sexta-feira, dezembro 30, 2016

Through the looking glass




Preciso muitas vezes ser explícita, e pra satisfazer o meu próprio ego, tentar colocar certos pensamentos em ordem clara, pra que eu possa enxergar o que quero e preciso tanto dizer com isso.


Nem todas as coisas me incomodam, e nem eu fico aqui sentada gastando horas preciosas do meu tempo inútil, pra reclamar do mundinho medíocre que vivo. Vivo nele, e parte da mediocridade, é minha completa culpa. 

quarta-feira, dezembro 28, 2016

Can heaven and hell coexist?

É a vontade que o mundo pare um segundo, enquanto conseguimos respirar de uma só vez. Quero pular de uma altura louca pra que eu possa sentir o ar gelado dentro do meu peito.

Poderia escrever textos intermináveis de como o desejo vai crescendo em mim, mas sei que não preciso. De como tenho vontade, mas não quero.

Quero os dias como todos os outros. Quero pontos de insanidade misturados nessa rotina estúpida de todos os dias.

Quero gritar em silêncio aquilo que só você sabe ouvir. Quero te cobrir e fazer com que você esqueça que lá fora tem as complicações da vida.

Você pode ainda não entender mil coisas, mas pressinto que aprende fácil com as sensações.

Posso te dizer que não sei pra onde está me levando. Mas quero. E quando quero, não desisto.

Só esqueço aquilo que não gosto. Aquilo que não quero.

Poderíamos desaparecer por uns segundos. Tu conheces um sol que ainda não vi, mas também vou conhecer. Já que nossa vida é feita de momentos, tenho os meus pra compartilhar com o mundo e aprender com ele.

Contigo não tenho pressa. Não meço o tempo. Não existem barreiras.


Pode parar comigo onde tudo isso acaba? Pode me deixar cravado novamente o gosto dessa vontade que não vai embora? Porque eu não quero que vá.

Nothing left inside

Seus dedos tocavam o ar numa mistura leve e graciosa. Seus olhos ainda viam o mar de longe, atraíndo para o desconhecido. 

Corria atrás de uma felicidade de onde não podia mais fugir.


segunda-feira, dezembro 26, 2016

Look Right Through Me

Hoje lembrei de ti.

Ouvi aquela música e lembrei de nós conversando até de madrugada, deitados na cama, falando sobre o cotidiano.

Quando fechei os olhos, vi nítida a sua imagem e a cor de seus cabelos. Por um segundo, posso jurar que senti o seu cheiro e ouvi sua voz.

Quando a saudade aperta eu olho pro horizonte, como te prometi. Afinal, nada mais importa e nada mais faz sentido sem a sua presença.


Como é bom sentir-me nos seus braços, perdida, inteira. Se essa não e a melhor sensação do mundo então não sei qual é.
São tantas cofissões caladas presas no peito, a beira de explodirem e tomarem cor, forma
Que me cortam rasgando em mil, a carne presa nos meus ossos

Doem e me adormecem nessa tormenta...

quarta-feira, dezembro 21, 2016

"Fábio conversava comigo e me contava como estava sendo estar ali nos últimos meses, quando de repente eu ouço uma voz familiar atrás de mim.
‘Alice?’
‘Oi?’ – e virei, dando de cara com Matthew, um frio instantâneo na barriga me deu
‘Tudo bem?’ – e se abaixou até meu rosto, me dando um beijo
‘Ah. Tudo. Esse é Fabio, lembra dele?’
‘Sim’
Matthew foi cumprimentar Fábio e pude vê-lo. Seus cabelos mais curtos, uma calça preta e uma camiseta branca lhe vestiam por baixo de uma jaqueta de couro. Seus olhos pareciam mais turquesa, com a melhor aparência que já tinha lhe visto.
‘O que faz em Nova York?’ – ele me perguntou, como se tivesse me visto no dia anterior e nada tivesse acontecido entre nós
‘Vim visitar Fábio que tá por aqui uns meses. E você?’ – não sabia se estava mais surpresa com sua atitude ou com a maldita coincidência
‘Ah, turnê. Fizemos um show ontem e amanhã a noite já vou pra outra cidade’
‘Hum, que bom’
‘Bom, vou deixar vocês a vontade. Foi bom te ver’ – e ele ainda olhou pra mim, me sorrindo
Quando ele se afastou, Fábio me olhou me perguntando já
‘O que foi isso?’
‘Não sei. Só sei que numa cidade desse tamanho eu tenho a sorte de encontrar justo esse homem aqui...’ – lhe disse nervosa
‘Quer ir embora?’
‘Não. Aí vai dar na cara que estou incomodada com a sua presença. E quer saber? Que se dane, tô cansada de ser idiota na vida’ – mentira, estava mesmo era muito nervosa com aquela situação
‘Mas você tá bem?’
‘Tô. Fico é puta da vida com essa cara de pau, depois de quase um ano que nem me procurou pra saber porque eu tinha ido embora, depois de tudo o que ele aprontou comigo, ainda vem aqui e fala comigo como se nada tivesse acontecido!’
‘Pois é. Nem vou falar nada porque nem sei como me comportaria nessa situação’
A comida ainda demorou pra chegar e aquela cena ainda me incomodava. Ainda me virei lhe procurando discretamente e ele jantava em uma mesa um pouco mais atrás de mim, com mais dois caras.
Quando terminamos de comer, já pedimos a conta. Me sentia desconfortável, queria sumir dali. A cara de pau de Matthew tinha sido tanta que eu nem podia acreditar. Saí então pela porta junto com Fábio e vi Matthew do lado de fora, fumando um cigarro.
Fui caminhando com Fábio pela calçada, quando senti meu braço sendo puxado.
‘Alice, espera’ – era Matthew novamente – ‘Eu queria conversar com você’
‘Desculpe Matthew, preciso ir. A gente se fala outra hora’ – e segurei no braço de Fábio que quase atravessava a rua, parando e me vendo nessa situação
‘Alice, por favor. Já faz quase um ano. Eu mereço uma explicação de você ter sumido...’
‘Você sabe porque fui’ – lhe disse com raiva já
‘Alice, por favor. Eu prometo que não vou tomar seu tempo. Também quero me explicar...’ – e me olhou dentro dos olhos, como fazia quando me conheceu, me deixando inerte. Me virei a Fábio, querendo uma solução
‘Alice, tudo bem?’ – me perguntou Fábio voltando até mim
‘Ele quer conversar comigo’ – e me afastei de Matthew
‘Se quiser ficar pra conversar com ele, não tem problema. A gente se encontra em algum lugar, pode ligar pro meu número depois’ – me disse Fábio
‘Fá, eu...’ – me sentia numa confusão de sentimentos
‘Alice, vai. Precisa colocar suas frustrações pra fora, pra poder seguir sua vida’ – disse Fábio
‘Mas, a gente tinha combinado...’
‘Ei, eu me viro. Não se preocupe por minha causa. Não sou Cacá, John ou Lex, que iam ficar putos com uma situação dessa. Eu sei muito bem o que é isso, já passei por isso. Então, vai falar com ele. Depois me liga ou se quiser voltar pra casa, a chave tá naquele lugar que te mostrei’ – e sorriu pra mim
‘Ok. Você me perdoa?’
‘Bonita, não precisa do meu perdão. Precisa ficar bem, de vez, ok?’ – e me deu um beijo
‘Ok’
Me voltei a Matthew, que ainda me esperava, com as duas mãos no bolso.
‘Tem um café aqui perto, é meio vazio, podemos ir pra lá’ – ele me disse
‘Ok’
Fui andando ao lado de Matthew, sem trocar uma palavra e sem ao menos olhar em seus olhos. A sua presença me incomodava e aquele turbilhão de coisas presas na minha garganta me faziam tremer. Entramos então no café e sentei em frente a ele à mesa.
‘Como você está?’ – ele me perguntou enquanto tomava um café
‘Bem. Você?’
‘Bem. O álbum finalmente saiu e a turnê já está acontecendo há umas semanas já’
‘Que bom’ – não conseguia encará-lo
‘E a faculdade?’
‘Termina semestre que vem’
‘Que bom e está trabalhando?’
‘Sim, arrumei um estágio em um jornal’
‘Bom. E a música?’ – ele não me tirava os olhos, me fazendo me sentir cada vez mais constrangida com aquela conversa
‘Desisti. Resolvi focar na faculdade’ – a garganta me doía
‘Hum. E seus amigos?’
‘Todos bem’ – respondia monossilabicamente, as mãos não paravam quietas em cima da mesa, as pernas tremiam
‘Alice, na verdade, eu queria conversar com você porque, tentei contato quando você foi embora, mas não consegui te encontrar e...’ – e Matthew colocou sua mão sobre a minha, se inclinando pra frente na cadeira
‘Matthew, por favor, não...’ – e puxei minhas mãos, prendendo-as entre as minhas pernas
‘Eu queria te pedir desculpas. Nunca fui o cara perfeito’ – ele me olhava nos olhos, sem parar
‘Você mentiu pra mim...’ – a frase saiu e minha garganta doía mais, as lágrimas me vinham aos olhos, de desespero, de dor
‘Eu sei, eu disse que não sou o cara perfeito’
‘Por que? Por que mentiu pra mim?’ – eu era uma indignação só
‘Não sei. Talvez faça parte da minha natureza’ – ele abaixou a cabeça, confessando os seus próprios erros
‘Hum. Ótimas desculpas’ – já sentia raiva daquilo tudo
‘Não. Eu sei que não são’
‘Eu te amava Matthew. Te amava. Você sabia. Como pode?’ – e as lágrimas caíram, de raiva
‘Eu não sei...’ – ele me disse voltando a me olhar nos olhos
‘Não sabe? Era isso que tinha pra falar comigo? Que não sabe?’ – lhe levantei levemente a voz
‘Eu queria te dizer que sinto muito. Talvez tivéssemos que ter separado quando as coisas não ficaram bem entre nós’
‘Sim, quando passei a fazer tudo o que você pedia, me tornando praticamente sua mãe e sua empregada’ – a raiva era grande
‘Não fale assim, Alice. Eu sei que ainda se lembra que tivemos bons momentos’
‘Bons momentos? Os que eu me sujeitei a ser praticamente sua amante, enquanto Liza morava na sua casa, brincando de casinha com seu filho e eu fazia de tudo pra poder ter você? Aqueles em que aceitei qualquer condição e fui me tornando o que você queria que eu me tornasse, uma trouxa que você podia trair e voltar pra cama dela, quando lhe desse na telha?’ – lhe disse com raiva, a veia pulando no pescoço, o corpo inteiro tremendo
‘Eu te quis Alice. Te amei também...’
‘Será Matthew? Será que um dia me amou? Será que você sabe o que é isso?’
‘Sim, claro que sim. Mas não sou perfeito, nunca fui. Não sei ter essa relação que você quer ter e...’
‘Não sabe ter uma relação? Não sabe ter respeito por alguém que lhe devote tempo e carinho? Eu deveria saber, afinal, fui a outra. Aliás Matthew, será que um dia você realmente amou alguém?’ – e aquilo me doía mais
‘Não fale assim, você não sabe. Eu sou...’ – Matthew tentava me explicar o que não tinha explicação
‘Um mentiroso? Obrigada Matthew, obrigada pela honestidade’ – e levantei da mesa, as lágrimas escorrendo, indo embora, andando pela rua, querendo sumir, aparecer em outro lugar, esquecer que aquela conversa existiu
‘Onde você vai?’ – ele falou atrás de mim, me puxando novamente o braço – ‘não terminamos de conversar’
‘Terminamos sim, Matthew. Eu não tenho mais nada pra conversar com você. Me deixe ir’
‘Não, você precisa me ouvir. Aconteceu sim, mas você foi embora sem me ouvir, não significava que eu não gostasse de você’
‘Ah não! Normal então! Eu gosto de você, mas vou pra cama com outra, sua idiota!’ – e gritei, me livrando do seu braço, andando depressa
‘Espera!’ – e Matthew me puxou com força, me colocando o corpo próximo do dele
‘Me larga, Matthew. Me deixa ir’ – ainda falei enquanto tentava me soltar de suas mãos
‘Ah pequena, se você soubesse como ainda me alucina...’ – e Matthew me olhou de perto, me beijando
‘Não Matthew...’ – as lágrimas me escorriam
Matthew voltou a me dar outro beijo. E outro. E outro. E eu tinha me soltado em seus braços. Ainda tinha o mesmo domínio sobre mim, ainda era o homem que tinha me apaixonado perdidamente e ainda me atraía, mesmo sabendo que ele não prestava. No fundo eu sempre soube.
Quando percebi, já dormia em seus braços no quarto de seu hotel e o olhei novamente, não o reconhecia. Algo tinha se quebrado dentro de mim. Enquanto ele dormia, peguei minhas roupas, me troquei e ainda o olhei antes de sair pela porta, como na primeira vez que tinha me entregue a ele. Dessa vez não tinha paixão. Tudo tinha se acabado."