domingo, julho 17, 2016

Thick skin and elastic heart

Será que é a ansiedade, o frio ou a saudade do seu cheiro que me deixa assim, mole, cheia de nostalgias baratas?

Inconfundível sorriso no meio de milhões. Essa vontade louca de estar vivendo intensamente a cada segundo tira a minha concentração.

Eu fecho os olhos e retorno ao essencial, mas só consigo ver uma cena embaçada de sonho, onde vens e toca meu lábio daquele jeito que só a gente conhece.

A sua pele pode se confundir com a minha, misturando tudo aquilo que não me faz mal. Agradeço a preocupação, mas não me prive de passar mais uma noite acordada em seus delírios.

Sinto falta dos meus dias de adolescente, onde eu passeava pela grama verde e deixava aquele sol bater em meu rosto. Matava aula pra ver o sol. Mas sempre fui certa demais pra me libertar das responsabilidades.

Há uns dias tenho estado com uma fotos bem antigas em cima da minha escrivaninha. Aquele sorriso de jovem sonhador que quase perdi. E rio das bizarrices humanas que cometi.

O tempo correndo, correndo, indo lá na frente. Certeza, deve ser a ansiedade. Porque eu deveria estar estudando horrores e só consigo me concetrar na cena embaçada.

É o querer de tantas coisas que se confundem que já não sei o princípio de tudo. Não se compra personalidade. Não se compra interesse. Não se compra espontaneidade. Não se compra conhecimento.

Não se paga a eterna paz de espírito. De ter liberdade de pensamento, de expressão, de alma.

É o frio, então. Tenho quase certeza. Afinal, quem mais odeia o frio que eu?. O sol tem que esquentar, tudo. Derreter. Escorrrer a chuva gelada.

Conversar, ouvir, entender. Tudo é tão fácil aos olhos de quem lê. Tão difícil aqueles que praticam. E você tem os três, quando abre aquele sorriso e faz aquela cara de entendido.


Seu cheiro. Não tenho mais pra onde correr. Seu cheiro que não sai de minhas roupas. Não sai da pele. Não sai da idéia.

segunda-feira, julho 04, 2016

"‘Madrugou hoje, Louis?’ – cheguei por trás dele, o assustando um pouco
‘É. Estava meio atordoado em casa, resolvi sair mais cedo. E você, tudo bem?’
Louis tinha o mesmo ar soturno de quando nos conhecemos, e fazia dias que estava assim, desde que eu tinha me afastado dele. Mas eu estava bem, tinha dormido horas a fio, sem me preocupar com horário ou problemas nenhum, nem ao menos tinha sonhado.
‘Eu? Está tudo bem sim’ – sorri ao olhar pra ele
Esse simples gesto causou espanto em Louis, por um momento notei que ele sorriu levemente e como sempre, sabia que lia meus pensamentos. E aquela foi a primeira vez que quis abraçá-lo.
Entramos no estúdio e fiz rigorosamente o que sempre fazia pelas manhãs. Ficamos conversando por um bom tempo enquanto o resto da banda não chegava. E seu tom soturno foi desaparecendo ao longo da conversa, como se aquela proximidade que tínhamos criado, tivesse voltado num piscar de olhos. Me sentia realmente feliz. Mas lá no fundo, ainda me sentia morta por dentro. Como se algo tão inocente e puro tivesse sido destruído de mim.
Não mais do que de repente, ele me perguntou sem rodeios
‘E seu namorado? Como vai?’
Estava de costas enquanto fazia o café e dei um sorriso quando disse, sem que ele pudesse ver
‘Que namorado?’ – e virei séria, colocando o café em sua xícara
Louis tinha uma expressão de surpresa e até um certo alívio quando disse isso, ele baixou a cabeça e sorriu.
‘Então, quer dizer que o namoro acabou?’ Acabou de verdade?’ – Louis me perguntou num tom de desconfiança
‘Sim, acabou. E acabou de verdade. Nunca mais quero vê-lo’
Louis não disse mais nada, só esticou seus braços pela mesa onde estávamos sentados em minha direção e pela primeira vez em dois meses, toquei suas mãos de ímpeto. Eram ásperas as pontas de seus dedos, mas a pele era fina e macia. Ele tirou a mão debaixo da minha e colocou sobre a minha, apertando e depois voltou a colocar por baixo, segurando ela, sem me olhar nos olhos. Me sentia aliviada e livre, quando continuamos conversando."