segunda-feira, maio 30, 2016

Eu sou sempre a favor dos dois lados da história, não importa ela qual seja. Existe diferença entre justificar e explicar. O que falta muito hoje em dia é interpretação de texto. Não se ensina mais isso nas escolas? Trabalho com uma geração que se pauta hoje com aquilo que lê e não tem curiosidade de pesquisar. Faz falta alguém com senso crítico. Todos nós temos uma tendenciosidade. Nada que você lê é desprovido de tendência. Sempre há uma interpretação pessoal dos fatos de acordo com os seus princípios, o que você imagina, o que pensa, a criação, o que você enxerga do mundo. Ninguém é igual ou pensa igual. Afinal, temos cada um uma feição diferente, uma percepção de paladar diferente, de olfato e por aí vai.
A informação na velocidade da luz é muito válida. Mas ela explica os dois lados? Há interesse do ser humano de entender os dois lados? Não adianta ter as respostas de algo se você não sabe porque as tem.
A vida hoje é uma grande enxurradas de direitos, sem deveres nenhum. As pessoas se colocam em situações de risco simplesmente porque podem, porque tem o direito. Mas só ter direito sem dever, te faz burro.

sábado, maio 28, 2016

Hey Jupiter

"Muitas confissões pra apenas algumas horas, que quero insistentemente guardar dentro do meu peito, mas que parecem que irão explodir a qualquer momento.

Não aguento mais e cada vez parece crescer e tomar conta de toda minha alma. E dói de uma forma tão absurda que não da pra quantificar.

É você a cada segundo que passa pela minha cabeça, sua pele de cetim que meus poros não esqueceram, seu inconfundível cheiro, essa minhas vontades que não me permitem te abandonar. Por mais que eu queira. Essas confissões prestes a me abandonar, a qualquer minuto, sem que eu menos perceba.

Não me deixe pensar em loucuras, porque há uma linha tênue entre minha sanidade e o meu melhor de insano. Entendo e as respeito porque elas são parte de mim.

Mas não me deixe esperando esse tempo. Tempo que só corre quando esta comigo e que vira uma tormenta quando estou só.

Não se vá porque tu esta aqui dentro guardado pra sempre."

sexta-feira, maio 27, 2016

"Daniel era alto. Tinha os cabelos castanhos claro e os olhos castanhos. Mãos firmes. Boca vermelha, carnuda. Falava grosso e tinha ar de quem não se importava muito com o que os outros falavam.

Lembro-me da primeira vez que vi Daniel. Estava encostado na parede do colégio, com a cabeça erguida, mas os olhos baixos. Tínhamos uma amiga em comum. Ela me falava muito dele e de como eu ia gostar de sua personalidade logo de cara.
Daniel não tinha o ar de menino dos outros caras do colégio que eu conhecia. Parecia experiente, esperto e sabia como falar, diferentemente dos outros. Fui subitamente arrebatada de uma sensação de perigo quando o vi, mas me entreguei as suas conquistas.
Não foi nem a primeira, nem na segunda e nem a terceira vez que estivemos juntos que nos beijamos. Ainda lembro como se fosse hoje. Ele tocou a campainha da minha casa, me procurando, com lágrimas nos olhos. Abraçou-me insistentemente e de repente me beijou, sem que mesmo esperasse.
Ficamos juntos por meses a fio, mas nunca estivemos juntos de verdade. Nunca foi um compromisso completo.
Daniel tinha um grande poder de persuasão. Era inteligente, astuto e sabia como fazia para comover as pessoas que estavam ao seu lado. Tinha um sorriso inconfundível e era só ele pedir para que qualquer um concordasse. Era interessante, atraente e fazia pose de carente, conquistador."

terça-feira, maio 17, 2016

"Os meses se passaram. Ainda falei com Alice algumas vezes antes de viajar a Europa, mas depois nossas ligações terminaram. Não ia conseguir contato com ela por um tempo.
Eu voltava a me sentir só, sem perspectivas de nada. Os shows na Europa não demorariam muito a acabar e as saudades que sentia de Alice eram doloridas.
Quando tinha um dia de folga na turnê, ia pra algum bar e bebia até me entorpecer. No dia seguinte, acordava com uma garota diferente em minha cama, me fazendo sentir um completo traste.
Voltei a me sentir soturno e cínico. Isso me movia, me motivava a continuar. Ter alguém por simples prazer foi uma válvula de escape que encontrei pra esquecer de Alice.
Mas quando meio entorpecido, fechava os olhos e beijava uma outra mulher, a minha garota de cabelos loiros e olhos negros sorria pra mim. E eu só saia do transe quando olhava pro lado e via que não era ela.
Nada me fazia esquece-la. Fui acumulando mulheres no caminho que passava, procurando desesperadamente achar alguém como ela. Era completamente inútil.
Logo que voltei a Seattle, Alice ainda estava em Los Angeles, gravando com Matthew e por telefone ela já parecia distante. Praticamente não me ligava mais e quando me atendia, falava rápido, sempre superficialmente.
Eu me perguntava porque tinha a deixado ir aquele dia. Que medo louco eu tinha tido naquele final de semana de perde-la e aparentemente a tinha perdido.
Em seguida da minha volta, minha mãe ficou muito doente e eu fui cuidar dela por um tempo. Outras garotas eu acumulei, outras camas me faziam querer esquecê-la, mas eu não conseguia.
Quando voltei a Seattle, Alice não me atendia mais. Ela mandava dizer que retornava a ligação, mas era só uma mentira. E eu passava o dia como um bobo, esperando ouvir sua voz.
Sabia onde ela morava, mas também tinha orgulho. Depois de um tempo, mesmo gostando dela, não queria que ela pensasse que poderia abusar do meu sentimento.
Me enfureci com isso por várias vezes. Com raiva de tudo. Dela, de mim, de seu sumiço. Não queria falar com ninguém e não queria mais saber dela. Parei de procura-la.
Mas era só o álcool me entorpecer que o desejo que sentia por ela voltava. Outras mulheres não me satisfaziam mais, eu sozinho não me satisfazia mais. Sentia sua falta, era inegável.
Já era inverno em Seattle. Sete meses fazia desde que tinha visto Alice pela última vez. Suas gravações tinham terminado e Matthew já estava até em turnê. Nenhuma palavra dela, nenhuma noticia."

sexta-feira, maio 13, 2016

Winter winds

"Cada vez que me vejo sozinha, sinto essa dor inexplicável. Ontem vi sua foto refletida em meu passado. Ouço sua voz e me pergunto, onde será que fui parar depois de tantos anos?

Por dias pensei em nunca mais sofrer. Por dias pensei em nunca mais ter que olhar para trás. Mas cada vez que fecho os olhos, minha mente parece querer trazer sua imagem.

O que fiz de nós dois que só existem medos e inseguranças? O que fiz de nós dois que nossos sentimentos não podem se tornar puros novamente?

A todo instante meu pensamento está com você, a todo instante pergunto porque a angústia se mistura tanto com as saudades que sinto dos nossos momentos.

O pensamento não vêm, não consigo me concentrar e tudo o que consigo pensar é que gostaria de escrever um livro em que pudesse ler e esquecer os momentos de mais amargura.

Fico querendo reconstruir fatos em fotos envelhecidas, que tiro mentalmente cada vez que pisco. Fico esperando o elemento surpresa, fico esperando o fato, fico esperando a dor e a solidão, todas as madrugadas que deito sozinha.

Penso em coisas que não deveria. Penso que deveria estar longe de tudo por pelo menos um segundo, perder a consciência e cometer uma loucura daquelas que não se volta mais atrás.

O que irá me salvar de todas essas perguntas sem respostas? O que irá me salvar de perder tudo de vez?"

Sigh no more


Me encontro num montante de loucuras que não somem e não sei quando irão embora. Estupidamente eu me vejo esperando novamente. Esperando por sonhos e milagres inconstantes, esperando por sinais divinos de dias que não voltam atrás. Porque a gente tem uma segunda chance, só não tem é a capacidade absurda de saber reconhecê-los e compreendê-los. Onde foi parar tudo isso? Porque, por mais que eu lamente, nada vai mudar a condição que me encontro, nada vai trazer de volta o que tanto esperei.