domingo, janeiro 15, 2023

Every time I reach for you, you slip through my fingers

 Talvez eu tenha perdido a luta, a batalha, a guerra. E com isso a minha sanidade, minha vontade, meu ímpeto e até o que eu tenho de bom tenha sumido dentro de mim. Não há meios da vida não me mostrar a realidade. Eu não sou digna. Não sou digna nem de consideração. Não sou digna de uma palavra sequer. Um sinal. Um afeto nem que seja por pena. Não sou digna de ser vista, ouvida, compreendida e respeitada. Qualquer ser pode me machucar. Eu tô pronta pra isso. Pronta pro descaso. Pra dor. Pra indiferença. 

Não há nada que doa mais que a indiferença. O afastamento. A falta de explicação plausível. A dor reside em mim. Porque é fácil me chutar como um papel amassado no chão. É fácil me desprezar porque o que eu sinto não faz diferença. Nunca fez. 

Pro mundo eu sou descartável. Invisível. Insignificante. Me machucar é o prazer que ele tem. E sempre ele me mostra que eu vou ser cuspida desse planeta a qualquer momento. Porque não sou nada. Sou só mais um ser que caminha sobre ele sem propósito ou sem sentimentos.

E eu sinto. Tudo. Tanto. E dói. Tanto. Tudo. Mas não faz diferença. Eu não mereço. Nem nunca vou merecer ser tratada como um ser humano. Porque a alma perdeu seu brilho. A alma se esvaiu. 

Eu sou só um pedaço de carne feio e exposto em uma geladeira de supermercados que ninguém vai levar. Um pedaço de carne que vai apodrecer e voltar pra terra. Sem finalidade. 

Um ser desajustado, mal alinhado, esquisito, feio e incapaz de provocar um sentimento qualquer em alguém. A não ser total desprezo. Não tenha medo. Eu só mereço o esquecimento. 

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