quarta-feira, março 30, 2016

Ground

"Alguma coisa era diferente. Não podia definir se era o cabelo ou o brilho no olhar, se era a voz ou a expressão feliz em seus lábios.

Será que o tempo era diferente e nos encontrar seria peça pregada pelo destino? E por mais que eu quisesse disfarçar, eu queria perceber cada detalhe de seu rosto.

Ou então lembrar da última vez que olhei diretamente para seus olhos, com receio de que o mundo mudaria muito rápido para que eu pudesse acompanhar.

Tudo o que eu queria naquele momento, era ter sentado ao seu lado, pra conversar sobre banalidades. Pra ter esquecido que tudo ia ser complicado.

Mas minha vida continuou na mesma e eu sabia que você iria pra um lugar onde não poderia te acompanhar com minhas pequenas emoções.

Não sei se elas ainda são pequenas. Nem sei se algum dia elas existiram, mas posso sentir que a vontade ainda existe.


Volte, sempre."

Sins


Onde você está agora, que não em meus gritos surdos, que não na minha despreocupação aparente, que não pode tirar de mim os pecados que insisto em ter.

segunda-feira, março 28, 2016

Behind Blue Eyes

"Passo o tempo olhando o sol dessa tarde linda. Na janela a imagem de dias que quero lembrar e frases que quero esquecer.

Por um momento, a felicidade é melancolia aos olhos de quem espera. Esperar é virtude, entender é lei.

As coisas mudam e as expectativas de um novo dia se abrem. Será que nesse instante, há alguém no mundo que derrama a lágrima única e contínua, que escorre pelo rosto sem ao menos ter razão?

Razão de ser a vida nunca nos dá, mas procuramos esse significado de uma maneira inexplicável. Infeliz daquele que acredita num fim de tudo, para sempre.

Para que se apegar que vida não é uma grande coincidência, quando a gente vê que é?

E será que um dia, quando tudo finalmente terminar, as lembranças de tudo o que passou estará presente em nós?

Não tenho medo do fim, mas tenho medo de pensar que, nessa loucura de incertezas, as coisas podem atingir minha alma novamente.

Sei o que sou e o que fui. E sei que na essência, a personalidade nunca muda, nem que por mais duras sejam as penas, os sonhos são sempre os mesmos.

A cena de filme, aquela, na chuva , de braços abertos, esperando, sentindo, acontecerá?

A música toca insistentemente em meus ouvidos. Aqui, tudo posso. Aqui, em tudo continuo a acreditar.

Se pudesse escolher estar longe daqui e perto de algum lugar, estaria só, sentindo o ar quente bater em meu corpo, deitada na areia e vendo o mar azul.

Não queria, mas sinto e por mais que eu negue, gosto. E amo sentir. Nos torna vivo, eufóricos, incomparáveis, contraditórios.

Sinto falta do pedaço da minha alma. Não sei pra onde foi e não sei porque ela se perdeu, mas sei que vaga em algum lugar que preciso encontrar.

E hoje, sorrisos são importantes, novas idéias necessárias, amizade compreendida e respeito, essencial.


Meu corpo, meu templo. Meus sentidos, minha única fé."

quinta-feira, março 24, 2016

"‘Como você pode fazer isso? Tá com essa mania agora de querer me controlar? Saber o que estou fazendo, onde estou? Eu estou trabalhando Daniel, trabalhando!’ – eu gritava enquanto entrava em casa
‘Pra um cara bem bonitão até, né? Você não acha?’
‘Daniel, ele tem o dobro da minha idade, se não tiver mais! Você está insinuando o que?’
‘Que homem só quer mulher por perto você sabe pra que!’
‘Não seja ridículo Daniel! Se você é esse tipo de canalha, ótimo! Mas ele é meu chefe Daniel! Meu chefe! Você só pode estar maluco!’
Eu andava pela sala, impaciente, irritada, como se naquele exato momento eu tivesse enxergando realmente a minha infelicidade com Daniel.
‘Eu vi o jeito que ele olha pra você!’ – ele dizia, se encaminhando em minha direção, pronto a me atacar
‘É claro, ultimamente você anda desconfiando até da sua sombra! Você acha que eu sou o que? Pra você, todos os caras do universo iam querer me levar pra cama?’
‘O tiozinho tá achando que vai te levar’
‘Daniel, larga a mão de ser ridículo! Eu não vou ficar aqui ouvindo você falar essas merdas, vou lá pro bar, hoje é quinta e os meninos devem estar por lá, aliás, você também deveria estar, trabalhando Daniel, mas você num curte muito mesmo a coisa, né?’
‘Você não vai a lugar nenhum Alice, lugar nenhum! Se você estivesse por aqui ou prestando atenção em mim, saberia que hoje Sam nos deu folga! O bar tá fechado, ele teve que viajar as pressas, junto com John. E seu amiguinho Lex, não está em casa pois foi com eles para fazer companhia, portanto, hoje você não vai a lugar algum!’
‘Ah, vou, aqui é que eu não vou ficar, não quero olhar pra sua cara!’ – e nisso fui me encaminhando até a porta. Daniel me puxou num ímpeto, me jogando contra a parede
‘Você tá louco? Saia da minha casa, agora, não quero mais você aqui! Pega suas coisas e vai embora!’
‘Ah, não vou não! De hoje, você não me escapa’ – e nisso trancou a porta e o trinco com nós dois lá dentro. Ainda tentei correr pra tentar destrancar tudo, mas Daniel me jogou no chão
Pela primeira vez em todo aquele tempo que estive lá, senti medo. Já tinha brigado com Daniel, mas era a primeira vez descarada que ele usava de violência.
‘Daniel, para com isso, abre essa porta, me deixa sair’ – levantei e fui tentando novamente caminhar até a porta
Daniel foi se aproximando de mim, me encurralando entre a parede e seu corpo.
‘Daniel, me larga, me larga, me deixa sair, por favor’
‘Olha, não é que você sabe realmente pedir por favor?’
‘Daniel, o que você vai fazer?’ – nesse momento as lágrimas começaram a cair de meu rosto sem eu perceber, eu quis gritar mas quando percebi Daniel colocou sua mão sobre minha boca
‘Eu, vou fazer o que eu deveria ter feito há muito tempo. Afinal, você é minha, só minha’
Daniel rasgou a minha blusa e segurou forte os meus braços contra a parede enquanto eu tentava sair. Ele era infinitamente mais forte que eu e toda vez que eu tentava escapar, ele me batia. Eu queria gritar, naquela noite eu estava sozinha. Ele parecia ter planejado tudo.
Chegou uma hora que por mais que eu tentasse sair, eu já não tinha mais forças, ele me jogou no chão e arrancou minhas calças enquanto eu inutilmente me debatia, fui perdendo progressivamente as forças ao passo que a dor que eu começava sentir dentro de mim ia crescendo.
Naquele momento, eu só conseguia pensar quando que tudo aquilo ia acabar. Não tinha mais forças pra gritar ou me mexer. Meus braços e pernas doíam. Eu sangrava. E ele me olhava satisfeito, saindo pela porta e me deixando deitada no chão.
Enquanto eu chorava compulsivamente, olhava pras minhas roupas rasgadas e os vergões iam começando a aparecer por todo meu corpo. Tudo pareceu um pesadelo torpe, onde a única coisa que eu ouvia eram meus soluços e meu coração batendo acelerado em meus ouvidos.
Subi me arrastando pelas escadas e me arrastando fui até o banheiro. Lá me tranquei e passei um tempo desconhecido debaixo do chuveiro, sentindo vergonha de mim e de meu corpo e até da vida. Eu não conseguia chorar mais, como se todos os meus sentidos naquele momento tivessem anestesiados. Não sentia nada. Eu sabia que a partir dali não sentiria mais nada. Finalmente eu entendia o que Louis dizia por estar morto por dentro.

Inutilmente me esfregava até arrancar sangue, mas aquela sujeira não saia de mim. Desliguei o chuveiro, me deitei no chão do banheiro vestindo o pijama que havia deixado na manhã por ali e adormeci, sem que eu pudesse perceber. Não sonhei, nem sei ao menos se não morri por algumas horas."

quinta-feira, março 17, 2016

Por nós

O mundo colapsa em minha volta 
E tudo o que consigo pensar são nesses olhos que me perseguem
O mundo se despedaça e se transforma
E tudo o que eu consigo é ver suas mãos tocando as minhas
O mundo explode em mil pedaços 
E tudo o que eu consigo sentir é minha alma querendo tocar a sua
Eu queria ligar para o mundo
Mas meu único mundo são seus lábios tocando os meus