segunda-feira, junho 22, 2015

O dia em que conheci Mark Lanegan



Eram nove horas da noite quando entrei no Cine Jóia, num sábado frio e com uma garoa fina e gelada. Era a primeira vez que ia ver Mark Lanegan de perto. Mas quem é Mark Lanegan?
Lanegan foi o cara de Seattle. Amigo de Kurt Cobain, de Layne Stanley. Dono de umas das vozes mais peculiares que já ouvi e escritor de músicas tristes e melancólicas e que além de ter tocado no Screaming Trees num passado muito remoto, me fazendo lembrar que tinha doze anos quando lhe vi pela primeira vez num video clip, ainda tocou com uma caralhada de gente tanto de Seattle, como de outros lugares e manteve sempre uma carreira solo, colocando pra fora suas frustrações.
Lanegan entrou no palco todo soturno sem nem dizer boa noite. Bem mais velho do que lhe tinha visto pela primeira vez na TV, sem os cabelos compridos  e um rosto bem já marcado pela idade, ele soltou uma voz ainda bem firme quando começou a cantar suas músicas.
Sinceramente, nunca tinha visto ninguém tão alto. E olha que vi o Chris Cornell de perto e o cara parece uma tampa perto do Lanegan, imagina o pobre do Eddie Vedder, deve sumir. Mas não se move. Um pouco mais de uma hora de show e nem sua expressão muda, mexe levemente uma de suas pernas e só. Fico me perguntando se tem alguma relação com ter quebrado as pernas quando mais novo (inclusive dizem que não virou jogador de basquete por causa disso, mas pode ser só boato).
Enfim, Lanegan apesar de todas as suas esquisitices, mesmo com uma aparência extremamente cansada, fez um showzaço, focando no seu material novo. Eu fiquei gritando que nem louca pedindo um monte de música que ele não tocou? Óbvio, essa é a minha característica em qualquer show. Pra mim, foi altamente gratificante poder ver alguém tão próximo relacionado a algo tão marcante e importante em minha vida.
O show terminou sim com aquele gosto de quero mais, felizmente o inesperado aconteceu. Lanegan pediu pra anunciar que faria um meet&greet depois do show, ali mesmo na pista, fazendo com que uma galera se digladiasse pra comprar alguma coisa dele em um stand montado dentro do Cine Jóia, pra que ele assinasse.
Uma hora até tudo ficar pronto, poucas pessoas na minha frente. Deu até um nervosismo quando apertei suas mãos geladas e tatuadas, foi difícil só esticar o cd pra ele autografar e não dizer nada. Quando lhe agradeci pelos mais de 20 anos de música que fazia parte da minha vida, dizendo que era a primeira vez que lhe via ao vivo e que estava realmente muito feliz de poder ter aquela oportunidade, me sentindo tão besta e as pernas meio moles, fiz o homem que não sorria me olhar no olho, me agradecer de volta e sorrir. Foi só abraça-lo e tirar a foto. Magicamente a garota adolescente de tantos anos atrás, que nunca imaginou passar por um momento desses, fez com que meus olhos se enchessem de lágrimas e o sorriso não saísse mais do rosto por dias.
São esses pequenos detalhes da vida que fazem toda a diferença.
Obrigada Mark Lanegan, por tudo, mesmo.

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