sexta-feira, março 11, 2022

Big in Japan

 É uma mistura de sentimentos borbulhantes dentro do meu peito. Ao mesmo tempo que eu peço respostas do universo pra tudo, eu as recebo, ouço, mas tem algumas que me machucam mesmo assim. 

Eu estou em fase de ebulição, pronta pra abraçar a vida. E a rasteira vem de uma forma tão maluca que eu não consigo nem enxergar de onde ela apareceu e me derrubou por completo no chão. 

Eu só sinto o nariz melando e o sangue escorrendo quente pelos meus lábios, de um gosto amargo misturado com a areia que eu aspirei do asfalto. Esse se mistura com o salgado das lágrimas, fazendo com que eu lembre que jurei a mim não derramá-las para o que não fosse importante.

É tão fácil me machucar. Tão fácil me fazer sentir um completo nada, um vazio no espaço que ninguém da importância. O meu sorriso se perde e eu perco cada vez mais a fé que tenho em mim.

Mais fácil ainda é zombar da minha condição de estar destruída. De saber que eu habito esse lugar sombrio onde minha mente sente até um certo conforto. Mas no fundo eu só estou cansada.

Cansada de tentar a todo custo procurar uma fagulha que seja de felicidade. Nem no certo e nem no errado. Me encher de falsas esperanças, de andar em caminhos tortuosos e enlameados, onde meus pés grudam e eu tenho que fazer uma força extraordinária pra mexer qualquer membro do meu corpo.

É um estar flutuando em uma piscina cheia de folhas que grudam na pele e entram com suas raizes cortando a carne que já está mais que dolorida de tanto apanhar.

Eu grito a Deus, ao vento, a noite e ao universo aos plenos pulmões me perguntando o que eu fiz pra me sentir tão humilhada frente ao mundo dessa maneira. Só o silêncio me responde. E geralmente a resposta é sempre a mesma: você não vale o pensamento e nem a empatia de ninguém. 

Lutar com perdas ao longo de toda a minha existência é o que tenho feito com maestria. Se eu não me entupo de psicotrópicos, me entupo de nicotina e glicose. Me entupo de imagens irreais, de vontades podadas, de conversas que talvez nunca irão existir. 

Um tremor de terra me derrubou no chão e me quebrou em mil pedaços. O mundo não tem dó de pisar em cima deles, e esmigalhar o que eu tenho tentado juntar. Não sobrou quase nada. Um monte de migalhas mal-ajambradas que eu colo com cola grosseira. 

Qualquer um que me ver de fora vai reparar que não tenho muito a oferecer. Só a minha dor ou a minha melancolia constante. E no fundo tudo o que eu peço é só um colo pra me deitar e descansar finalmente. Eu só quero parar de sentir solidão. Será que eu não mereço? Só o tempo dirá.

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