I won’t forget this feeling

 Eu sou grata pelos pequenos sinais, não importam quão pequenos eles sejam. Um sorriso se põe no rosto. Uma sensação de paz acalenta a alma. Eu sempre me pergunto: ‘por que sentir demais?’. Porque eu não consigo ser menos. Eu não consigo abandonar algo tão forte que atravessa meu peito como um raio.  E eu não vou esquecer um sentimento, mesmo que o tempo e o espaço se torne quase impossível de se alcançar. Porque sentir não pode ser esquecido pelo tempo e espaço. Sentir quebra todas as barreiras. Até aquelas mais difíceis de se alcançar.

Pepa y agua pa' la seca

Eu posso mentir pro mundo, mas não posso mentir pra mim. Entre a dor e o amor o que eu mais sinto é saudades. Não é algo controlável ter uma mistura de sentimentos que fazem sua mente ir de zero a mil. Ao mesmo tempo que sinto a rejeição, ser ignorada, desprezada e esquecida, meu sentimento se mantém, porque eu fecho meus olhos e só lembro dos momentos de sorrisos e das confidências que fiz em silêncio por tanto tempo. Eu deveria esquecer. Deveria deixar tudo ir. Mas a verdade é que não consigo. Meu sentimento é maior e mais forte do que eu gostaria. Já tentei me livrar dele. E por mil vezes já amaldiçoei meu coração ver a verdade. Mas ele grita dentro do meu ouvido dizendo um não que ecoa dentro do corpo. A saudade se mantém, o amor se mantém, o carinho se mantém. E mesmo que tudo se desfaça em nuvens obscuras e sombrias, meu coração vai continuar gritando: resista. E meu sentimento resiste, apesar de todos os sinais tortos. De todas as verdades não ditas no silêncio. Eu resisto, de peito aberto. Porque te amar é maior do que minha própria alma.  

Ever thought of calling, darling?

Sobre ver e sentir sinais e estar aterrado com os pés no chão. Cada sinal é uma pétala que se desfaz. Cada silêncio é um espinho enterrado no coração. Cada movimento é um saber e não saber que se confundem num tempo e espaço tão relativos que segundos parecem horas. Voltar não dá e seguir em frente ficou suspenso no ar. Pois os pés fincaram. E os olhos ainda não estão totalmente abertos pra ter clareza sobre tudo aquilo que ronda o imaginário. O futuro não existe, ele é só uma ideia. Uma faísca do que ainda vai acontecer, que não está predestinado. Traçado só tem o presente. E nesse presente tudo parece caminhar lentamente. A pressa só existe dentro de mim. A pressa de que o tempo parece correr contra mim, mesmo ele sendo mais devagar do que meu cérebro consiga processar. Mas o sinal martela, grita, explode por dentro. Vem avassalador, arrancando tudo aquilo que se pensou um dia. O que está por vir não está mais em minhas mãos. Escorregou. Fugiu. Saiu do controle. Eu não tenho controle, nem tenho respostas pra tantas vontades reprimidas.

I feel like I’m drowning

Num exercício de expor meu inconsciente eu vi sombras. Talvez seja ele que fale mais alto quando eu enxergo a realidade que me roda. Eu não consigo ver uma realidade com final feliz. Eu sinto que eu perdi, o tempo todo. Perdi tempo. Perdi qualidade de vida. Perdi o tesão por tudo. Não é morte em vida. É a própria morte que bateu na minha porta por esses últimos anos. Que me rondou e me espreitou. E eu tenho lutado contra ela. Não são cascas, nem casulos que criei. Sou uma ferida aberta ambulante, se lambendo pra fechar e transformar tudo em cicatrizes. Já tenho muitas, mas sinto que ainda vou ter mais. Não é derrotismo, é ver e entender os sinais de formas claras, sem o véu da esperança e da imaginação. Meu mundo é o da Alice, meu complexo não é o da Cinderela. Eu só tenho amor, mas só conheço os espinhos. Eu só quero dar carinho, mas minhas mãos não alcançam meu objetivo. Há coisas da vida, que não dependem só de mim. Mas o meu inconsciente grita dizendo: “FAÇA ALGUMA COISA!”. Mas eu não sei mais o que fazer. É querer abraçar o mundo, mas não conseguir. É ter foco em alguma coisa, mas ver que nado pra não ver terra. Me faltam tantas coisas, mas me falta conseguir um desejo sequer. Um desejo só. É difícil demais me expor. É difícil demais ser racional. É difícil demais ser normal, sendo que meu mundo é dos desajustados. Dos esquisitos. Dos esquecidos. E eu sou facilmente esquecível. Não consigo abalar nenhuma estrutura com minhas palavras faladas, escritas ou silenciadas. É o grito em silêncio. O grito que não atravessa e chega em seu destino. E meu pensamento fervilha. Eu preciso que meu grito em silêncio chegue no destino. Pelo clamor aos céus, infernos e qualquer outra dimensão que possa existir. Eu preciso que meu grito em silêncio chegue em uma alma. Uma alma repousada e tranquila. Uma alma que aparece nos meus sonhos por insistência do meu inconsciente. Aqui dentro eu sinto, tudo. Mas o que mais eu devo fazer pra que meu sentimento chegue aos ouvidos mesmo que não atentos dessa alma que eu sinto aqui dentro uma conexão inexplicável. Amor não expressa esse sentimento. Não há palavras pra expressar esse sentimento. Ele existe, reside, me faz viver e eu não quero que vá embora.

Every time I reach for you, you slip through my fingers

 Talvez eu tenha perdido a luta, a batalha, a guerra. E com isso a minha sanidade, minha vontade, meu ímpeto e até o que eu tenho de bom tenha sumido dentro de mim. Não há meios da vida não me mostrar a realidade. Eu não sou digna. Não sou digna nem de consideração. Não sou digna de uma palavra sequer. Um sinal. Um afeto nem que seja por pena. Não sou digna de ser vista, ouvida, compreendida e respeitada. Qualquer ser pode me machucar. Eu tô pronta pra isso. Pronta pro descaso. Pra dor. Pra indiferença. 

Não há nada que doa mais que a indiferença. O afastamento. A falta de explicação plausível. A dor reside em mim. Porque é fácil me chutar como um papel amassado no chão. É fácil me desprezar porque o que eu sinto não faz diferença. Nunca fez. 

Pro mundo eu sou descartável. Invisível. Insignificante. Me machucar é o prazer que ele tem. E sempre ele me mostra que eu vou ser cuspida desse planeta a qualquer momento. Porque não sou nada. Sou só mais um ser que caminha sobre ele sem propósito ou sem sentimentos.

E eu sinto. Tudo. Tanto. E dói. Tanto. Tudo. Mas não faz diferença. Eu não mereço. Nem nunca vou merecer ser tratada como um ser humano. Porque a alma perdeu seu brilho. A alma se esvaiu. 

Eu sou só um pedaço de carne feio e exposto em uma geladeira de supermercados que ninguém vai levar. Um pedaço de carne que vai apodrecer e voltar pra terra. Sem finalidade. 

Um ser desajustado, mal alinhado, esquisito, feio e incapaz de provocar um sentimento qualquer em alguém. A não ser total desprezo. Não tenha medo. Eu só mereço o esquecimento. 

Floating in Space

Sentir é o que me segura, o que me sustenta, o que me faz viva. Sentir me faz sã, me faz feliz. Sentir me torna a parte mais pura de mim.

Difícil é calar quando se quer gritar

 Um grito. Um grito que saísse pelas janelas, portas, vidros dos carros. Que atravessasse os muros, varandas, paredes, países e continentes. Que ecoasse pela garganta, ouvidos, cabeça. Que fosse entregue pelo vento, chuva e raios. Um grito para ser ouvida, entendida e respeitada. Um grito sem dor, sem sofrimento. Um grito que chegasse em seu destino num despertar, como um sussurro baixo nos ouvidos, um carinho, um acalento. Um grito em silêncio. 

I am alone at midnight

 - Finalmente algo mudou em você, garota - disse a mulher de cabelos vermelhos, olhando fixo nos olhos dela

- Queria poder dizer que estou feliz com elas, mas é sentir que o tempo todo foi em vão - fitava o chão a garota, evitando olhar nos olhos negros da mulher de cabelos vermelhos

- Nada é em vão. Hoje você se parece mais comigo do que eu mesma - disse firme a mulher de cabelos vermelhos, num suspiro profundo

- Queria ter sua força, sua coragem, seu instinto feminino, mas sempre junto esse amontoado de cacos no final do dia - disse a garota finalmente olhando pra mulher de cabelos vermelhos

- Você tem. A verdade é que esconde tudo isso porque ainda tem medo do mundo - deu de ombros a mulher de cabelos vermelhos ainda olhando pra ela 

- E como não ter? Tem pessoa que mais sangrou de tantos chutes na boca que a vida deu? - disse a garota segurando uma lágrima que queria cair

- E foi isso que te fez chegar até aqui - e colocou a mão no ombro da garota 

- Mas cada vez mais as pernas vão cansando de levantar, o coração mais difícil de bater, o sentimento escorrendo pelos dedos - e esticou as mãos em direção a mulher de cabelos vermelhos

- Mas sua alma ainda vive. Em cada por do sol, em cada gota de chuva que escorre pelos seus braços, a cada música alta que você ouve, a cad sorriso tímido ou lagrima sincera que você deixa escorrer. Você mudou e eu finalmente consigo te mostrar que o mundo é real, tem dor, tem sofrimento, mas tem beleza, tem amor - disse a mulher de cabelos vermelhos tirando a franja da garota dos olhos

- O amor. Esse parece que me odeia. Sempre. - e a garota fechou os olhos quase numa raiva

- Não te odeia. Finalmente você encontrou ele. Dói? Algumas vezes. Mas te faz sorrir quando caminha lentamente pra casa - e sorriu a mulher de cabelos vermelhos 

- Até quando? Até tudo sumir, como sempre? - disse a garota num desespero em querer saber o futuro

- Não, basta você não deixar ele morrer. - e abraçou a garota como se tivesse reencontrado um pedaço de si mesma

Love is mean and love hurts

 Tem horas que eu quero escrever sem parar. Te dizer como foi a rotina, os percalços, as pequenas alegrias. Escrever sem pudor, sem medo, sem amarras, sem jogos. Eu não sei fazer isso. Eu não sei me comportar bem ou ter uma certa etiqueta do que é certo ou errado. Quero ouvir sua voz ou ver seu rosto. Quero tocar suas mãos ou simplesmente deitar no seu ombro. Compartilhar coisas tão pequenas já me trariam alegria. Meu coração às vezes palpita de desespero, de medo, de insegurança. Eu não sei muito bem onde pisar. Acabo que enlameio os pés e me sujo num mar de pensamentos que eu não gostaria de ter. Tento afastar todos eles da minha cabeça. Mas tem horas que eles me derrubam. E tem horas que só de lembrar de pequenos momentos eu sinto uma tranquilidade que vem não sei de onde e nem sei porque. Eu queria poder ter explicação pra tudo. Infelizmente meus sentimentos não deixam minha razão sobressair. E neles me apoio. E neles eu vivo.