quinta-feira, outubro 06, 2016

So says I

"Vim no carro hoje, pensando em você. Pensando em sua pele de cetim. Sua expressão quando sorri. O jeito que fecha os olhos enquanto me beija. Como me olha enquanto eu fecho os olhos pra dormir.

O tempo pára. Como se não sentir ele passar fosse normal. A hora eterna. E não importa quanto tempo ficamos sem nos ver. Não importa nada. A distância não afeta. A sensação é sempre a mesma.

Lembrar das conversas malucas. Das discussões inteligentes, politicamente incorretas e corretas. Das vontades. Dos sonhos. Das afinidades. Dos impulsos.

Ouvia  "Billie Jean" enquanto fechava os olhos, lembrando do desejo. Desejo que aumenta e consome. Desejo de estar, de ser, de saber esperar.

"Some boy you are, to wear my color red, wear it very proudly, wear it like a lady"

E de pensar nas mãos macias e no beijo molhado, me perco em sensações que não consigo definir. O cheiro inconfudível.

O que é, porque é e como é, eu não sei. E pra ser sincera, eu não quero saber.

A diversão é mais intensa e as noites mais longas quando as passo em sua presença. O mundo não tem nome, os lugares não têm importância e as sensações simplesmente são. Sua ausência não me constrange, não me esgota, não me alucina. A vida continua bela, as pessoas continuam únicas e me sinto exatamente a mesma.

Não tem obrigação. Não tem boa dor. Não tem um amargo adocicado.

Tem a música alta, o suor escorrendo pelo corpo, a pele de cetim enroscada na minha, quente, sua. Deixando um arrepio que espalha pela nuca e termina na ponta dos meus dedos. O aperto na cintura, o nariz deslizando pelo pescoço.

Tem cheiro de uva doce e sem caroço. Tem gosto de jabuticaba madura. Mata a sede como água gelada.

Tem tempo pra acontecer. Tem coincidência pra ajudar. Tem lembrança gravada na memória."

segunda-feira, outubro 03, 2016

Passive

Vivo dessas paixões que me tiram o ar
De sensações que me arrasam a alma pela pele
Vivo sentindo o calor do sol cada vez que fecho os meus olhos
Do tato de tocar a pele daquele que não existe
Não há metade de mim pois nem inteira me satisfaço por completo
E se tivesse medo do oculto, o desconhecido não me pareceria tão atraente
Não há um poro de mim que não te deseje
Não há um canto de mim que se sinta completo quando fecho meus olhos e não te vejo
Inexplicavelmente eu simplesmente amo, já não minto mais a mim, nem ao mundo, nem a vida.