terça-feira, março 29, 2022

Will you give in?

 Tem horas que eu tiro forças das entranhas pra não cometer loucuras que meu cérebro pede a todo instante. Eu tenho deixado sinais. Eu tenho feito tudo o que está no meu alcance. Eu tenho tentado ser pró ativa nesse jogo de te querer mais do que eu consiga compreender. Quando esses mundos irão colidir? Quando a vontade vai parar de ser uma ilusão e virar uma realidade? Quanto mais eu tenho que me expor pra que as certezas te atravessem como um furacão sem deixar um tijolo em pé? Eu me sinto desnuda e frágil ao mesmo tempo que me cimento ao chão pra não voar junto e me perder no propósito. Eu sei que você me vê, mas quando será que vai admitir que me enxerga?

segunda-feira, março 21, 2022

Infinito particular



Um ano completo em que comecei a passar pela maior transformação da minha vida. Adoecer me fez perceber que um dia a fortaleza que eu construí em volta de mim ruiu com uma infiltração de pequenas gotas que foram saindo, até explodir em uma enxurrada de emoções que alteraram a minha mente e meu corpo de forma explosiva. Eu chorei, enlouqueci, senti medo, dor e solidão. Meu coração quis despedaçar e se manteve firme ao mesmo tempo que parecia que me apagaria em milissegundos. Eu precisei procurar ajuda quando admiti que estava doente. E rastejei muitos meses até conseguir me levantar com as pernas bambas. Poucas pessoas me viram no meu pior. E todas me seguraram nas mãos e me ajudaram a me por de pé. Uma me carregou no colo, outras me ouviram, outras me ensinaram a ter controle sobre os meus pensamentos e outra entrelaçou os dedos na minha mão e fez com que eu não sentisse medo e me deu a total confiança de que o processo era lento mas ia dar certo em algum momento. Tive pouco contato com o mundo de fora por meses. Tive que aprender a me ouvir, a me aceitar, a entender meus traumas, a expulsar meus demônios, a entender o que quero ou não pra minha vida. Que a palavra não e a palavra sim têm uma força absurda e transformadora. Poucos me abraçaram e passaram as mãos em minha cabeça, com intuito de me mostrarem que eu ia conseguir ser alguém novamente. Quando eu sai pro mundo, sai cheia de insegurança e de uma transformação intensa que eu não sabia se seria capaz de conseguir me manter sã. Uma mulher cheia de sentimentos apareceu, a qual não tem mais medo de se expressar, chorar, sorrir e procurar felicidade em qualquer oportunidade que aparece em minha vida. Pode ser que sim eu aprendi a olhar pra dentro e identificar sinais aos quais eu nunca aprendi. Pode ser que eu não tenha medo de ser clara com as palavras ou criar metáforas pra que elas atinjam um objetivo específico. Mas não tenho mais medo de contar meus segredos e nem de lançar olhares misteriosos a quem quero atingir. Meu grande objetivo agora é nunca mais sentir solidão. Eu só quero me sentir viva, completa, feliz comigo mesma e poder fazer com que alguém esteja disposto a viver meus sonhos loucos, sem ter medo de mim. Não sou mais fortaleza. Sou porta e janelas abertas pra que o sol entre dentro de mim todos os dias

sábado, março 19, 2022

Não se perca ao entrar

 Qual movimento eu devo fazer pra acessar sua mente? Como eu devo me comportar? Quais as melhores palavras pra que eu consiga dizer em código algo que vc decifre prontamente? Será a falta da minha expressão corporal? Ou sera o excesso? Onde tudo isso vai chegar? Eu quero poder te atingir profundamente no peito como um raio perdido no meio do mar. O que eu faço pra poder puxar as pontas dos seus dedos pra que você viva essa insanidade comigo?

sexta-feira, março 11, 2022

Big in Japan

 É uma mistura de sentimentos borbulhantes dentro do meu peito. Ao mesmo tempo que eu peço respostas do universo pra tudo, eu as recebo, ouço, mas tem algumas que me machucam mesmo assim. 

Eu estou em fase de ebulição, pronta pra abraçar a vida. E a rasteira vem de uma forma tão maluca que eu não consigo nem enxergar de onde ela apareceu e me derrubou por completo no chão. 

Eu só sinto o nariz melando e o sangue escorrendo quente pelos meus lábios, de um gosto amargo misturado com a areia que eu aspirei do asfalto. Esse se mistura com o salgado das lágrimas, fazendo com que eu lembre que jurei a mim não derramá-las para o que não fosse importante.

É tão fácil me machucar. Tão fácil me fazer sentir um completo nada, um vazio no espaço que ninguém da importância. O meu sorriso se perde e eu perco cada vez mais a fé que tenho em mim.

Mais fácil ainda é zombar da minha condição de estar destruída. De saber que eu habito esse lugar sombrio onde minha mente sente até um certo conforto. Mas no fundo eu só estou cansada.

Cansada de tentar a todo custo procurar uma fagulha que seja de felicidade. Nem no certo e nem no errado. Me encher de falsas esperanças, de andar em caminhos tortuosos e enlameados, onde meus pés grudam e eu tenho que fazer uma força extraordinária pra mexer qualquer membro do meu corpo.

É um estar flutuando em uma piscina cheia de folhas que grudam na pele e entram com suas raizes cortando a carne que já está mais que dolorida de tanto apanhar.

Eu grito a Deus, ao vento, a noite e ao universo aos plenos pulmões me perguntando o que eu fiz pra me sentir tão humilhada frente ao mundo dessa maneira. Só o silêncio me responde. E geralmente a resposta é sempre a mesma: você não vale o pensamento e nem a empatia de ninguém. 

Lutar com perdas ao longo de toda a minha existência é o que tenho feito com maestria. Se eu não me entupo de psicotrópicos, me entupo de nicotina e glicose. Me entupo de imagens irreais, de vontades podadas, de conversas que talvez nunca irão existir. 

Um tremor de terra me derrubou no chão e me quebrou em mil pedaços. O mundo não tem dó de pisar em cima deles, e esmigalhar o que eu tenho tentado juntar. Não sobrou quase nada. Um monte de migalhas mal-ajambradas que eu colo com cola grosseira. 

Qualquer um que me ver de fora vai reparar que não tenho muito a oferecer. Só a minha dor ou a minha melancolia constante. E no fundo tudo o que eu peço é só um colo pra me deitar e descansar finalmente. Eu só quero parar de sentir solidão. Será que eu não mereço? Só o tempo dirá.

sexta-feira, março 04, 2022

Cleared for the lift off

Cheguei os 42, com uma maturidade que nunca achei que chegaria. Ainda tenho uns tropeços, ainda reconstruo um tijolinho por dia. Mas definitivamente eu sei o que quero e o que não quero. Há dias atrás, eu escrevi um mini texto que uma angústia sufocante que pairava no meu peito:

"Eu vivo pisando em espinhos que me deixam machucada. Meus pés saem feridos e eu sangro tanto quanto sinto minha alma se esvair pelos dedos. E está tudo bem despedaçar minha alma e me expor a dor. São nesses momentos em que meu coração pula incessantemente no meu peito, parecendo que sairá pela boca. Tudo de repente parece parar e eu me sinto mais uma alma perdida no meio de tantas. Um corpo que virará cinzas e que não deixará marcas na vida de ninguém."

Mas hoje eu recebi tanto carinho de lugares tão inesperados, e tanto amor de pessoas que estão comigo, que eu só tenho a agradecer ao universo toda essa energia boa que chegou até mim. Com certeza, em cada pequena palavra, ouvir que você é relevante, especial e admirável por alguém, faz o coração encher de alegria.

Alegria genuina, não aquela alegria ególatra, nem aquela alegria pedante. Alegria de saber que existem pessoas no mundo as quais pude tocar, e deixei uma marca positiva.

Eu digo que hoje eu estou fazendo um ano. Há exatos um ano atrás, todo meu processo de transtorno começou. Aliás, foi duas semanas após eu fazer aniversário que eu fui parar na UPA de SAMU. e daí pra frente, o desespero só tomou conta de mim. Infelizmente essa lembrança ainda não saiu por completo da minha cabeça. Mas eu tenho certeza de que um dia vai sumir. E que eu vou ficar livre dessas amarras que me prendem ainda em um mundo obscuro e sombrio.

Maturidade é também aprender que nem tudo que acontece tem que ser positivo. E que o negativo, também pode trazer lições preciosas na vida da gente. E comigo aconteceu isso. Eu olho fotos antigas e penso que hoje estou muito melhor em vários aspectos. Fisicamente, mentalmente e livre pra me expressar sem viver em uma concha onde as coisas me afetavam e eu engolia passivamente o que eu sentia.

Hoje não tenho mais vergonha de me expressar, de dizer o que penso e nem de tomar atitudes as quais eu vou ter que encarar as consequências depois, mas não ligo. Prefiro sorrir, chorar, sofrer e me alegrar, tudo ao mesmo tempo, na frente de quem for, porque eu me permito a isso.

Cada ano, no meu aniversario eu escrevo um texto, dizendo que estou melhor. Mas talvez esse ano eu realmente abracei esse fato. Abracei essa vontade de me sentir melhor. De ser eu sem ter medo ou problema com isso. A cada dia me sinto vencer um pouco mais. Devagar e sempre.

Estou pronta pra esse novo capitulo que já começou.