segunda-feira, dezembro 31, 2018

Remember me, special needs




Não vou dizer que 2018 foi um ano bom. De longe foi o pior ano da minha vida. Se eu pudesse pular esse ano do calendário, eu pularia sem medo nenhum. Mas eu aprendi tantas coisas nesse ano que me amadureceram uns 20 anos pra frente.

Eu tive momentos bons, daqueles que não vou esquecer nem daqui há 50 anos se eu ainda estiver viva. Mas a perda da minha mãe me jogou numa espiral de loucura que não consigo definir. Se a gente soubesse quando certa pessoa vai partir, certamente faríamos tudo diferente do que fizemos. Aquele ultimo abraço e aquela ultima palavra duraria pra sempre.

Talvez essa seja a graça das escolhas. Fazer com que você reflita que nem sempre está certo, mas também nem sempre faz tudo absolutamente errado.

Que 2019 se inicie um novo ciclo. Só o futuro me dirá.

terça-feira, dezembro 25, 2018

Soaking in rain

O que aconteceu com a gente? Por que nos perdemos um do outro sem explicação? Onde foi parar aquela euforia do início, os sorrisos bobos escondidos nos cantos das salas, os suspiros dados sem ao menos se dar conta? 

domingo, dezembro 16, 2018

Flores do mal

Eu vivo de fantasmas aos quais não consigo me livrar. De fantasmas que amo e que não quero esquecer.

segunda-feira, dezembro 10, 2018

One more denial

Estou cansada de fingir que não sinto, de acreditar em dias melhores, de dizer que não aconteceu por livramento, de ver o mundo cruzar por mim e sequer me notar. Há algo de bonito na melancolia, mas ela me destrói e eu estou sem forças pra lutar.

quarta-feira, dezembro 05, 2018

no more struggle, no more energy

Eu insisto em ignorar os sinais. Insisto em querer aquilo que não está ao meu alcance ou o que não deve ser meu, mesmo que temporariamente. Perco tempo imaginando como poderia ter sido e vou caminhando lentamente pelo mundo. Às vezes acho que vejo a vida passar. Outras vezes acho que sou coadjuvante da minha própria vida.

quarta-feira, novembro 28, 2018

Uma loucura qualquer

“ gosto de cheiro de grama molhada, de shampoo...gosto de sol, do barulho da chuva...das gotas escorrendo por entre os dedos...de banho demorado...de pele...quente...macia...de beijo molhado...rosas vermelhas...música alta e no repeat...dançar sozinha no quarto...e de sentir, meu coração bater insistentemente em meu peito...

O mundo nos dá coisas, que nem ao menos a gente acredita...”

domingo, novembro 11, 2018

check my brain

Será que só meu pensamento é suficiente pra suprir a necessidade de nós dois? Eu só te quero, vamos largar tudo e ir embora desse mundo pra qualquer lugar dessa galáxia.

segunda-feira, novembro 05, 2018

Darkness, darkness

"Meus olhos estão envoltos em névoa, assim como os sentimentos que pulam de minha imaginação. Passo horas tentando achar retratos de uma vida que deixei há muito tempo atrás, fuçando em coisas que não me pertencem, tendo uma curiosidade esquisita pela mente humana, assim como o olhar perdido dos inocentes seres humanos que habitam a Terra.

Se as coisas fossem todas esquecidas e eu pudesse fazer com que minhas vontades saíssem de meu inconsciente, e tomassem parte da vida real, talvez o que digo fisesse alguma diferença.

Mas não faz e eu sofro milhões de vezes relendo palavras estúpidas como as que ando escrevendo nesses últimos dias. Meu único e infindável amigo, o papel que escondo debaixo da cama, para ter detalhes de algo que simplesmente sai de minhas mãos."

domingo, novembro 04, 2018

Resolve

Dentro daquele quarto escuro existiam tantos demônios a serem enfrentados, tantos infernos a serem traspostos, tantas angústias que a alma não conseguia mais suportar, pois se sentia presa, se sentia definhando no tempo.

Dentro daquele quarto escuro haviam aqueles sorrisos espantosos, aquelas discussões que só se travavam dentro de si mesmo, tantos sonhos que nunca se realizavam e outras emoções que não há definição lógica descrita por palavras.

Dentro daquele quarto escuro vivia esse ser que quando fora era só mais um no meio da multidão, mas lá dentro era único como ninguém.

segunda-feira, outubro 22, 2018

So far under

Nesses momentos de ansiedade, eu só fecho os meus olhos e lembro do dia em que te olhei nos olhos. Seu sorriso ainda me derrete. Suas mãos mesmo frias ainda aquecem o meu pensamento.

quarta-feira, outubro 17, 2018

"Abri meu armário na procura de roupas pra tomar banho e quando olhei pra cima vi meu caderno de anotações da época em que trabalhei com Michael. O peguei, folheando e com lágrimas nos olhos. Como era feliz nas madrugadas que trabalhei com Louis, quando me contava suas histórias e saíamos pra comer.
No meio do caderno, algumas fotos eu tinha daquela época, que Pete tinha tirado e me dado de recordação. Nem parecia eu. Duas fotos dos últimos dias de estúdio me fizeram chorar como criança. Uma Louis me abraçava e sorria, em uma pose qualquer. Outra, nos olhávamos, num close próximo.
Eu queria voltar. Voltar naquele tempo e naquele lugar em que me sentia tão bem, tão viva e tão feliz.
‘Por que eu não posso voltar? Eu quero tanto voltar’ – ainda disse enquanto passava minhas mãos sobre as fotos
Queria voltar a Los Angeles, e não ir embora aquele dia do aeroporto."

segunda-feira, outubro 08, 2018

who's gonna drive you home, tonight?

Eu queria falar de amor, mas só consigo sentir medo.

Onde está o botão pra mudar pra outro planeta?

segunda-feira, setembro 17, 2018

"-Eu preciso que volte pra casa
-Não consigo, não consigo sair daqui e de ficar revivendo lembranças esquecidas em minha mente
-O fato é que a casa bagunçou junto com meus pensamentos, não consigo viver sem você, nada funciona, nem o chuveiro esquenta e a cama parece sempre vazia
-Me quer por que a casa está de pernas pro ar?
-Não. Porque eu estou de pernas pro ar. Porque não sei viver sem ouvir o barulho de sua voz aqui dentro.
-E se um dia eu partir pra sempre?
-Eu vou caminhar no infinito junto com você"

terça-feira, setembro 04, 2018

Over Now

A televisão já não está mais ligada como antigamente. No lugar de seus passos pela escada do quarto, ouço o silencio ensurdecedor das madrugadas em que passo em claro. Seu rosto agora só me aparece em borrões perdidos no pensamento e sua risada ecoa somente em meus ouvidos.

As lágrimas secaram e a confusão se instalou de maneira inigualável. Eu queria poder tocar suas mãos novamente, te dar um ultimo abraço, te pedir conselhos bobos. Queria poder saber que vou lidar novamente com suas manias, suas mudanças repentinas de humor, seus esquecimentos.

Sobrou um vazio, uma última conversa pelo telefone, uma ultima vez que lhe ajudei a caminhar pelo corredor, um último olhar me implorando pra te levar pra casa, iluminado por uma luminária fraca que atravessava a porta do quarto.

Quantas mais noites eu ainda vou ouvir sua voz?

sábado, julho 14, 2018

I'm not here

Se você pensa que choro e me desespero toda vez que me recordo o quanto mentiu e enganou, está errado. Quem um dia irá te cobrar será sua própria consciência, eu não terei nada a ver com isso.

segunda-feira, junho 25, 2018

Hello, old friend

Esses dias que se perdem em pensar em viver, não voltam mais atrás. Falta um pedaço de mim, onde é que ele foi parar?

terça-feira, junho 19, 2018

Bicameral Mind

Eu gosto de pessoas que falam com os olhos, se movem como gatos, se expressam num sorriso. Nessas você pode entender absolutamente tudo o que elas pensam, sem ao menos que elas emitam uma só palavra.

É o jeito em que elas seguram suas costas quando dançam ou respiram em seu ouvido quando se aproximam para dar um simples beijo em seu rosto que fazem com que você se transporte pra um mundo que não lhe pertence.

Se a pele encosta ou as mãos lhe acariciam, seus olhos lhe penetram de uma maneira inigualável. Não há nada mais intenso do que alguém que te analise, que te invada, que te atravesse, arrancando de você os segredos mais obscuros.

E são nesses momentos em que uma melodia toca alta e insistente dentro do seu cérebro, que o mundo anda em câmera lenta, que um cheiro que te agrada fica mais marcante. E tudo pode parar, pois nada mais vai fazer sentido quando esse alguém entrar na sua vida, somente por um instante.

sábado, junho 09, 2018

Say goodbye

Eu não sei lidar com a morte. A morte me causa um sentimento estranho, de impotência, de dor inexplicável. A morte me causa um desespero, uma vontade de esquecer que um dia a vida acaba dessa maneira. 

A morte me deixa indignada. Me deixa revoltada. Me deixa sem chão.

segunda-feira, maio 21, 2018

One last sin before I'm dead

Se eu ainda pudesse guardar a mesma idéia, se eu ainda pudesse ver a nossa inocência, se eu pudesse te velar como todas as noites, teria a lembrança do sonho escondido.

quinta-feira, maio 10, 2018

you can't change the way I feel

De tempos em tempos eu carrego a dor escolhida no peito. Uma vontade pelo sombrio. Um fascínio pela tragédia.

quarta-feira, maio 02, 2018

Three days and maybe longer

Deveria te esquecer, mas seus olhos perduram no meio de minha mente, pairando sobre pensamentos sem sentido. 

terça-feira, abril 24, 2018

Cuttooth

"Quero dizer coisas que não consigo
Quero sentir coisas esquecidas e viver a vida a todo segundo
Quero cheiro e beijo molhado nos dias mais ilusórios
Quero tocar a pele quente e o corpo macio de quem não sabe que possui meus sonhos"

quarta-feira, abril 18, 2018

"Tinham se passado seis meses daquele episódio com Louis. Nunca mais me procurou, nunca mais ouvi uma palavra sobre ele. Sabia que tinha lhe magoado, provavelmente, tinha até lhe perdido, como não queria que tivesse acontecido, talvez nunca mais quisesse me ver. Não tinha sido muito bem sucedida na minha escolha.
A vida tinha caminhado. Matthew também não tinha me procurado e eu tinha vivido pra terminar a faculdade. Arrumei um estágio em um jornal e já iam quatro anos que nunca mais pisei em um estúdio. O que tinha planejado em minha cabeça, não tinha se realizado da melhor maneira.
Eu e os meninos tocávamos de vez em quando no bar, fazendo a minha diversão em alguns finais de semana. Eu, sem querer mais nenhum problema, me mantinha solteira.
Logo que voltamos, Fábio arrumou um projeto em Nova York e foi trabalhar lá por uns meses. Umas semanas antes de voltar pra Seattle definitivo, me ligou.
‘Oi florzinha, não quer vir passar um final de semana aqui antes de eu voltar?’
‘Até quero Fá, mas a grana tá curta e as folgas apertadas’
‘Vem vai, só vai pagar a passagem e depois logo já volto pra casa e até os meninos já vieram. Você vai gostar daqui, sua cara essa cidade’
‘Vou arrumar uns dois dias de folga antes do fim de semana e vou tá? Prometo’
‘Tá. E fala pro Cacá que eu preciso falar com ele, já que esse puto não me atende?’
‘Tá, eu falo. Tem trabalhado muito com John no bar e no serviço dele’
‘Tá, fala que é sobre um emprego melhor que ele pelo menos vai se interessar...’
‘Tá, eu falo’
‘E vem hein? Vamos destruir Nova York, eu e você...’ – e riu
‘Tá, assim que eu conseguir me programar eu te aviso, ok?’
‘Ok. Beijo’
‘Beijo’
Vinte dias depois, consegui uns dias e fui visitar Fábio. Nunca tinha visto uma cidade tão ligada no 220 como aquela. Barulhenta, cheia, movimentada. E como eu só tinha quatro dias, Fábio fez uma tour relâmpago comigo. 
Um dia antes de vir embora, nos programamos de jantar e esticar depois em algum lugar que Fábio dizia já ter ido e que era muito legal, pra gente dançar um pouco.
Entramos então num restaurante cheio e já fomos pedindo o que comer. Fábio conversava comigo e me contava como estava sendo estar ali nos últimos meses, quando de repente eu ouço uma voz familiar atrás de mim.
‘Alice?’
‘Oi?’ – e virei, dando de cara com Matthew, um frio instantâneo na barriga me deu
‘Tudo bem?’ – e se abaixou até meu rosto, me dando um beijo
‘Ah. Tudo. Esse é Fabio, lembra dele?’
‘Sim’ 
Matthew foi cumprimentar Fábio e pude vê-lo. Seus cabelos mais curtos, uma calça preta e uma camiseta branca lhe vestiam por baixo de uma jaqueta de couro. Seus olhos pareciam mais turquesa, com a melhor aparência que já tinha lhe visto.
‘O que faz em Nova York?’ – ele me perguntou, como se tivesse me visto no dia anterior e nada tivesse acontecido entre nós
‘Vim visitar Fábio que tá por aqui uns meses. E você?’ – não sabia se estava mais surpresa com sua atitude ou com a maldita coincidência
‘Ah, turnê. Fizemos um show ontem e amanhã a noite já vou pra outra cidade’
‘Hum, que bom’
‘Bom, vou deixar vocês a vontade. Foi bom te ver’ – e ele ainda olhou pra mim, me sorrindo
Quando ele se afastou, Fábio me olhou me perguntando já
‘O que foi isso?’
‘Não sei. Só sei que numa cidade desse tamanho eu tenho a sorte de encontrar justo esse homem aqui...’ – lhe disse nervosa
‘Quer ir embora?’
‘Não. Aí vai dar na cara que estou incomodada com a sua presença. E quer saber? Que se dane, tô cansada de ser idiota na vida’ – mentira, estava mesmo era muito nervosa com aquela situação
‘Mas você tá bem?’
‘Tô. Fico é puta da vida com essa cara de pau, depois de quase um ano que nem me procurou pra saber porque eu tinha ido embora, depois de tudo o que ele aprontou comigo, ainda vem aqui e fala comigo como se nada tivesse acontecido!’
‘Pois é. Nem vou falar nada porque nem sei como me comportaria nessa situação’
A comida ainda demorou pra chegar e aquela cena ainda me incomodava. Ainda me virei lhe procurando discretamente e ele jantava em uma mesa um pouco mais atrás de mim, com mais dois caras.
Quando terminamos de comer, já pedimos a conta. Me sentia desconfortável, queria sumir dali. A cara de pau de Matthew tinha sido tanta que eu nem podia acreditar. Saí então pela porta junto com Fábio e vi Matthew do lado de fora, fumando um cigarro. 
Fui caminhando com Fábio pela calçada, quando senti meu braço sendo puxado.
‘Alice, espera’ – era Matthew novamente – ‘Eu queria conversar com você’
‘Desculpe Matthew, preciso ir. A gente se fala outra hora’ – e segurei no braço de Fábio que quase atravessava a rua, parando e me vendo nessa situação
‘Alice, por favor. Já faz quase um ano. Eu mereço uma explicação de você ter sumido...’
‘Você sabe porque fui’ – lhe disse com raiva já
‘Alice, por favor. Eu prometo que não vou tomar seu tempo. Também quero me explicar...’ – e me olhou dentro dos olhos, como fazia quando me conheceu, me deixando inerte. Me virei a Fábio, querendo uma solução
‘Alice, tudo bem?’ – me perguntou Fábio voltando até mim
‘Ele quer conversar comigo’ – e me afastei de Matthew
‘Se quiser ficar pra conversar com ele, não tem problema. A gente se encontra em algum lugar, pode ligar pro meu número depois’ – me disse Fábio
‘Fá, eu...’ – me sentia numa confusão de sentimentos
‘Alice, vai. Precisa colocar suas frustrações pra fora, pra poder seguir sua vida’ – disse Fábio
‘Mas, a gente tinha combinado...’
‘Ei, eu me viro. Não se preocupe por minha causa. Não sou Cacá, John ou Lex, que iam ficar putos com uma situação dessa. Eu sei muito bem o que é isso, já passei por isso. Então, vai falar com ele. Depois me liga ou se quiser voltar pra casa, a chave tá naquele lugar que te mostrei’ – e sorriu pra mim
‘Ok. Você me perdoa?’
‘Bonita, não precisa do meu perdão. Precisa ficar bem, de vez, ok?’ – e me deu um beijo
‘Ok’
Me voltei a Matthew, que ainda me esperava, com as duas mãos no bolso.
‘Tem um café aqui perto, é meio vazio, podemos ir pra lá’ – ele me disse
‘Ok’
Fui andando ao lado de Matthew, sem trocar uma palavra e sem ao menos olhar em seus olhos. A sua presença me incomodava e aquele turbilhão de coisas presas na minha garganta me faziam tremer. Entramos então no café e sentei em frente a ele à mesa.
‘Como você está?’ – ele me perguntou enquanto tomava um café
‘Bem. Você?’
‘Bem. O álbum finalmente saiu e a turnê já está acontecendo há umas semanas já’
‘Que bom’ – não conseguia encará-lo
‘E a faculdade?’
‘Termina semestre que vem’
‘Que bom e está trabalhando?’
‘Sim, arrumei um estágio em um jornal’
‘Bom. E a música?’ – ele não me tirava os olhos, me fazendo me sentir cada vez mais constrangida com aquela conversa
‘Desisti. Resolvi focar na faculdade’ – a garganta me doía
‘Hum. E seus amigos?’
‘Todos bem’ – respondia monossilabicamente, as mãos não paravam quietas em cima da mesa, as pernas tremiam
‘Alice, na verdade, eu queria conversar com você porque, tentei contato quando você foi embora, mas não consegui te encontrar e...’ – e Matthew colocou sua mão sobre a minha, se inclinando pra frente na cadeira
‘Matthew, por favor, não...’ – e puxei minhas mãos, prendendo-as entre as minhas pernas
‘Eu queria te pedir desculpas. Nunca fui o cara perfeito’ – ele me olhava nos olhos, sem parar
‘Você mentiu pra mim...’ – a frase saiu e minha garganta doía mais, as lágrimas me vinham aos olhos, de desespero, de dor
‘Eu sei, eu disse que não sou o cara perfeito’
‘Por que? Por que mentiu pra mim?’ – eu era uma indignação só
‘Não sei. Talvez faça parte da minha natureza’ – ele abaixou a cabeça, confessando os seus próprios erros
‘Hum. Ótimas desculpas’ – já sentia raiva daquilo tudo
‘Não. Eu sei que não são’
‘Eu te amava Matthew. Te amava. Você sabia. Como pode?’ – e as lágrimas caíram, de raiva
‘Eu não sei...’ – ele me disse voltando a me olhar nos olhos
‘Não sabe? Era isso que tinha pra falar comigo? Que não sabe?’ – lhe levantei levemente a voz
‘Eu queria te dizer que sinto muito. Talvez tivéssemos que ter separado quando as coisas não ficaram bem entre nós’
‘Sim, quando passei a fazer tudo o que você pedia, me tornando praticamente sua mãe e sua empregada’ – a raiva era grande
‘Não fale assim, Alice. Eu sei que ainda se lembra que tivemos bons momentos’
‘Bons momentos? Os que eu me sujeitei a ser praticamente sua amante, enquanto Liza morava na sua casa, brincando de casinha com seu filho e eu fazia de tudo pra poder ter você? Aqueles em que aceitei qualquer condição e fui me tornando o que você queria que eu me tornasse, uma trouxa que você podia trair e voltar pra cama dela, quando lhe desse na telha?’ – lhe disse com raiva, a veia pulando no pescoço, o corpo inteiro tremendo
‘Eu te quis Alice. Te amei também...’
‘Será Matthew? Será que um dia me amou? Será que você sabe o que é isso?’
‘Sim, claro que sim. Mas não sou perfeito, nunca fui. Não sei ter essa relação que você quer ter e...’
‘Não sabe ter uma relação? Não sabe ter respeito por alguém que lhe devote tempo e carinho? Eu deveria saber, afinal, fui a outra. Aliás Matthew, será que um dia você realmente amou alguém?’ – e aquilo me doía mais
‘Não fale assim, você não sabe. Eu sou...’ – Matthew tentava me explicar o que não tinha explicação
‘Um mentiroso? Obrigada Matthew, obrigada pela honestidade’ – e levantei da mesa, as lágrimas escorrendo, indo embora, andando pela rua, querendo sumir, aparecer em outro lugar, esquecer que aquela conversa existiu
‘Onde você vai?’ – ele falou atrás de mim, me puxando novamente o braço – ‘não terminamos de conversar’
‘Terminamos sim, Matthew. Eu não tenho mais nada pra conversar com você. Me deixe ir’
‘Não, você precisa me ouvir. Aconteceu sim, mas você foi embora sem me ouvir, não significava que eu não gostasse de você’
‘Ah não! Normal então! Eu gosto de você, mas vou pra cama com outra, sua idiota!’ – e gritei, me livrando do seu braço, andando depressa
‘Espera!’ – e Matthew me puxou com força, me colocando o corpo próximo do dele
‘Me larga, Matthew. Me deixa ir’ – ainda falei enquanto tentava me soltar de suas mãos
‘Ah pequena, se você soubesse como ainda me alucina...’ – e Matthew me olhou de perto, me beijando
‘Não Matthew...’ – as lágrimas me escorriam
Matthew voltou a me dar outro beijo. E outro. E outro. E eu tinha me soltado em seus braços. Ainda tinha o mesmo domínio sobre mim, ainda era o homem que tinha me apaixonado perdidamente e ainda me atraía, mesmo sabendo que ele não prestava. No fundo eu sempre soube.
Quando percebi, já dormia em seus braços no quarto de seu hotel e o olhei novamente, não o reconhecia. Algo tinha se quebrado dentro de mim. Enquanto ele dormia, peguei minhas roupas, me troquei e ainda o olhei antes de sair pela porta, como na primeira vez que tinha me entregue a ele. Dessa vez não tinha paixão. Tudo tinha se acabado."

segunda-feira, abril 09, 2018

The Path

Deve ser pedir demais voltar a sentir de novo. Deve ser demais voltar a ser sã  de novo. 

quarta-feira, abril 04, 2018

Reach to Myself

Eu vivo com medo. Medo de não conseguir, medo de não dar tempo, medo de não aguentar, medo de desistir, medo de não sentir, medo de não ser.

segunda-feira, abril 02, 2018

naked but oblivious

"Pensou em lutar, mas era inútil. Por mais que não quisesse se render a loucura, ela se tornava inevitável, sem escapatória. Podia ser que resistisse mais algum tempo, não sabia ao certo se era aquilo que queria. Queria se entregar, queria ver onde tudo aquilo guardado em seu inconsciente ia dar, se valeria a pena perder toda a sanidade.

Nada lhe pareceu mais tentador, mais maravilhoso, mais desafiante, mais contagiante. Talvez fosse aquilo que estava procurando por muito tempo e nada lhe parecia mais certo. Por que não se entregar? 

A paz ou a completa tortura poderiam a atingir, e ela não sentiria mais medo de nada. Não sentiria mais medo do que as pessoas pensaríam, dos olhares de julgamento que todos resolviam lhe devotar, porque talvez não tivesse mais tempo para errar."

Without me

Mesmo que as lembranças me falhem, nunca mais esquecerei a cor dos seus olhos nem de seu sorriso.  Essa imagem eu vou guardar por toda eternidade.

sábado, março 31, 2018

Big hard sun

Só de tocar sua mão e sentir sua pele macia, minha alma se transporta pra outro plano. Olhar nos teus olhos é a maior felicidade que a vida podia me dar.

quarta-feira, março 21, 2018

You can't deny me

"Odeio ver lágrimas que não secam, sentimentos ruins que não vão embora e eu paralizada, não posso fazer nada.

Eu sou fraca, não consigo levantar as minhas mãos preguiçosas, nem colocar o meu cérebro adormecido pra pensar em um só gesto de conforto. 

Sou ruim e imatura. Sou muitas vezes podre e impertinente." 

sexta-feira, março 09, 2018

What you fear the most

O diabo parece me tentar a cada movimento que faço, na espreita, me testando a todo custo. Me conforta em palavras bonitas e sinais que somente eu consigo entender. Eu quero, mas não me livro dele. Não consigo deixar de sucumbir às suas artimanhas. Muito menos as suas tentações.

quinta-feira, março 08, 2018

Parabéns a todas as mulheres que colorem e deixam o mundo mais perfumado. As mulheres que lutam dia por dia, mantendo seu trabalho, lares, familia, com esforço e dedicação. Das executivas às donas de casas, todas merecem respeito e admiração. Das avós até as solteiras, todas tem seu valor e seu pedacinho especial nesse mundo. Todas nós conquistamos cada dia mais um pouco de respeito, por mais dificíl e árduo que seja o caminho. Hoje é só uma data, mas ser mulher é para uma vida inteira.

quarta-feira, março 07, 2018

Turn to Dust

Às vezes há algo por dentro que se debate e quer sair, esmagando todos os ossos pra encontrar uma fresta e se esvair. Como se derretesse e escorresse por dentro do corpo, já inerte e sem esforço em esmorecer. Quer desaparecer e voar pra longe, esquecendo que têm uma história que insiste em contar.
I wish I could feel you tonight, little one 
You're so far away
I want to reach out and touch your heart
Yeah like they do in those things on TV, I love you
Please love me, I'm not so bad
And I love you so 
I got a room at the top of the world tonight ”

Tom Petty - Room at the Top

terça-feira, março 06, 2018

I'm a natural disaster


Quero dizer teu nome, até cansar, até fingir que me ouves, até voltar ao meu pensamento novamente.

sábado, março 03, 2018

breathe dirty sky

Eu não posso ver uma história de amor que me derreto, meu coração dispara e as lágrimas escorrem num soluço dolorido. Mas essa idéia não sai do papel e não vive a vida real.

segunda-feira, fevereiro 26, 2018

Never want to put my feet back down on the ground

Não quero mais voltar. O mundo não me pertence, e nem eu pertenço às suas surpresas. Não me acostumei ainda a entender que sei e esqueço que no fim, tudo sempre repete, num ciclo incansável.


segunda-feira, fevereiro 19, 2018

Lullaby

Afinidade a gente não compra, não pede, não faz. Afinidade existe, não precisa de esforço. Afinidade aparece às três da manhã quando você tá rolando na cama, querendo dormir.

Aparece quando você escuta a letra de uma música, quando te dizem uma frase mágica.

Não tem como criar afinidade, não dá pra querer que ela aconteça. Não dá pra ter medo e não dá pra fugir.

quarta-feira, fevereiro 14, 2018

"Outros discos saíram, outras turnês foram feitas. Outros estagiários entraram no estúdio e mesmo depois de 11 anos, ainda olhava pelo vidro e me lembrava de Alice.
Eu podia notar que alguns cabelos brancos me saiam e que tinha envelhecido, por conta dos meus mais de 40 anos. Às vezes me pegava pensando que tive tanto medo de me tornar um homem casado e com filhos e no fim, era isso que tinha acontecido.
Alice e eu nos falávamos umas duas vezes por ano. O trivial. Depois que ela perdeu os bebês, me ligava pra manter contato e eu fazia o mesmo. Não a tinha visto mais desde aquela época e depois de Matthew, teve outro relacionamento que não deu certo. Mas seguia,  sem grandes percalços. Talvez tivesse aprendido com a vida.
Se eu ainda gostava dela? Sim. A falta de proximidade e minha idade não me davam mais os mesmos calafrios, mas todas as memórias que eu tinha dela ainda eram muito vívidas em minha cabeça.
Por um incidente do destino, uma fatalidade, ela me ligou e nos encontramos de novo em um funeral. Dessa vez quem tinha falecido era Lex. Tinha 29 anos, um ano só a mais que Alice.
Kevin e Pete me acompanharam a cerimônia e ao enterro. Alice era mais velha, seus cabelos estavam curtos, com uma franja comprida lhe caindo de lado aos olhos, menos loira do que antes. Já não usava mais calças jeans e tênis. Tinha se tornado uma mulher bem elegante.
Alice chorava muito, tanto na cerimônia, quanto no enterro, talvez mais que a própria esposa de Lex. Ainda me lembrava das coisas que me contara quando tinha mudado pra cá. Sei que o amigo ia lhe fazer uma falta tremenda.
Eu a contemplava de longe, vendo seu casaco preto lhe acentuado a cintura, as botas pretas por cima das calcas justas, ela com as mãos no bolso, Cacá lhe abraçando. As pessoas indo lhe dar os pêsames.
‘Vai falar com ela’ – disse Kevin olhando pra mim
‘Não sei se devo...’ – ainda me sentia constrangido com sua presença
‘Louis, o que você sentiria se fosse você que estivesse no lugar dela e ela não fosse te dizer nem oi?’
Kevin era sempre duro comigo, era a única pessoa que sabia de meus pensamentos em confissão calada e sei lá porque motivo, ele me compreendia.
Segui então até ela e antes de me aproximar, cumprimentei seus amigos e a esposa de Lex, dando os meus sentimentos. Quando cheguei próximo a ela e a vi devastada, quis chorar.
‘Que bom que veio’ – ela me disse, me dando um abraço
‘Meus sentimentos’
‘Obrigada Louis. Meu irmão, eu não consigo acreditar...’
‘O que aconteceu com ele?’
‘Lex ficou doente depois de visitar seus pais. Uma semana depois que chegou internou e na outra não suportou mais. Pegou uma infecção generalizada, parou de andar, mexer os braços e falar...’ – ela mal conseguia falar
‘Eu sinto muito, Alice. Sei o quanto ele era importante pra você’
‘Pois é. Parece que estou fadada a perder tudo o que é importante pra mim’ – ela me olhou com lágrimas nos olhos, mais negros, mais tristes
‘Não fale assim’ – e passei a mão em seus cabelos, lhe colocando a franja que caía em seus olhos, por trás da orelha
‘É verdade. Perdi tudo. Ou quase tudo. Até você, que nunca quis perder, eu perdi’ – aquela frase me cortou por dentro
‘Não me perdeu. Eu estou aqui’
‘Mas não convive mais comigo. Já perdi as contas de quantos anos não te vejo’
‘Ainda nos falamos...’
‘Sim, em aniversários e só’ – ela mal olhava pros meus olhos 
‘Nossas vidas...’ – eu sentia vergonha, porque ela tinha razão e eu também a tinha perdido de uma certa maneira, mais do que ela a mim
‘Sim, eu sei Louis. Você casou, tem filhos. Eu...bom...enfim...’
‘Ei, não fale assim. Sei que está revoltada por conta de tudo que aconteceu com Lex’
‘Ele não merecia. Lex não tinha boca pra nada. Não conheci ninguém como ele, era praticamente um anjo...’
‘Boas pessoas não sofrem nesse mundo, Alice’
‘Então devo ser muito mal, porque cada hora é um tombo diferente’
‘Não fale assim’ – e subi seu queixo, fazendo com que seus olhos cheios de lágrimas se encontrassem com os meus
‘Queria voltar pra aquele estúdio, a primeira vez que te vi, lembra?’ – sua frase fez com que os meus olhos se enchessem de lágrimas e a dor na garganta que sentia toda vez que eu sentia sua falta aparecesse
‘Lembro’ – minha voz mal saia
‘Me disse que era chato, lembra? Mal você sabia o quanto eu era chata’ – e ela sorriu pra mim, o mesmo sorriso de anos atrás
‘Não, como eu não’ – e sorri pra ela
Ela então se encostou em mim, se encolhendo em meus braços e chorou baixinho por uns cinco minutos. Ainda tinha o mesmo perfume, ainda podia lembrar de suas calças jeans e camisetas e o quanto ainda lhe tinha amor.
‘Será que um dia vou ser feliz?’ – ela me perguntou
‘Vai, eu sei que vai’ – ela ainda era a minha menina, enquanto passava minha mão pelos seus cabelos e a prendia perto de mim, lhe beijando a testa
‘Eu era feliz quando te conheci. Era feliz quando ficamos amigos. Era feliz quando fui embora de Los Angeles aquele dia que me levou no aeroporto’ – e me abraçou mais forte, como se quisesse se esconder dentro de mim
‘Eu também era’ – e nunca mais tinha sido feliz daquela maneira, eu sabia disso
‘Louis?’ – a voz de Kevin veio por trás de mim, me fazendo soltar de Alice e virar pra ele, Pete lhe acompanhava – ‘já se foram todos. Seus amigos estão te esperando pra ir embora, Alice’ – e ele foi de encontro a ela, lhe dando um beijo e um abraço – ‘eu sinto muito por Lex’
‘Alice, eu sinto muito’ – disse Pete também lhe abraçando bem de perto
‘Obrigada, obrigada por terem vindo’ – ela disse, se soltando de Pete e já se encaminhando a nossa frente, indo em direção ao carro onde seus amigos lhe esperavam
Alice ainda olhou pra trás e me sorriu, me dando um tchau de longe. A mesma, sempre seria a mesma pra mim, não importava o que fizesse nos cabelos ou quais roupas usasse, era a minha menina.
‘Vamos?’ – me disse Kevin
‘Sim, vamos...’
‘Quer que eu dirija?’
‘Sim...pode ser...’
‘Ela está diferente, né? Nem parece que está com quase 30 anos...’
‘Sim. É a garota mais bonita que já conheci’ – meus olhos embaçaram
‘Ainda, meu amigo?’ – e Kevin colocou seu braço por trás das minhas costas, abrindo o carro pra eu entrar
‘Sempre’ – as lágrimas vieram aos olhos, sem eu perceber
E sentei, olhando pelo vidro enquanto ele dirigia."