quarta-feira, junho 19, 2013

Que Deus me perdoe...
Ela olhava para o horizonte vendo o sol se por naquela tarde, olhando fixamente pelo muro. As mãos no bolso significavam algo que queria guardar loucamente, mas já não podia mais. Seu rosto tinha uma expressão de dor contida, como já não sentia há uns bons anos.

Aquilo tinha que tinha que acabar. De uma forma ou outra. Se entregou tanto a sentir algo tão tranquilo que esqueceu as turbulências do mundo. E aquele vai e vem de problemas tinha se tornado uma constante nos últimos meses.

Ele chegou quieto. Seus passos eram leves mas não entendia o por que daquela comoção. E por minutos ficou olhando a cena junto com ela, sem trocar nenhuma palavra.

- Você gosta dessas coisas, né? - disse ele quebrando o silêncio

- Sim, e vou gostar a minha vida toda. É tudo tão tranquilo quando a gente vê a natureza fazer seu papel, sem reclamar. A gente reclama toda hora, de tudo, sem ao menos notar que o mundo se vira sem a gente.

- E por que me chamaste?

Ela então se virou e olhou bem em seus olhos. Queria dizer que chamou só porque tinha saudades, mas não eram só as saudades que lhe traziam ali. Eram também as dúvidas, a confissão.

- Te chamei pra dizer que te amo...

Ele olhou com um ar descrente a tudo aquilo. As palavras saíram tão firmes que ele quase não acreditou no que ouvia.

- E dizer que te amo, não pode ser dito pelo telefone. Tem que olhar no olho, ver a verdade estampada no rosto do outro. E ver a mesma reação que vi em seus olhos.

- Eu sei, mas... o que aconteceu?

- E pra amar alguém precisa acontecer alguma coisa? Precisa ter hora marcada? Pessoa certa?

- Não, não precisa, mas não foi isso que quis dizer....quis dizer, como se...

- Se você é a pessoa errada? Eu também me perguntei. Mas não teve explicação. O fato é que você não pertence ao meu mundo, não faz parte de tudo o que acredito, não tem as mesmas expectativas da vida que eu, mas aconteceu...

- Olha, você é uma pessoa maravilhosa...

- Mas sou mulher, não menina. Não me iludo facilmente com as coisas. Pode acreditar, todas as coisas que você poderá me dizer, eu já pensei.

Por um segundo, uma raiva cresceu dentro dele. Ela tinha todas as respostas, prontas, claras. O que teriam que discutir? Mas ela mexia em seus cabelos e ele podia lembrar do primeiro dia que a viu...

- O problema de tudo isso é que eu também sei, que seus sentimentos por mim não vão muito longe...

- Você não pode assumir o que não sabe! Você não está dentro de minha cabeça pra saber o que eu sinto ou deixo de sentir! Sabe, você está assumindo todas essas coisas porque acha que sabe de tudo da vida, que é experiente e tudo mais... - a raiva dele crescia..

- E se você tivesse esse mesmo sentimento estaria então agindo dessa forma? - ela sorriu serenamente...

- O que você queria de mim? Você me desprezou por tanto tempo, se defendendo de algo que eu nunca consegui enxergar. Você sempre se demostrou alheia a qualquer atitude que eu tomasse...

- Não me importo com mimos, meu querido. Me importo com a sua expressão, como o seu corpo reage junto ao meu. Como me olha, como me beija. O seu sorriso. Com isso que me importo. Me importo com o comprometimento. Mas como você joga toda a responsabilidade dessa relação nas minhas costas? Ela foi feita a dois...

- Mas tinhamos um trato...

- Trato que nunca existiu. E eu simplesmente sinto, só.

- Não sou o cara certo pra você e você sabe disso...

- O que é ser certo nessa vida? Não dar mancadas? Não brigar? Ser perfeito? O perfeito não existe. E se existe, é chato pacas...

Ele queria contra argumentar. Não que não tivesse nenhum sentimento por ela. Tinha. Gostava de sua companhia, suas conversas, do seu jeito de encarar a vida. Talvez gostasse mais dela do que ela mesmo imaginava. Mas nunca tinha pensado até ali se era amor. Ela por força de expressão, rompeu novamente o silêncio:

- Mas estou abrindo mão. Abrindo mão porque não quero mais sofrer, nem te fazer sofrer...

Ele se aproximou dela rapidamente e pegou sua mão...

- Não espera, as coisas não podem ser assim...

- E serão como? Um dia estaremos os dois quebrados, tentando ser fortes, lutando contra o que realmente queremos. E reclamando. Olha lá o sol se pôs e amanhã fará a mesma coisa porque é assim que tem que ser.

- E a na vida da gente faz nossas próprias escolhas...

- Entendeu o por que te amo agora?

- Sim...

O mundo continuou por todos os dias, mesmo sabendo que mais um amor terminou...
"Está gritando de novo garota? Não vê que é em vão?" - dizia a mulher de cabelos vermelhos olhando fixamente a garota no chão, enquanto suas lágrimas caíam sem que ela mesmo percebesse - "Ninguém vai lembrar de você quando as cortinas fecharem. Talvez nem derramem uma lágrima"
"Por que você tem que ser tão cruel?" - respondeu a menina, sem alterar seu tom de voz, sem ao menos levantar seus olhos
"Cruel é o que você causa a você mesma" - disse a mulher de cabelos vermelhos, em um tom de escárnio
"Chega! Ouvi seus conselhos, esperei pacientemente, fiz tudo diferente e o que me sobrou? Você pra acabar com o resto que sobrou de mim? Pra dizer que não haverá ninguém nesse mundo que possa derramar uma lágrima por mim? Que o mundo é feito de crueldade e que eu não sou diferente de ninguém? Que sou uma má pessoa? Eu não sou uma má pessoa! EU NÃO SOU, VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO!" - levantou-se a menina em direção a mulher de cabelos vermelhos, com uma raiva insana, uma expressão de dor que nunca tinha se visto antes.
"E o que vai fazer, vai me bater? Descontar sua raiva em mim? Descontar suas frustrações?" - disse impassível a mulher de cabelos vermelhos
"Você se diz tão forte, tão completa, mas não passa de um ser sozinho como eu. Me diz essas coisas porque se sente assim. Se olha no espelho e se pune todos os dias, pelas boas e más escolhas. Pelas coisas que pode e que não pode mudar. Pela solidão quando coloca a cabeça no travesseiro e vê que o amor nunca aconteceu. Foi um sonho. Ou como pode pensar, um completo pesadelo. Você não é diferente de mim, nenhum pobre diabo derramará uma lágrima quando você se for"- seus olhos fixos de frente a mulher que não se movia.
"Você acha que porque teve um impeto de..."
"Não, você acha! Cheia de conselhos e fortalezas e olha aonde eu cheguei. No fundo de tudo. No fundo de mim mesma. Pode ser que ninguém me ame, que ninguém sinta minha falta, mas a sua ninguém vai sentir também. Acabou. Talvez um dia você se perdoe. Talvez um dia eu me perdoe"
E a menina seguiu, deixando a mulher de cabelos vermelhos a olhando ir, sem pronunciar uma palavra.

terça-feira, junho 18, 2013

"This is our last goodbye
I hate to feel the love between us die
But it's over
Just hear this and then I'll go:
you gave me more to live for,
more than you'll ever know.

This is our last embrace,
must I dream and always see your face
Why can't we overcome this wall
Baby, maybe it is just because I didn't know you at all.

Kiss me, please, kiss me
But kiss me out of desire, babe, and not consolation
You know,
it makes me so angry 'cause I know that in time
I'll only make you cry, this is our last goodbye

Did you say "no, this can't happen to me,"
and did you rush to your phone to call?
Was there a voice unkind in the back of your mind saying,
"Maybe...you didn't know him at all."

Well, the bells out in the church tower chime 
Burning clues into this heart of mine
Thinking so hard on her soft eyes and the memory
 
 Of her sighs that, "It's over...it's over...""

Jeff Buckley - Last Goodbye

sábado, junho 08, 2013

O que se faz quando temos que se desfazer das coisas boas?

domingo, junho 02, 2013

Quando alguém aceitar uma decisão importante resignadamente, sem lutar ou sem questionar, é o fim. Ou melhor, quer que seja o fim.
Ninguém muda pelo outro. Essa entrega não pertence aos seres humanos.

"Sabe garota, essa dor nunca vai passar. Esquece de verter lágrimas, elas não servem para nada a não ser para te convencer que as coisas um dia poderiam ser diferentes.
Nada é diferente. A vida é como ela é. Não há nada que a gente queira muito que as circunstâncias não irão fazer com que tudo mude.
Você pode ter todas as atitudes do mundo, todas as vontades, só dizer a verdade e nada de bom vai acontecer, assim, genuinamente. O mundo não acredita em verdades. Acredita em histórias fantasiosas. Enchem o mundo de mentiras pois assim é mais fácil de viver. E é nisso que elas acreditam.
O mundo é cheio de nuances que não se dá pra mudar. Numa hora está tudo certo, na outra, se instala um terror sem igual.
As pessoas não nos querem. Elas querem uma versão das coisas que elas mesmo acreditam existir. Elas não estão dispostas a mudar, elas querem te mudar, te fazer a um espelho daquilo que as fazem felizes.
A realidade é dura e é difícil de aceitar. Guarde seus sentimentos dentro de você, o mundo não quer saber deles"
O que você acredita, não necessariamente se torna verdade.

Tudo o que eu quis na minha vida foi parar de sentir dor. E tudo o que consigo é só sentir dor. Esse processo parece que nunca vai desaparecer. Eu sempre quis uma vida normal. Queria ser como todo mundo. Queria nunca mais sentir dor. Minha vida parece me mostrar que isso não é possível. A dor se faz presente. Me corta em mil pedaços, me transforma em algo que nem eu mesmo consigo reconhecer. E tudo que mais jurei todas as vezes que sofri é que essa seria a última vez. O mais engraçado é que a próxima vez sempre me acha.

Por mais que eu tente me livrar do sofrimento, ele me persegue e me acha, não importa a circunstancia. E me sinto patética e fraca pq por mais que eu diga que nada vai me atingir, eu consigo com que me arrebate de uma maneira inigualável.

Enquanto o mundo acontece lá fora, eu fico aqui, pensando no que poderia ser em vez de o q realmente é. E eu sempre cedo. Eu sou boa demais. Sou tão boa que todo mundo me faz de idiota. Por mais que eu grite e esperneie, eu cedo.

Mas eu to tão cansada. To tão cansada de sentir demais e sofrer demais e saber demais. Meu coração parece que vai explodir e as coisas vão simplesmente acabar. E eu só queria que acabasse. Só queria que essa fosse a última vez que eu sinto dor.