terça-feira, janeiro 29, 2008
segunda-feira, janeiro 28, 2008
domingo, janeiro 20, 2008
Era no ritmo alucinante da música que tocava insistentemente em seus ouvidos que ela olhava pela janela do ônibus, vendo as gotas da chuva baterem no vidro...as pessoas caminhavam na rua num movimento lento e displicente pensando em suas próprias vidas...
A cidade tinha desses repentes onde as pessoas pouco se importavam com as vidas dos outros...e as pessoas não sabiam de histórias, nem de contos...e não sabiam de sentimentos e sensações...ela podia pensar alto...que ninguém daria a mínima importância...afinal, a loucura vivia próxima de cada um, mas era mais fácil ignorar do que entender...
Lembrava-se da noite que passara dançando loucamente, colocando pelos seus poros tudo aquilo que tinha de ruim dentro de si...e tinha visto ali, no seu transe místico dois olhos belos que a acompanhavam insistente pelo local...
O corpo pingava um suor amargo com gosto de uma dor que insistia em querer lembrar...enquanto fechava seus olhos e sentia a vibração pulsar junto com seu coração, sabia que era necessário estar ali, pra despir seus medos e jogar tudo no chão...
Mas a noite tinha acabado no momento em que seus olhos se abriram...e lembrava que a semana ia ser cansativa como todas as outras...
Agora estava ali, de volta pra casa, sentada em um ônibus que começara a encher, cansada de seu dia de trabalho...
Era possível que todas aquelas pessoas se sentissem como ela...com suas histórias...com suas sensações...era possível que muitas delas colocassem suas frustrações pra fora de variadas maneiras...era possível que muitas delas agora estivesses tristes, alegres, cansadas, desanimadas, excitadas...
Resolveu descer no próximo ponto...queria descer, tomar chuva, correr...queria ser...enquanto andava na rua pisando nas poças que as pessoas desviavam apressadas, ouvia a voz da sua consciência dizendo que teria sido idiota se tivesse estragado sua vida...
O mundo continuaria magestoso, enquanto ela, estaria louca, presa dentro de suas próprias insignificâncias, e meia dúzia de seres humanos imbecis ririam de sua falta de bom senso...só comprovaria a todos eles que tinham conseguido destruir sua vida...
A mentira era realmente a pior praga que o mundo poderia inventar...se até Judas tinha mentido levando o filho do seu Deus a ser crucificado, o que um simples humano poderia fazer com mentiras contadas de maneira tão engenhosa?
Os humanos tem poderes que nem podem imaginar...e dentro dela tinha surgido uma força que ela não explicava...tinha vergonha de ter sido tão cega e tão obstinada em acreditar em mentiras...
Tinha vergonha de ter sido tão patética e tão frágil que não queria entender que estava certa, acreditanto que estava errada, pra se enganar pensando que tudo não passava de um pensamento ruim dentro de seu peito....
Quando parou em frente ao muro do mirante, a chuva caía em gotas grossas sobre seu rosto...seu corpo tinha a mesma sensação daquela noite e dentro de suas boas lembranças, sentia o sabor doce que aqueles belos olhos tinham deixado em seus lábios...
Sorria, pela primeira vez em semanas...sorria porque sabia que a liberdade não tinha preço...porque sabia que sentir era realmente inexplicável...porque a felicidade é genuína e depende somente da vontade de cada um...
Sorria porque sua alma retornava novamente em seu corpo...estava viva e nada mais poderia lhe atingir...
A cidade tinha desses repentes onde as pessoas pouco se importavam com as vidas dos outros...e as pessoas não sabiam de histórias, nem de contos...e não sabiam de sentimentos e sensações...ela podia pensar alto...que ninguém daria a mínima importância...afinal, a loucura vivia próxima de cada um, mas era mais fácil ignorar do que entender...
Lembrava-se da noite que passara dançando loucamente, colocando pelos seus poros tudo aquilo que tinha de ruim dentro de si...e tinha visto ali, no seu transe místico dois olhos belos que a acompanhavam insistente pelo local...
O corpo pingava um suor amargo com gosto de uma dor que insistia em querer lembrar...enquanto fechava seus olhos e sentia a vibração pulsar junto com seu coração, sabia que era necessário estar ali, pra despir seus medos e jogar tudo no chão...
Mas a noite tinha acabado no momento em que seus olhos se abriram...e lembrava que a semana ia ser cansativa como todas as outras...
Agora estava ali, de volta pra casa, sentada em um ônibus que começara a encher, cansada de seu dia de trabalho...
Era possível que todas aquelas pessoas se sentissem como ela...com suas histórias...com suas sensações...era possível que muitas delas colocassem suas frustrações pra fora de variadas maneiras...era possível que muitas delas agora estivesses tristes, alegres, cansadas, desanimadas, excitadas...
Resolveu descer no próximo ponto...queria descer, tomar chuva, correr...queria ser...enquanto andava na rua pisando nas poças que as pessoas desviavam apressadas, ouvia a voz da sua consciência dizendo que teria sido idiota se tivesse estragado sua vida...
O mundo continuaria magestoso, enquanto ela, estaria louca, presa dentro de suas próprias insignificâncias, e meia dúzia de seres humanos imbecis ririam de sua falta de bom senso...só comprovaria a todos eles que tinham conseguido destruir sua vida...
A mentira era realmente a pior praga que o mundo poderia inventar...se até Judas tinha mentido levando o filho do seu Deus a ser crucificado, o que um simples humano poderia fazer com mentiras contadas de maneira tão engenhosa?
Os humanos tem poderes que nem podem imaginar...e dentro dela tinha surgido uma força que ela não explicava...tinha vergonha de ter sido tão cega e tão obstinada em acreditar em mentiras...
Tinha vergonha de ter sido tão patética e tão frágil que não queria entender que estava certa, acreditanto que estava errada, pra se enganar pensando que tudo não passava de um pensamento ruim dentro de seu peito....
Quando parou em frente ao muro do mirante, a chuva caía em gotas grossas sobre seu rosto...seu corpo tinha a mesma sensação daquela noite e dentro de suas boas lembranças, sentia o sabor doce que aqueles belos olhos tinham deixado em seus lábios...
Sorria, pela primeira vez em semanas...sorria porque sabia que a liberdade não tinha preço...porque sabia que sentir era realmente inexplicável...porque a felicidade é genuína e depende somente da vontade de cada um...
Sorria porque sua alma retornava novamente em seu corpo...estava viva e nada mais poderia lhe atingir...
quarta-feira, janeiro 16, 2008
Can you handle me the way I am?
Can you?
I dance alone in the bedroom
I go to croweded places
I like rock music
I think too much
I have a confused mind
I feel like no one else
I am what i am, and i need no excuses for that
I play my guitar
I sing my songs
I like my red-short hair
I run in the dark
I write my fancy stories
I believe in soulmates
I am a jealous woman
I am intense
I am strong
I am independent
I cry
I laugh
I am happy as never after
I am innocent
I am truthfull
I always have something to say
I am mysterious
I am good
I am bad
I am naughty
I am loud
I am clear
I am faithful
I am dark
I am friendly
I cannot forget
I cannot forgive
I am unreasonable
I am a dreamer...
"I'm not makin' any promises honey
But you still got that somethin' pretty boy"
Tori Amos - You Can Bring Your Dog
Oh pretty boy...you make me feel good...ha!
Can you?
I dance alone in the bedroom
I go to croweded places
I like rock music
I think too much
I have a confused mind
I feel like no one else
I am what i am, and i need no excuses for that
I play my guitar
I sing my songs
I like my red-short hair
I run in the dark
I write my fancy stories
I believe in soulmates
I am a jealous woman
I am intense
I am strong
I am independent
I cry
I laugh
I am happy as never after
I am innocent
I am truthfull
I always have something to say
I am mysterious
I am good
I am bad
I am naughty
I am loud
I am clear
I am faithful
I am dark
I am friendly
I cannot forget
I cannot forgive
I am unreasonable
I am a dreamer...
"I'm not makin' any promises honey
But you still got that somethin' pretty boy"
Tori Amos - You Can Bring Your Dog
Oh pretty boy...you make me feel good...ha!
segunda-feira, janeiro 14, 2008
quarta-feira, janeiro 09, 2008
20 músicas de 2007:
20 - Vinte e Nove (Legião Urbana)
19 - What Goes Around...Comes Around (Justin Timberlake)
18 - Infra Red (Placebo)
17 - Judith (A Perfect Circle)
16 - Your Love Alone Is Not Enough (Manic Street Preachers)
15 - Appolo's Frock (Tori Amos)
14 - Dirty Road (Days Of The New)
13 - Figure You Out (Nickelback)
12 - Uma Parte que Não Tinha (O Teatro Mágico)
11 - Thrown Away (Vast)
10 - I Wanna Be The Winner (Delegation)
9 - Boa Sorte Good Luck (Vanessa da Mata & Ben Harper)
8 - Wide Awake (Audioslave)
7 - What I've Done (Linkin Park)
6 - October (Dolores O'Riordan)
5 - Billie Jean (versão Chris Cornell)
4 - Total Eclipse Of The Heart (versão da Tori Amos)
3 - Forget Her ( Jeff Buckley)
2 - Plug In Baby (Muse)
1 - Arms Around Your Love (Chris Cornell)
20 - Vinte e Nove (Legião Urbana)
19 - What Goes Around...Comes Around (Justin Timberlake)
18 - Infra Red (Placebo)
17 - Judith (A Perfect Circle)
16 - Your Love Alone Is Not Enough (Manic Street Preachers)
15 - Appolo's Frock (Tori Amos)
14 - Dirty Road (Days Of The New)
13 - Figure You Out (Nickelback)
12 - Uma Parte que Não Tinha (O Teatro Mágico)
11 - Thrown Away (Vast)
10 - I Wanna Be The Winner (Delegation)
9 - Boa Sorte Good Luck (Vanessa da Mata & Ben Harper)
8 - Wide Awake (Audioslave)
7 - What I've Done (Linkin Park)
6 - October (Dolores O'Riordan)
5 - Billie Jean (versão Chris Cornell)
4 - Total Eclipse Of The Heart (versão da Tori Amos)
3 - Forget Her ( Jeff Buckley)
2 - Plug In Baby (Muse)
1 - Arms Around Your Love (Chris Cornell)
sexta-feira, janeiro 04, 2008
Era fim de outubro quando resolvi olhar o calendário de shows do ano...tinha surgido um rumor de que ele viria para o Brasil, mas não era nada confirmado...
Meus olhos não queriam acreditar quando vi a data do dia 13 de dezembro confirmada....não contente entrei na página da ticketmaster pra ver se era mesmo verdade...o ingresso custava 140 reais, e o sonho de 14 anos estava separado por apenas dois meses...
Minha euforia era tão grande, que eu só vi: vendas a partir do dia 29 de outubro...não pensei duas vezes...era esse o dia que eu teria em minhas mãos um pesaço de sonho...
E é de sonhos que se alimenta a alma...e que se vive um homem completo...
Passei o dia 29 no estágio pensando: 'é hoje que eu vou ter em minhas mãos 14 anos de espera'....saí de lá contando os minutos para estar em frente ao guichê e pegar o ingresso em mãos...
Era meio dia e meia, um sol de matar, um calor infernal e uma marginal parada...os minutos não passavam e invariavelmente tudo parecia em câmera lenta...era a ansiedade batendo no peito e tudo o que eu já tinha vivido até ali passando pela minha cabeça...
Impressionante como lugares que são relativamente próximos se tornam distâncias de continentes quando o que você espera está pra acontecer...mas eu estava feliz, e nada me faria preocupar...
O frio na barriga era intenso quando eu parei o carro no estacionamento...eu queria gritar e falar pra todas as pessoas no mundo que eu tava lá...clichê...mas meu...
Tinham duas pessoas na minha frente...e quando eu finalmente chego no caixa, a conversa da atendente foi: 'estamos vendendo ingresso só pra clientes do citibank, pra o público, só semana que vêm...'...eu queria entrar dentro da cabine, socá-la, e pegar meu ingresso...eu ia pagar por ele, porque essa exclusividade?
Eu, com toda a calma do mundo, dei um sorrisinho amarelo e disse: 'mas, você não tá entendendo, eu esperei 14 anos pra comprar esse ingresso, eu vim de longe, me vende vai?' e ela vira e fala...'então, é só mais uma semana que você cvai esperar...você agüenta'
Eu devia ter socado a atendente...
Voltei pra casa indignada: 'só mais uma semana...atendente do $$%#$%$%....14 ANOS ESPERANDO, ELA NÃO SABE!!!...só mais uma semana...'.....'aaaaargh!'
E a cada dia que passava eu pensava : 'segunda...vai chegar segunda'...Mas na bedita segunda, pós feriado do dia de finados, em que eu passei dentro do hospital desidratando por causa de uma infecção intestinal, eu não fui no estágio, mas a tarde, eu mesmo arrastando, fui comprar o ingresso...
Não era qualquer coisinha q ia me derrubar...o ingresso tinha que ser meu...meu!
Fui tão pensando no ingresso que errei o caminho...mas cheguei lá...era a hora...na minúscula fila eu só pensava que o show poderia ser no dia seguinte...poderia ser na mesma noite...e mais nada...
Quando eu pedi 'um ingresso pro show do Chris Cornell, pista, por favor', minhas mãos tremiam...quando eu paguei, e ela me entregou o ingresso em mãos, eu não vi nais nada...sai de lá falamdo 'é meu, é meu', pulando até o carro, porque pagar mico é essencial...
As semanas forma se passando, e até uma semana antes, eu não tinha me dado conta de muitas coisas...mesmo porque eu não queria pensar, não queria prever, não queria nada...eu só queria estar lá, dia 13 de dezembro...
Mas, uma semana antes do show, começou a expectativa...'como será que vai ser', 'o que será q ele vai tocar'...e crescia o 'como será que eu vou me comportar'
Quem me conhece, sabe a fundo o quanto ver o Chris era importante pra mim...estar lá era importante em todos os sentidos...era minha vida que ele ia pôr em letras de músicas, na minha frente, pela primeira vez...
E eu ia contando os dias, as horas e os minutos...e pensando que tudo tinha q dar certo no dia...o esquema tava feito...a hora q eu ia sair do serviço, a hora q eu ia sair de casa, o tempo que eu ia esperar lá, tudo...
Mas, no dia em si, as coisas não foram bem como planejadas...trabalhei até mais tarde do que previ, não saí no horário que ia sair e não esperei o tempo que ia esperar lá...
Duas horas contadas no trânsito, desespero total...desencontro com amigo por causa da chuva, e uma espera que pareceu interminável de 45 minutos...quando as luzes finalmente se apagaram, eu perdi a noção de mim...
Sai me enfiando entre as pessoas, pedindo uma licença meio forçada e chegando na terceira fila, num calor insuportável, e de um jeito que não dava pra se mexer...cutuquei um cara na minha frente, e pedi pra ele deixar eu ficar ali, pra eu ver melhor, afinal, eu sou muito pequena...
Nessas horas, a chantagem da altura me favorece..
Era um barulho só, e meus olhos percorriam loucamente o palco pra poder vê-lo...não me importava o calor, o aperto, a meu coração plando insistentemente nos meus ouvidos...eu não conseguia ouvir nada, a não ser a música...
Ele entrou, de jaqueta, cabeça baixa e um andar de gato manhoso...eu podia ouvir os passos se quisesse....eu reconheceria aquela voz mesmo depois de anos a fio...acho que até em outra vida...era a hora, e eu não podia fazer feio...e o grito saiu...
O empurra era tão intenso, que não deu pra tirar foto...e também tinha deixado a máquina em cima do banco do carro...não dava pra pegar..."Let me Drown"....'won't you let it, drown me in yooooooooou'
Eu sabia todas...mas a voz não saia, e a cara de idiota também não...e "Outshined" emendou...'show me the power child i'd like to say'...
Se eu disser que não lembro as seqüências das músicas, alguém acredita?...mas eu não lembro...só sei que quando ele tocou "Hunger Strike", eu fiquei esperando o Ed entrar no outro lado do palco...e quem não ficou?...mas a gente fez a voz dele direitinho...
Ai, ele resolveu fazer um acústico Medley...não deu pra agüentar...chorei que nem criança...e não tive vergonha de nada...era a minha vida, e a de mais ninguém...era minha vida passando pelos meus olhos...pelos meus ouvidos, pelo corpo todo...
Eu cantava, perdia o fôlego, sorria, e tudo era tão normal, tão verdadeiro, um sonho tão real...que eu não queria ver o fim...
Era tudo perfeito....o sincronismo da banda, com a voz, com a energia...era tudo real...transcendente....único...
Depois de um pedacinho de "Preaching..", tudo era lucro...os meus berros de 'Chriiiiiiis', a minha pedida incessante de 'Follow my waaaay' e meu braço levantado em pedido de súplica...era tudo maravilhoso, como uma cena de filme surreal e intensa...
Entre essa cena, meu olho cruzou com o dele, por dois longos minutos...e lá no fundo eu sabia que tudo o que eu tinha sentido, por tantos anos até ali, era real e verdadeiro...que tinha valido a pena estar ali, nem que fosse por um só minuto...era aquela a resposta que tinha esperado tantos anos...
Resposta de que a loucura tem fundamento...tem verdade...e que toda a loucura é um pouco sanidade, mesmo que seja só um pedaço insignificante para os olhos dos normais...
Nada ali era normal...nada no meu corpo era normal...e por dois minutos, eu senti que mesmo em pensamento, eu consegui liberar o 'thank you' reprimido...era tudo o que precisava...ter a certeza de que 'minha vida inteira era o meu dia inteiro' e que sentir é necessário...
Depois de dois encores, duas horas e meia de show, muitos gritos, lágrimas e certezas, o sonho chegou ao fim...e o fim foi a premissa de que aquele ano, foi o melhor, de todos...nada podia me dar a resposta, a não ser ele...em minha frente...
E assim, começo o ano...sentir é algo inexplicável...
Meus olhos não queriam acreditar quando vi a data do dia 13 de dezembro confirmada....não contente entrei na página da ticketmaster pra ver se era mesmo verdade...o ingresso custava 140 reais, e o sonho de 14 anos estava separado por apenas dois meses...
Minha euforia era tão grande, que eu só vi: vendas a partir do dia 29 de outubro...não pensei duas vezes...era esse o dia que eu teria em minhas mãos um pesaço de sonho...
E é de sonhos que se alimenta a alma...e que se vive um homem completo...
Passei o dia 29 no estágio pensando: 'é hoje que eu vou ter em minhas mãos 14 anos de espera'....saí de lá contando os minutos para estar em frente ao guichê e pegar o ingresso em mãos...
Era meio dia e meia, um sol de matar, um calor infernal e uma marginal parada...os minutos não passavam e invariavelmente tudo parecia em câmera lenta...era a ansiedade batendo no peito e tudo o que eu já tinha vivido até ali passando pela minha cabeça...
Impressionante como lugares que são relativamente próximos se tornam distâncias de continentes quando o que você espera está pra acontecer...mas eu estava feliz, e nada me faria preocupar...
O frio na barriga era intenso quando eu parei o carro no estacionamento...eu queria gritar e falar pra todas as pessoas no mundo que eu tava lá...clichê...mas meu...
Tinham duas pessoas na minha frente...e quando eu finalmente chego no caixa, a conversa da atendente foi: 'estamos vendendo ingresso só pra clientes do citibank, pra o público, só semana que vêm...'...eu queria entrar dentro da cabine, socá-la, e pegar meu ingresso...eu ia pagar por ele, porque essa exclusividade?
Eu, com toda a calma do mundo, dei um sorrisinho amarelo e disse: 'mas, você não tá entendendo, eu esperei 14 anos pra comprar esse ingresso, eu vim de longe, me vende vai?' e ela vira e fala...'então, é só mais uma semana que você cvai esperar...você agüenta'
Eu devia ter socado a atendente...
Voltei pra casa indignada: 'só mais uma semana...atendente do $$%#$%$%....14 ANOS ESPERANDO, ELA NÃO SABE!!!...só mais uma semana...'.....'aaaaargh!'
E a cada dia que passava eu pensava : 'segunda...vai chegar segunda'...Mas na bedita segunda, pós feriado do dia de finados, em que eu passei dentro do hospital desidratando por causa de uma infecção intestinal, eu não fui no estágio, mas a tarde, eu mesmo arrastando, fui comprar o ingresso...
Não era qualquer coisinha q ia me derrubar...o ingresso tinha que ser meu...meu!
Fui tão pensando no ingresso que errei o caminho...mas cheguei lá...era a hora...na minúscula fila eu só pensava que o show poderia ser no dia seguinte...poderia ser na mesma noite...e mais nada...
Quando eu pedi 'um ingresso pro show do Chris Cornell, pista, por favor', minhas mãos tremiam...quando eu paguei, e ela me entregou o ingresso em mãos, eu não vi nais nada...sai de lá falamdo 'é meu, é meu', pulando até o carro, porque pagar mico é essencial...
As semanas forma se passando, e até uma semana antes, eu não tinha me dado conta de muitas coisas...mesmo porque eu não queria pensar, não queria prever, não queria nada...eu só queria estar lá, dia 13 de dezembro...
Mas, uma semana antes do show, começou a expectativa...'como será que vai ser', 'o que será q ele vai tocar'...e crescia o 'como será que eu vou me comportar'
Quem me conhece, sabe a fundo o quanto ver o Chris era importante pra mim...estar lá era importante em todos os sentidos...era minha vida que ele ia pôr em letras de músicas, na minha frente, pela primeira vez...
E eu ia contando os dias, as horas e os minutos...e pensando que tudo tinha q dar certo no dia...o esquema tava feito...a hora q eu ia sair do serviço, a hora q eu ia sair de casa, o tempo que eu ia esperar lá, tudo...
Mas, no dia em si, as coisas não foram bem como planejadas...trabalhei até mais tarde do que previ, não saí no horário que ia sair e não esperei o tempo que ia esperar lá...
Duas horas contadas no trânsito, desespero total...desencontro com amigo por causa da chuva, e uma espera que pareceu interminável de 45 minutos...quando as luzes finalmente se apagaram, eu perdi a noção de mim...
Sai me enfiando entre as pessoas, pedindo uma licença meio forçada e chegando na terceira fila, num calor insuportável, e de um jeito que não dava pra se mexer...cutuquei um cara na minha frente, e pedi pra ele deixar eu ficar ali, pra eu ver melhor, afinal, eu sou muito pequena...
Nessas horas, a chantagem da altura me favorece..
Era um barulho só, e meus olhos percorriam loucamente o palco pra poder vê-lo...não me importava o calor, o aperto, a meu coração plando insistentemente nos meus ouvidos...eu não conseguia ouvir nada, a não ser a música...
Ele entrou, de jaqueta, cabeça baixa e um andar de gato manhoso...eu podia ouvir os passos se quisesse....eu reconheceria aquela voz mesmo depois de anos a fio...acho que até em outra vida...era a hora, e eu não podia fazer feio...e o grito saiu...
O empurra era tão intenso, que não deu pra tirar foto...e também tinha deixado a máquina em cima do banco do carro...não dava pra pegar..."Let me Drown"....'won't you let it, drown me in yooooooooou'
Eu sabia todas...mas a voz não saia, e a cara de idiota também não...e "Outshined" emendou...'show me the power child i'd like to say'...
Se eu disser que não lembro as seqüências das músicas, alguém acredita?...mas eu não lembro...só sei que quando ele tocou "Hunger Strike", eu fiquei esperando o Ed entrar no outro lado do palco...e quem não ficou?...mas a gente fez a voz dele direitinho...
Ai, ele resolveu fazer um acústico Medley...não deu pra agüentar...chorei que nem criança...e não tive vergonha de nada...era a minha vida, e a de mais ninguém...era minha vida passando pelos meus olhos...pelos meus ouvidos, pelo corpo todo...
Eu cantava, perdia o fôlego, sorria, e tudo era tão normal, tão verdadeiro, um sonho tão real...que eu não queria ver o fim...
Era tudo perfeito....o sincronismo da banda, com a voz, com a energia...era tudo real...transcendente....único...
Depois de um pedacinho de "Preaching..", tudo era lucro...os meus berros de 'Chriiiiiiis', a minha pedida incessante de 'Follow my waaaay' e meu braço levantado em pedido de súplica...era tudo maravilhoso, como uma cena de filme surreal e intensa...
Entre essa cena, meu olho cruzou com o dele, por dois longos minutos...e lá no fundo eu sabia que tudo o que eu tinha sentido, por tantos anos até ali, era real e verdadeiro...que tinha valido a pena estar ali, nem que fosse por um só minuto...era aquela a resposta que tinha esperado tantos anos...
Resposta de que a loucura tem fundamento...tem verdade...e que toda a loucura é um pouco sanidade, mesmo que seja só um pedaço insignificante para os olhos dos normais...
Nada ali era normal...nada no meu corpo era normal...e por dois minutos, eu senti que mesmo em pensamento, eu consegui liberar o 'thank you' reprimido...era tudo o que precisava...ter a certeza de que 'minha vida inteira era o meu dia inteiro' e que sentir é necessário...
Depois de dois encores, duas horas e meia de show, muitos gritos, lágrimas e certezas, o sonho chegou ao fim...e o fim foi a premissa de que aquele ano, foi o melhor, de todos...nada podia me dar a resposta, a não ser ele...em minha frente...
E assim, começo o ano...sentir é algo inexplicável...
"Cai a tarde sobre os ombros
Da montanha onde me largo
O dia não foi!
A noite o que será?
Meus cabelos pela grama
E eu sem nem querer saber
Por onde começo
E onde vou parar?
...Na imensidão da manhã
Meu amor se mudou pra lua
Eu quis te ter como sou
Mas nem por isso ser sua...
Vou adiante como posso
Liberdade é do que gosto
O dia nasceu
Azul à sua forma
Já não quero mais ser posse
Fosse simples como fosse
Um dia partir
Sem ganchos nem correntes...
Façamos um brinde
Façamos um brinde
À noite que já vai chegar
Façamos um brinde
Façamos um brinde
Ao vento que veio dançar..."
Paula Toller - Meu Amor se Mudou pra Lua
Da montanha onde me largo
O dia não foi!
A noite o que será?
Meus cabelos pela grama
E eu sem nem querer saber
Por onde começo
E onde vou parar?
...Na imensidão da manhã
Meu amor se mudou pra lua
Eu quis te ter como sou
Mas nem por isso ser sua...
Vou adiante como posso
Liberdade é do que gosto
O dia nasceu
Azul à sua forma
Já não quero mais ser posse
Fosse simples como fosse
Um dia partir
Sem ganchos nem correntes...
Façamos um brinde
Façamos um brinde
À noite que já vai chegar
Façamos um brinde
Façamos um brinde
Ao vento que veio dançar..."
Paula Toller - Meu Amor se Mudou pra Lua
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