quarta-feira, junho 03, 2015

"Numa noite qualquer, em que o verão começava a despontar forte e as chuvas ficavam cada vez mais intensas, a campainha tocou. Estava sozinha e achei que algum dos meninos tinham esquecido a chave. Quando abri a porta dei de cara com Matthew, um pouco molhado da chuva.

‘Matthew?’ – lhe falei já sorrindo
‘Posso entrar?’ – ele parecia apreensivo
‘Sim, claro’
Matthew passou por mim, sem me cumprimentar, mesmo eu louca de vontade de pular em seu pescoço e lhe beijar de tanta felicidade de vê-lo novamente depois de tantos meses.
‘Está chovendo forte, não?’ – falei meio sem assunto
‘É, parece que hoje é a chuva mais forte do ano, ouvi no rádio enquanto vinha pra cá’
‘Deve ser por causa do verão’
‘É, deve ser’
‘Você está bem? Como foi a turnê? A viagem?’
‘Foi tudo bem. Estou cansado. Posso fumar aqui?’
‘Claro, devo ter um cinzeiro, vou buscar ali na cozinha. Sente, quer alguma coisa?’ – fui me encaminhando até a cozinha, nervosa
‘Não’
Quando voltei, Matthew olhava pro chão. Sua expressão era diferente, nunca tinha o visto daquela maneira, apreensivo, preocupado com algo que eu nem imaginaria o que era.
‘Está tudo bem?’
‘Acho que a gente não pode mais ficar junto’
‘Como?’ – meu coração disparou, minhas pernas arquearam por uns segundos
‘Liza grávida, quase pra ter a criança e bem, isso vai tomar um pouco do meu tempo e quando a criança nascer, ela vai passar uns tempos em casa e vou ter que me dividir e não sei se estou preparado pra ter outro relacionamento’ – Matthew nem parecia tão coeso e nem sabia porque ele falava daquela maneira comigo, como se eu tivesse lhe cobrado algo
‘Matthew, olha...’ – eu nem conseguia falar, não acreditava no que saia de sua boca
‘Talvez você precise de alguém que te dedique tempo e atenção e eu não vou ser esse cara, não agora...’ – aquilo ia me deixando mais nervosa, mais surpresa
‘Mas, eu não sei do que você está falando...eu te disse alguma coisa que te incomodou, ou te cobrei de algo sem saber?’ – eu sabia que não, mas eu era ingênua e não estava entendendo onde ele queria chegar com aquela conversa
‘Não. Mas a gente não pode ficar junto, eu não posso ficar com você’ – as lágrimas queriam escorrer do meu rosto, eu só queria ficar com ele, não lhe cobrei nada, me indignavam aquelas palavras
‘Matthew, eu não sei do que você está falando. Eu...’ – e ele se levantou tão rápido que quando eu percebi, estava sozinha olhando pro mesmo sofá em que ele estava sentado – ‘Espera! Não vai’
Eu desci então as escadas correndo, queria falar com ele, que precisava dele, queria contar tudo o que eu passei, queria que ele ficasse comigo porque gostava de mim, não por pena. Quando sai pela porta a chuva caía soberana, forte, espessa, pesada. E através dela, vi Matthew atravessando a rua pra entrar no seu carro.
‘Matthew!’ – lhe gritei e ele continuou indo em direção ao seu carro – ‘Matthew, não vá embora! Por favor! Eu preciso conversar com você, te contar sobre mim. Me desculpe se te dei a entender algo diferente...’ -  e consegui segurar seu braço, quase ele entrando no carro
‘Alice, eu preciso ir...’ – ele soltou seu braço da minha mão e entrou no carro, ligando ele depressa
‘Matthew, espera! Não vai embora! Eu te amo!’ – falei alto, batendo minhas mãos em seu vidro, chorando feito criança – ‘Me escuta, por favor, não vai embora! Eu te amo, eu vou enlouquecer, eu te amo...’
E ajoelhei no chão, as mãos no rosto. Eu chorava e não sabia se o que caiam eram minhas lágrimas, se era a chuva ou se era o fim do mundo. Eu tremia e não sabia se era de frio, de medo, de desejo ou de desespero.
‘O que eu vou fazer sem você, meu Deus. Porque faz isso comigo?’ – eu falava pra mim mesma. A porta do carro se abriu e Matthew me levantou do chão
‘O que você disse, Alice?’
‘Que te amo, te amo desde a primeira vez que me tocou. Não consigo te esquecer, não consigo tirar você de minha cabeça’ – e eu continuava tremendo, mais ainda quando olhei seus olhos turquesa, o que eu tinha a perder?
‘Você me deixa louco, pequena, mas não posso ter uma relação agora...’ – Matthew me olhava com o mesmo desejo, se aproximando de mim
‘Eu não ligo, eu não quero. Eu só quero poder ter você comigo quando puder. Eu não me importo...’ – e toquei seu rosto"

terça-feira, maio 19, 2015

Alice ia falando sem parar e eu segurando em sua mão. Quanto tempo eu levaria, até segurar nelas de novo? Quando ela foi se despedir de mim, seus olhos se encheram de lágrimas novamente e eu só conseguia pensar ‘não vá embora’.
‘Eu não queria ir, te deixar, vamos comigo?’ – ela me disse e aquela frase era mais devastadora que suas lágrimas
‘Também não queria, mas precisamos trabalhar’ – e se ela insistisse, largava tudo e fugiria com ela, naquele momento
Sequei suas lágrimas, fazendo um carinho no seu rosto, seus olhos negros me olhavam.
‘Se agasalha e não vá pra casa sozinha, pede pra algum dos seus amigos ir te buscar. Quando chegar, me ligue também, pra eu saber que chegou bem’
‘Tudo bem’
Dei um beijo no seu rosto e me afastei dela. Virei de costas, não queria a ver partir. Minha garganta doía.
‘Louis!’ – ela falou antes que eu sumisse
Me virei e ela veio de encontro a mim, num abraço tão forte que eu podia sentir seu coração bater em meu peito. Ela chorava e me agradecia, me dando mais beijos no rosto. Minha garota. Uma menina.
‘Não se atrase’ – ainda disse a ela antes dela partir
‘Te vejo em breve’ – foi sua última frase
‘Sim, em breve’ – e apertei sua mão
Ela voltou pro portão e ainda a olhei de costas, os cabelos caindo sobre os ombros. Me virei e andei o mais depressa que pude. Os olhos embaçados, a cabeça vazia.

Quando cheguei no hotel, seu quarto ainda estava lá, do jeito que ela tinha deixado. Deitei em seu travesseiro e o abracei, chorando como criança. Minha garota tinha ido embora, eu sabia que ela tinha ido embora. Eu não deveria ter deixado com que ela fosse.

segunda-feira, maio 11, 2015

"Tell her I wanted to say goodbye
Before the light was dead and gone
Tell her I didn't want to lie
Left here well enough alone"

Mark Lanegan - Low


terça-feira, maio 05, 2015

Versus Chorus Versus

Será que vale a pena invadir a privacidade de alguém às custas de ganhar uma grana astronômica? Deve valer, porque foi isso que a filha de Kurt Cobain fez ao ajudar a produzir Montage of Heck.
Se eu assisti? Claro. Vou ser hipócrita e dizer que não? Não, não sou hipócrita. Sou fã, sempre fui e sempre vou ser.
Inicialmente é algo encantador ver Kurt tão bonitinho, loirinho, meigo, criança inocente. Dá até pra sorrir e pensar, como é que uma criança tão encantadora foi ter um fim tão trágico? Pois é. Tenho certeza de que se os pais dele soubessem o que ia acontecer no futuro, não tinha feito dele um ping-pong humano.
Infelizmente ou felizmente pra muita gente, não dá pra se prever o futuro. No caso de Kurt talvez tivesse salvado sua vida. Mas será que se ele não tivesse passado por esse processo, ele seria o mesmo Kurt Cobain que escreveria Nevermind e revolucionaria tudo do jeito que revolucionou? Provavelmente não. Estaria a salvo, mas a sua brilhante mente hoje estaria dentro de algum escritório perdido em algum lugar do mundo.
Kurt se tornou um perturbado. Sofreu e se deixou sofrer porque na graça do sofrimento ele não enxergava a vida como muitas outras pessoas enxergam. E aí estava a graça. Um ciclo sem fim que lhe alimentava e lhe fazia sentir vivo. Mas isso lhe transformou numa pessoa doente. Doente de verdade, faltando alguma conexão cerebral importante pra que ele conseguisse escapar desse lugar tão sombrio que eram os seus sentimentos. E ele era só sentimento.
Inicialmente, o simples fato da produção de toda forma de se expressar que ele encontrou talvez o mandasse pra um lugar feliz e confortável, onde aquilo fazia sentido. Mas quando ele transferiu o seu lugar feliz para as drogas e o amor, a vida complicou de uma maneira que não tinha mais saída.
Se eu acho que Kurt estaria vivo hoje se não tivesse perdido a linha que separava a sanidade da completa loucura? Claramente não. Em quase 2 horas e meias de filme em agonizantes imagens onde Kurt parecia cada vez mais doente e mais dependente químico, dava pra saber que se a bala não atravessasse sua cabeça, a heroína um dia lhe faria uma viagem sem volta.
Aparentemente ele já não tinha mais forças ou vontade de lutar contra o entorpecimento. E uma cena que me chocou muito no filme, já quase no final, é ele segurando sua filha, seminu, com feridas e manchas espalhadas pelo rosto e pelo corpo, curvado e de olhos semicerrados, completamente fora da realidade. Triste, devastador.
Se sua filha precisava expo-lo dessa maneira? Cada um com sua consciência. Sinceramente, não sei se ele gostaria de ter sido exposto dessa maneira. Eu tenho certeza de que não gostaria que me expusessem dessa maneira.
Kurt era um cara cheio de raiva presa dentro da garganta. Uma raiva que não tinha fim, nunca teria fim. A morte lhe deu um descanso pra um corpo e uma alma maltratada. Um fim pra sua constante desilusão. Mas nesse momento as palavras me faltam, definir alguém tão indefinível é transforma-lo em algo muito pequeno.
Montage of Heck é um filme triste e perturbador, pra não dizer, devastador. Um constante nó na garganta. Uma inexplicável dor.

Aos domingos, minha eterna felicidade. As segundas, os constantes efeitos.

Bem vindas todas as bandas que vem visitar o Brasil e nos fazer shows caros e lucrativos, mas que lavam a alma.
A música tem um efeito de parar o tempo por algumas horas. Hein? É. O tempo pára sem ao menos você perceber e você nem se dá conta de quantas coisas aconteceram a sua volta ou simplesmente não aconteceram.
Os festivais são bons formatos pra aqueles que tem coragem de ver muitas coisas ao mesmo tempo. Eu sou adepta do show único, da experiência contínua que um artista pode te dar naquela apresentação.
Em poucos meses estive em bons shows. E me dediquei inteiramente a eles. Os anos me trouxeram uma maturidade que os adolescentes ainda desconhecem. Poder estar presente em algum lugar inteiramente dedicado a transcender juntamente com aquele momento mágico e único que aquela banda que você realmente gosta pode te dar é melhor que qualquer viagem.
Sem drogas, sem sexo, mas com muito rock n'roll. Nesses últimos meses um turbilhão de sentimentos se espalharam por mim em alguns domingos, sábados, mas o que importa? Importante é acordar na segunda feira sem poder se mexer (porque aos 35, a vida te cobra caro os excessos), mas saber que valeu a pena. E valeu a pena, cada gota de suor e cada lágrima derramada. Lágrima? Sim.
Tem como não chorar ao ver  Dave Grohl sentar na bateria e te fazer lembrar que ele simplesmente esteve em uma das bandas mais importantes do mundo da música? Impossível. Obviamente o Foo Fighters não tem nada de Nirvana. Mesmo porque o Dave tá longe de não ser tão fã do excesso da fama como era o Kurt, assim como a diferença é gritante de um cara expansivo e alegre pra um cara tímido e explosivo no palco. Nunca mais vou poder ver o Nirvana, mas ver o Dave e seu Foo Fighters  já me trouxe a boa lembrança do porque sou um produto dos anos 90.
O Smashing Pumpkins, por exemplo,  me fez chorar como criança. Era como poder voltar a ter 18 anos novamente. E importa pra alguém? Não sei, pra mim, importa. Se eu fechasse os olhos podia ainda lembrar do cheiro do Olympia e de quantas pessoas tinham por ali, na época que os vi, ainda em formação original. Mas garanto que o show de 2015 foi mais matador, mais visceral e mais poderoso do que foi há quase 20 anos atrás. Porque? Não sei explicar. Talvez minha cabeça estivesse mais apta pra entender coisas que não conseguia entender quando jovem. E claro, a maturidade dos músicos também ajuda e muito.
Jack White é um rock star desses que faltam hoje em dia. Em meio há tantas bandas que a guitarra não é o elemento principal e que a letra não importa muito, mas sim os refrões que colam na cabeça e que não saem de lá por meses a fio, ver alguém com tanta habilidade musical é de explodir a sua cabeça em mil pedaços. Dá gosto de gostar de rock de novo.
Robert Plant é lenda? É. Ao vivo mais ainda. Só a presença já causa arrepio nos pelos do corpo. Caspita, que maravilhoso poder sentir isso. E daí que ele não tocou todas as músicas que a galera sonhou que ele tocaria? Dane-se. O cara faz você voltar pra 1970 e meu pai tinha cabelo quando ele tocou 'Going To California'. Deu pra segurar o puta que pariu preso na garganta? Claro que não.
E o Ozzy? Tá gagá? Provavelmente. Mas quando aquela voz poderosa ecoa pelo lugar, arrebentando em 'Mr. Crowley' dá uma felicidade instantânea tão espetacular que não dá pra explicar. Incontável as vezes que fiquei em silêncio só pra poder ouvir aquela voz ecoar tão limpa ainda.
E o Kiss, que é daquelas bandas que você precisa ver ao vivo, tipo U2. Precisa, saca? É história, não dá pra não pular junto e ficar besta ainda de ver o palco todo se mexer. E você olha pro lado e vê a galera de boca aberta prestando atenção. É algo realmente impagável.
Puta merda, como é bom ter o privilégio de ver tudo isso. Como é bom se privar de algumas coisas pra poder ter algumas horas de tantas excelentes alegrias na vida. E nada me trás mais alegria do que isso. Nada, mesmo. É o único amor puro e verdadeiro que nutro ainda. A música me move e sempre vai mover, me fazendo pensar e recapitular e reviver e colocar pra fora aquilo que de alguma forma precisa sair.
Ah meus amigos, não há nada melhor que sonhar acordado. Nada.

quarta-feira, abril 22, 2015

Tá tudo escuro da porta pra fora


a noite, fascinante noite, esquecida noite, onde os tolos dormem e os mais tolos fingem que aproveitam
"Your disciples are riddled with metaphors... well hung"

Pearl Jam - Rival

terça-feira, abril 21, 2015

Um projeto terminado, um na metade e outro no começo. Isso me faz muito feliz.
"Alice me puxou então pra bem perto dela, me dando um abraço apertado, colocando todo seu corpo contra o meu, me fazendo o sentir tão próximo como nunca antes. Ela deitou então sua cabeça no meu ombro, fazendo com que os meus lábios tocassem o seu pescoço quando abaixei para abraça-la. Um desejo intenso se espalhou pelo meu corpo.

‘Obrigada, por tudo. Você tem sido um bom amigo’ – e me deu um beijo no rosto, passando novamente suas mãos pelo meu cabelo
‘Obrigado Alice. Você também tem sido uma boa amiga’ – lhe  beijei o rosto, passando minhas mãos pelos seus cabelos e pescoço, fazendo com que eu sentisse o cheiro do seu perfume que ainda permanecia
‘Até segunda’ – ela ainda me disse, se afastando de mim e olhando nos olhos, um belo sorriso no rosto
‘Até segunda’ – eu lhe disse soltando então de suas mãos
Segui até o carro louco de desejo. Não tinha sentido isso ainda. Não tinha reparado nisso ainda. Nem sei como cheguei em casa. Deitei na cama e ainda podia sentir o cheiro dela em minha roupa. Cada vez mais louco de vontade dela, entrei no chuveiro. Enquanto sentia prazer, pensava que ela podia deitar comigo aquela noite. Queria dormir em seus braços."

quinta-feira, abril 09, 2015

"Por quê? Assim, desse jeito esquizofrênico de pensar, cada vez que avisto uma boa notícia, tudo se desfaz em negro...

E sim, as lágrimas escorrem assim sem motivo, porque tudo se resume em pedir sua atenção.

Claro que o mundo girando mais do que aos nossos próprios umbigos, se desfaz naqueles sonhos surrealistas onde tudo se derrete sem mesmo se formar.

Essa mania de achar que sentimentos grandiosos se espalham e que provoca uma reação em cadeia, tocando tudo o que poderia ser mais importante.

Leva-me embora logo de uma vez, porque a idéia anda me matando e eu tenho tempo de sobra pra pensar. Deus me fez humana e com uma memória assombrosa.

Se eu sumir alguém vai ter tempo de tentar procurar?

Tenho medo sabia?....é....e só por hoje não tenho a mesma vergonha de admitir..."

Projeto em andamento. Será que um dia esse monte de texto ruim vira alguma coisa boa?

Too excited.

quarta-feira, abril 08, 2015

"Sai então, e fiquei a esperando do lado de fora. Quando ela saiu, fazia frio e ela usava um casaco marrom que contrastava com seus cabelos loiros. Ela se virou e me viu, ainda parecia irritada.
‘Vem, te levo pra casa’ – falei firme pra não parecer idiota
‘Não precisa, Sr. Louis. Eu pego um taxi, não quero lhe dar esse trabalho, está cansado, foi longo o dia e...’ – percebi que ela tinha ficado envergonhada
‘Já te esperei, não vou deixar você sair sozinha. Já está bem tarde. Não vai negar essa carona agora né?’ – estava ainda firme, mesmo me sentindo um babaca
‘Não...’ – ela corou quando me olhou
‘Pode entrar’ – e me encaminhei até a porta, me sentando rápido e já ligando o carro
Alice se sentou e colocou o cinto. Esfregou suas mãos e as prendeu por entre as pernas. Parecia com frio.
‘Mora longe?’ – lhe perguntei
‘Do outro lado da cidade, praticamente’
E me falou seu endereço, me explicando o caminho enquanto íamos. Ela olhava pela janela, vidrada no movimento da cidade. Cada semáforo que parávamos, eu a olhava pra sem que ela percebesse.
Ela era realmente diferente das outras mulheres que já tinha conhecido e eu tinha a impressão de que ela não sabia o quanto era encantadora. Ela tinha uma maneira de colocar seus cabelos por trás da orelha e parecia ser muito delicada.
Quando parei em frente ao seu prédio, a rua parecia deserta. Ela tirou seu cinto e se despediu de mim.
‘Obrigada pela carona Sr. Louis’
‘De nada. Você sabe que estamos de folga amanhã e segunda, né?’
‘Sim’
‘Então, pode me passar o seu telefone se eu precisar, quero dizer, quiser gravar alguma coisa?’
‘Claro’  - e ela procurou uma caneta dentro de sua mochila
Levantei a manga de minha camisa e estendi meu braço pra que ela anotasse. Percebi que ela ainda olhou estranho aquela reação, mas anotou mesmo assim.
‘Obrigado. Qualquer coisa eu te ligo’
‘Qualquer hora que precisar. Obrigada de novo Sr. Louis. Boa noite’ – ela abriu então a porta do carro e desceu
‘Alice? Não me chame de Sr., tudo bem?’ – disse antes que ela fechasse a porta
‘Ok’
‘Boa noite’ – e a olhei ainda por alguns segundos, um arrepio passou por mim
‘Boa noite’ – ela disse e fechou a porta
Eu sai rapidamente com o carro, ainda olhando pelo retrovisor, vendo ela se encaminhar para a porta, olhando para o carro.
Quando cheguei em casa, tudo estava em silêncio e fui até a geladeira pegar uma cerveja. Sentei na cozinha e fiquei olhando pela janela enquanto bebia. Levantei a manga da minha camisa e olhei pro telefone dela, anotado no meu braço. Instantaneamente sorri.
Subi as escadas e fui até a porta do meu quarto, onde Claire dormia. Fui e peguei uma coberta no armário, indo até a sala ao lado, onde tinha uma bagunça de papeis e discos jogados pelo chão.

Peguei um cartão em cima da mesa e anotei o telefone de Alice, colocando dentro da carteira. Deitei então no sofá, me cobrindo e dormi, profundamente."