quinta-feira, novembro 03, 2022

Spiralling

Toda vez que tenho que me adaptar a uma nova mudança, me vejo em uma espiral de não saber se irá dar certo ou se simplesmente vou continuar estagnada no mesmo lugar. Tem horas que me pergunto o que mais eu posso fazer porque já fiz tudo e mais um pouco além daquilo que gostaria. 

Às vezes eu tento fazer piada com a minha condição. Mas a verdade é que ela me deprime e me apavora em certos momentos. É uma sensação de vazio e estar só constante. É uma sensação de derrota a cada momento que eu deixo um pensamento negativo ou alguém com qualquer atitude me ferir de maneira plena.

Eu nunca soube lidar com situações as quais eu sinto que tenho que me impor e mostrar o meu real valor. Eu me acovardo e deixo as pessoas tomarem rápido o lugar que eu gostaria que fosse meu. Eu tento a todo custo ser alguém diferente e aí vem outra pessoa e toma pra si o protagonismo de tudo aquilo que eu vou construindo com pequenos ladrilhos.

Eu me acovardo frente a situações, principalmente quando elas dizem respeito aos meus sentimentos e minhas vontades. A barreira que me impede é tão real, que eu logo quero me esconder num canto com medo de ser ridicularizada por qualquer situação.

Eu admito, tenho medo de ser ridicularizada. Já fui muito. Tanto fisicamente, quanto psicologicamente. E fisicamente é o que mais me dá medo e me lembra da explosão de sentimentos ruins que eu ainda tenho ao relembrar disso.

Eu posso falar mil vezes sobre mudanças e sobre o como tudo isso me afetou positivamente, mas a verdade é que não me vejo. Não me enxergo. Me olho no espelho e não me acho agradável, bonita ou atraente. Não me sinto segura, não acho que eu tenho argumentos melhores que qualquer outra pessoa pra conquistar aquilo que quero. Ainda me sinto aquela menina de 15 anos, esquisita, com os cabelos presos, de óculos e que se enfiava no fundo da sala, coberta pelas roupas largas e os olhos fixos na folha de caderno fingindo não ouvir as pessoas caçoando do quanto desengonçada eu era.

Eu ainda sou essa menina, que quando se vê em frente a um impasse, uma situação em que precisa confiar em si mesma, sente a mesma sensação de profunda tristeza em saber que as pessoas se importam tanto com o que veem e não com o que sentem de verdade.

Eu não tenho vergonha de me expor de maneira negativa. Acho que tenho esse comportamento exatamente porque esse lugar é onde me sinto mais confortável. O de me sentir ridicularizada, o de achar normal que alguém me ridicularize. O de achar natural alguém vir e querer levar aquilo que eu gostaria porque me sinto inferior e incapaz de me impor como gostaria.

O medo ainda me paralisa. O medo ainda faz com que eu perca a confiança naquilo que todo dia tento construir.


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