terça-feira, maio 17, 2016

"Os meses se passaram. Ainda falei com Alice algumas vezes antes de viajar a Europa, mas depois nossas ligações terminaram. Não ia conseguir contato com ela por um tempo.
Eu voltava a me sentir só, sem perspectivas de nada. Os shows na Europa não demorariam muito a acabar e as saudades que sentia de Alice eram doloridas.
Quando tinha um dia de folga na turnê, ia pra algum bar e bebia até me entorpecer. No dia seguinte, acordava com uma garota diferente em minha cama, me fazendo sentir um completo traste.
Voltei a me sentir soturno e cínico. Isso me movia, me motivava a continuar. Ter alguém por simples prazer foi uma válvula de escape que encontrei pra esquecer de Alice.
Mas quando meio entorpecido, fechava os olhos e beijava uma outra mulher, a minha garota de cabelos loiros e olhos negros sorria pra mim. E eu só saia do transe quando olhava pro lado e via que não era ela.
Nada me fazia esquece-la. Fui acumulando mulheres no caminho que passava, procurando desesperadamente achar alguém como ela. Era completamente inútil.
Logo que voltei a Seattle, Alice ainda estava em Los Angeles, gravando com Matthew e por telefone ela já parecia distante. Praticamente não me ligava mais e quando me atendia, falava rápido, sempre superficialmente.
Eu me perguntava porque tinha a deixado ir aquele dia. Que medo louco eu tinha tido naquele final de semana de perde-la e aparentemente a tinha perdido.
Em seguida da minha volta, minha mãe ficou muito doente e eu fui cuidar dela por um tempo. Outras garotas eu acumulei, outras camas me faziam querer esquecê-la, mas eu não conseguia.
Quando voltei a Seattle, Alice não me atendia mais. Ela mandava dizer que retornava a ligação, mas era só uma mentira. E eu passava o dia como um bobo, esperando ouvir sua voz.
Sabia onde ela morava, mas também tinha orgulho. Depois de um tempo, mesmo gostando dela, não queria que ela pensasse que poderia abusar do meu sentimento.
Me enfureci com isso por várias vezes. Com raiva de tudo. Dela, de mim, de seu sumiço. Não queria falar com ninguém e não queria mais saber dela. Parei de procura-la.
Mas era só o álcool me entorpecer que o desejo que sentia por ela voltava. Outras mulheres não me satisfaziam mais, eu sozinho não me satisfazia mais. Sentia sua falta, era inegável.
Já era inverno em Seattle. Sete meses fazia desde que tinha visto Alice pela última vez. Suas gravações tinham terminado e Matthew já estava até em turnê. Nenhuma palavra dela, nenhuma noticia."

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