Eu nasci. E celebrei minha vida sem medos e cheia de felicidades. Cada momento, desses últimos três dias foram especiais.

Foi pra isso que vim. Pra sentir o mundo pulsando loucamente lá fora. Pra ver que há vida fora dessas minhas quatro paredes. E nesses útimos dias, celebrei a vida.

Ter o privilégio de ver o dia nascer, e o sol queimar suas retinas. Ouvir palavras de carinho. Ter respeito por si mesmo, e respirar o ar, com o sentimento leve de missão cumprida.

Celebrei as conversas malucas. As risadas. Os dias cantando até de madrugada. A música. O beijo molhado. As descobertas, as redescobertas.

Lembrar a primeira vez que vi a praça linda na Vila Madalena. O pôr do sol no mirante do MASP. As conquistas que alcancei. Os dias que trabalhei até tarde, onde minhas costas doíam. As noites mal dormidas de preocupação. As noites mal dormidas de excitação. As noites bem dormidas de desejo satisfeito. As noites em claro ao som de música alta e companhia perfeita. O dia de descanso após a vida alucinante.

A pele de cetim, a Praça do Relógio na USP, o suor escorrendo pela testa, a coincidência e a liberdade.

Todo homem deveria ter o direito de viver tudo aquilo que pode. Deveria ter o direito de não passar privações e nem se tornar vil pelas circunstâncias.

Antes, achava que meus braços eram curtos e não podiam abraçar o mundo. Mas hoje sei que posso abraçar o mundo. E que tudo aquilo que a gente sonha, acontece.

Não deixo mais um momento passar sem registro. E sem documentação. Aprendi com minha profissão. E sou capaz de conseguir o que quero porque não fujo da luta. Não me retiro. Não me permito.

"Só tem presente, aquele que teve passado. E aquele que não aprendeu com o passado, nunca vai ter futuro", disse meu irmão hoje, olhando bem nos meus olhos. Não podia ter frase perfeita pra completar esses meus últimos dias.

E só tenho a agradecer por cada pessoa que fez com que eu entedesse que estar viva, era o melhor negócio que qualquer ser humano podia fechar pra si mesmo.

Esse mundo material é só uma representação daquilo que a gente realmente precisa. Afinal tudo tem seu preço. E com esforço eu consegui curtir todos os momentos dessa minha era.

Quem numa quinta feira com chuva tem a oportunidade master de ver seu cantor preferido a cinco metros de distância e perceber que tudo o que existiu, nas suas convicções malucas valeram a pena. Que aqueles dois minutos em que seus olhos se cruzaram, valeram a espera, o sentimento, a loucura...

Xiita, eu? Certeza!

Que o Teatro é Mágico, e que através dele a gente conhece gente que parece que estava predestinada a encontrar...

Que orkontros são mais que orkontros, e que amizades são importantes, necessárias, imprescindíveis. Que as pessoas que mais te irritaram, estão com você, até debaixo d'água, pra te fazer sentir especial...

Que beber do balde, faz bem, faz mal...faz beeeem...

Que beber tequila faz bem, faz mal....faz maaaal...

Que carona pra estranhos pode ser inesquecível...

Que há coisas que não devemos mexer...e que há coisas que se não nos envolvermos, nunca vamos saber se são maravilhosas...

Que dormir pouco faz parte...e que trabalhar no dia seguinte é ruim...mas que a gente agüenta...

Que as lágrimas são salgadas pra te lembrar que o corpo gastou uma energia absurda pra produzí-las...e que elas só devem sair numa ocasião especial...

Que estar feliz vai além de tudo...e que é efêmero, então devemos aproveitar...

Que dentro de quatro paredes vale tudo...até dentro de quatro portas...

Que a culpa é problema de quem deve...e não de quem sente...

Que não devemos esconder o que pensamos...e pra isso, não precisamos magoar ninguém no processo...

E que quando a gente sonha, fehxa os olhos, lembra da pele, do beijo, do cheiro, da situação e de como as coisas aconteceram...

E que cada vez que vivo, quero que seja pra sempre, porque lá no futuro, a gente lembra de tudo, recorda cada momento e alia ao seu conhecimento...a gente aprende a cada dia. E a inteligência é um exercício que devemos praticar, pra que nunca caia no esquecimento.

Eu agradeço a essa nova era que começa.