sexta-feira, março 04, 2022

Cleared for the lift off

Cheguei os 42, com uma maturidade que nunca achei que chegaria. Ainda tenho uns tropeços, ainda reconstruo um tijolinho por dia. Mas definitivamente eu sei o que quero e o que não quero. Há dias atrás, eu escrevi um mini texto que uma angústia sufocante que pairava no meu peito:

"Eu vivo pisando em espinhos que me deixam machucada. Meus pés saem feridos e eu sangro tanto quanto sinto minha alma se esvair pelos dedos. E está tudo bem despedaçar minha alma e me expor a dor. São nesses momentos em que meu coração pula incessantemente no meu peito, parecendo que sairá pela boca. Tudo de repente parece parar e eu me sinto mais uma alma perdida no meio de tantas. Um corpo que virará cinzas e que não deixará marcas na vida de ninguém."

Mas hoje eu recebi tanto carinho de lugares tão inesperados, e tanto amor de pessoas que estão comigo, que eu só tenho a agradecer ao universo toda essa energia boa que chegou até mim. Com certeza, em cada pequena palavra, ouvir que você é relevante, especial e admirável por alguém, faz o coração encher de alegria.

Alegria genuina, não aquela alegria ególatra, nem aquela alegria pedante. Alegria de saber que existem pessoas no mundo as quais pude tocar, e deixei uma marca positiva.

Eu digo que hoje eu estou fazendo um ano. Há exatos um ano atrás, todo meu processo de transtorno começou. Aliás, foi duas semanas após eu fazer aniversário que eu fui parar na UPA de SAMU. e daí pra frente, o desespero só tomou conta de mim. Infelizmente essa lembrança ainda não saiu por completo da minha cabeça. Mas eu tenho certeza de que um dia vai sumir. E que eu vou ficar livre dessas amarras que me prendem ainda em um mundo obscuro e sombrio.

Maturidade é também aprender que nem tudo que acontece tem que ser positivo. E que o negativo, também pode trazer lições preciosas na vida da gente. E comigo aconteceu isso. Eu olho fotos antigas e penso que hoje estou muito melhor em vários aspectos. Fisicamente, mentalmente e livre pra me expressar sem viver em uma concha onde as coisas me afetavam e eu engolia passivamente o que eu sentia.

Hoje não tenho mais vergonha de me expressar, de dizer o que penso e nem de tomar atitudes as quais eu vou ter que encarar as consequências depois, mas não ligo. Prefiro sorrir, chorar, sofrer e me alegrar, tudo ao mesmo tempo, na frente de quem for, porque eu me permito a isso.

Cada ano, no meu aniversario eu escrevo um texto, dizendo que estou melhor. Mas talvez esse ano eu realmente abracei esse fato. Abracei essa vontade de me sentir melhor. De ser eu sem ter medo ou problema com isso. A cada dia me sinto vencer um pouco mais. Devagar e sempre.

Estou pronta pra esse novo capitulo que já começou.

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