu concorrente

 

-O que você disse, rapaz? – e Kaius voltou a Jonas, seus olhos mudando de cor

 

-Jonas, por favor – disse Thiago baixo aos seus ouvidos – o que te deu?

 

-Sabe quem é Karen? – disse Kaius já fora de si, colando no rosto de Jonas – Uma prostituta! É isso mesmo, ela não contou pra você? Pois então, Karen se vendia pra comer e se drogar! Ela é só uma prostituta e viciada. Ela não tem sentimentos, não se apega a ninguém. Não tem disciplina, não tem respeito nem por ela mesma! Sabe onde ela deve estar agora? Trepando com um qualquer e usando heroína!

 

Jonas ao ouvir todas aquelas coisas tentou bater em Kaius que com um só golpe o derrubou no chão. Thiago se interpôs no meio dos dois e segurou Jonas que já se levantou com a besta guinchando dentro dele. Thiago numa fração de segundos tocou o rapaz e o mesmo voltou ao normal.

 

-Tá apaixonado, seu merdinha? – disse Kaius olhando bem nos olhos de Jonas – Karen é minha propriedade. Eu a fiz, ela é minha e ponto. E eu vou arrebentá-la em mil pedaços quando eu acha-la. Porque ela sabe muito bem que de mim ela não pode fugir. E você, vai ver o que é uma ira Brujah. Não se mexa daí – disse Kaius sem tirar os olhos dos olhos de Jonas 

 

-Sr. Kaius, não precisamos brigar. Se o problema é Karen, eu mesmo vou trazer ela de volta – disse Thiago que olhou pra Jonas imóvel, com o olhar mais enfurecido que ele já tinha visto o amigo

 

-É melhor vocês a acharem antes de mim e sumirem com ela, porque vou matá-la

 

Kaius abriu o porta malas de seu carro, tirando um bastão de baseball, indo até o carro de Jonas e destruindo todo ele. Thiago e Guilherme ainda se olharam, mas não fizeram nada, com medo que o Brujah matasse todos. Jonas via a cena e imóvel não podia fazer nada. Kaius saiu então em seu carro, cantando o pneu. Jonas, que era uma raiva só, não podia se mexer. Thiago se prostrou na frente do amigo, prestes a tocá-lo novamente.

 

-Não faz isso tio – disse Jonas numa voz sombria

 

-Jonas, precisamos ter calma agora. Não sei o que deu nesse homem – disse Thiago

 

-Deu que ele acha que é dono do mundo – disse Jonas – acha que pode intimidar a todos só porque tem força física, mas o que ele fez vai acabar, e eu vou atrás dele, arrebentar com aquela cara que ele tem

 

-Jonas, não vai não – disse Thiago

 

-Eu vou até o inferno se for preciso – disse Jonas que já era tocado por Thiago quando percebeu que o amigo se movimentou

 

-Não faz isso tio, me deixa ir – e as lágrimas escorreram pelo rosto de Jonas, que só queria socar Kaius e segurar Karen nos braços – porque eu? Eu só quero paz, eu preciso...

 

-Ele tem ciúmes, é isso. Posso ver nas cores que emanam dele – disse Guilherme se aproximando dos dois – Karen é desajuizada, mas lá no fundo sente algo por...

 

-Guilherme...não... – disse Thiago, não querendo que Guilherme alimentasse esperanças enlouquecidas ao amigo, ainda mais depois de tudo o que Kaius disse sobre ela

 

-Não Thiago, Jonas precisa saber. Eu não entendo muito do que vejo, mas sei que quando Karen se aproxima de você, algumas cores emanam dela e de você também, mas ainda não entendo de todas elas...

 

-Procura o Azul, Guilherme, tenho certeza que essa é a cor que sai de mim, quem sabe dela um rosa... – e Jonas saiu ao lado de fora, pra olhar a desgraça que Kaius tinha feito com seu carro

 

-Como é que ele sabe dessas cores? Dela saem outras também... – disse Guilherme a Thiago

 

-Leia e você vai entender. Mas tente não usar esses poderes na gente, só quando precisar – e Thiago se levantou indo atrás de Jonas

 

-Eu sei que você já sabia, tio – disse Jonas sem tirar o olho de seu carro

 

-Desde o dia em que lhe vi, olhando pra ela nos olhos, sorrindo sem parar... – se aproximou Thiago

 

-Eu sou um burro, eu sei, mas foi mais forte que eu...

 

-Não foi burro, Jonas, só exacerbou uma paixão humana, demonstrando que ainda tem um ser aí dentro, que não é um completo assassino em série, o que me alivia, de uma certa maneira...

 

-Ela nunca vai querer esse ser estúpido – dizia Jonas friamente – um fraco, paspalho, que conhece tudo sobre informática e por conta disso, perdeu a mulher que amava e se tornou nesse monstro vil...

 

-Não se culpe tanto, Jonas. O que aconteceu já aconteceu...

 

-Por culpa minha, tio. Manu morreu porque quis ser curioso demais. E ela pode morrer porque fui alucinado demais, entrei naquele lugar, e me deixei ser pego. Queria esquece-la, esquecer que tinha caído nos braços daquele homem que saiu daqui achando que era o dono de todos nós. E agora ela some e por minha culpa – disse Jonas ainda com as lágrimas lhe pintando o rosto

 

-A gente não escolhe se apaixonar, Jonas, por ninguém. Se a culpa é de alguém, é minha. Eu te trouxe pra essa. Eu fiz vocês dois se conhecerem. Não podia imaginar que a fúria e a obsessão desse Brujah fossem tão grandes.

 

-Aquele maldito ainda vai sangrar na minha espada, Thiago.

 

-Esquece isso Jonas. Deixa que eu cuido dele depois. Vamos procurar Karen.

Would you like my mask? Would you like my mirror?

-Quando o mundo vai parar de me olhar torto, só porque penso diferente?

-Quando você parar de ser idiota e dar ouvido mais ao seu instinto que as circunstâncias - disse a mulher de cabelos vermelhos deixando seu rosto encoberto pelas mechas mais escuras que lhe caiam sobre os olhos

-Mas não faço o suficiente nunca, o mundo não parece satisfeito com o que sinto ou o que falo, como se tivesse o tempo todo que provar que sou verdadeira, que minhas convicções são genuínas

-E o que você tem tanto que provar a alguém? - ela disse a olhando fixamente nos olhos, negros como uma pedra de ônix

-Não sei. Sou o tempo todo cobrada, pela sociedade, pela vida, pela família, pelos amigos...

-E você? O que acha? - ela perguntou firme

-Acho isso tudo um saco - respondeu a garota num choro contido, quase imperceptível 

-Se acha um saco, porque se deixa levar pelas convenções alheias? - lhe disse cruzando as pernas, e as abraçando com os braços desnudos

-Porque não me sinto totalmente liberta, me sinto insuficiente e não convencional

-Não convencional ao que? Aos padrões de alguém? As frustrações que os outros jogam nas suas costas? Você ja se olhou hoje no espelho? - disse a mulher ainda mais firme

-Não tenho coragem... - disse a garota com sua cabeça baixa, a franja lhe cobrindo metade do rosto

-Pois se olhe e veja quanta beleza e espontaneidade existe em ti. Quem disse que você não pode, não deve e teme, te corta as asas mais belas que você fez crescer ao longo de todos esses anos. O que mais você precisa pra acreditar nisso?

-Não sei, me olho no espelho e vejo um amontoado de defeitos - a garota deixou as lagrimas cairem sobre seu colo

-E quem não tem defeitos? Lindo de morrer ou não, todo mundo é cheio de defeitos. 

-Mas eu não sou capaz de ter o que quero

-E quem te disse isso? Jesus encarnado ou o Diabo te atentando? Pois eu conheço os dois e nenhum deles perderia o tempo tentando explicar o óbvio pra um simples mortal, que ninguém é menos pra não desejar aquilo que quer...

-Mas sao só sonhos....

-FODA-SE - disse a mulher de cabelos vermelhos, dando uma gargalhada que ecoou por todo o quarteirão - quem não sonha não vive, não deseja, não tem tesão, não tem vontade de viver, e você, tem tudo isso

-Mas e as aspirações adolescentes? O futuro que não chega nunca? - disse indignada a garota

-Chega de ladainha. Os adultos não são mais nada do que aquilo que eles amaram quando eram adolescentes. Escutam as mesmas músicas, amam os mesmos filmes, mantém tradições de quando cresceram e não sabiam o que fazer da própria vida. Já o futuro, só você pode controlar com as rédeas nas suas mãos. Não deixe as rédeas na mão de ninguém. Não endureça, pois seu espirito se perde e não sabe mais voltar pra casa - disse a mulher com a maior calma

-Então eu posso? Posso o que eu quiser? - disse a garota, cheia de esperanças

-Pode, deve e fará -  e ela lhe olhou com um grande sorriso, enquanto seus olhos negros brilhavam sob a luz fraca da lua 

I need to be alone, while I suffer

 A decepção é algo que faz com que você caia num buraco tão escuro e tão enlameado de pensamentos ruins, que não te traz nada além do vazio. Pra completar, a solidão se apresenta e te mostra que por mais que você lute contra ela, ela tá ali, todos os dias te cercando e te rondando, sem te dar trégua. 

Meu coração já despedaçado se aperta e parece querer explodir no meu peito, nas artérias cerebrais, fazendo com que meu estômago pule de um sofrimento dolorido que não cessa. Sofrimento que eu vou ter que carregar comigo até os últimos dias.