quarta-feira, janeiro 23, 2013


Saímos no telhado e não chovia. O céu parecia cheio de estrelas e ele abriu a garrafa de vinho somente puxando a rolha. Ele bebeu e olhou para mim, já me oferecendo a garrafa, aceitei.
Pelo meu corpo passava um arrepio. Eu sentia muito frio e ele cedeu seu casaco, colocando por cima de meus ombros. Me puxou pra perto dele e me abraçou. Pude sentir que seu corpo ainda estava quente. Deitei minha cabeça em seu peito. E ele passou suas mãos em meus cabelos, me dando outro beijo na testa.
‘Vou sentir novamente sua falta. O que será que vai acontecer agora? Tantas coisas diferentes aconteceram nesse meu ano, tenho medo’
‘Não tenha. A gente vive um dia de cada vez, nada mais que isso. E você é jovem, seja lá qual burrada ou qual problema você enfrentar, isso não pode definir sua vida’
‘Você fala como se não tivesse mais escolhas de nada’
‘Eu já fiz escolhas que definiram minha vida. Hoje eu sou o que sou, por causa dessas escolhas. Não faça nada que não possa mudar depois’
‘Se você diz que é o melhor, então deve ser’
Ele me abraçou forte. Pude sentir sua respiração em meus ouvidos. Fechei meus olhos e fiquei ali, me sentindo protegida. Ele olhou então pra mim e disse:
‘Eu vou estar sempre aqui, pra o que você precisar. Nunca esqueça disso’

Passei a mão em seu rosto e ele fechou os olhos. Queria dizer alguma coisa, mas simplesmente não conseguia.
Sentamos então ao chão e ele me abraçou enquanto tomávamos vinho. Nenhuma palavra mais foi dita. Passei a noite segurando em suas mãos, até o dia amanhecer.