terça-feira, maio 05, 2015

Aos domingos, minha eterna felicidade. As segundas, os constantes efeitos.

Bem vindas todas as bandas que vem visitar o Brasil e nos fazer shows caros e lucrativos, mas que lavam a alma.
A música tem um efeito de parar o tempo por algumas horas. Hein? É. O tempo pára sem ao menos você perceber e você nem se dá conta de quantas coisas aconteceram a sua volta ou simplesmente não aconteceram.
Os festivais são bons formatos pra aqueles que tem coragem de ver muitas coisas ao mesmo tempo. Eu sou adepta do show único, da experiência contínua que um artista pode te dar naquela apresentação.
Em poucos meses estive em bons shows. E me dediquei inteiramente a eles. Os anos me trouxeram uma maturidade que os adolescentes ainda desconhecem. Poder estar presente em algum lugar inteiramente dedicado a transcender juntamente com aquele momento mágico e único que aquela banda que você realmente gosta pode te dar é melhor que qualquer viagem.
Sem drogas, sem sexo, mas com muito rock n'roll. Nesses últimos meses um turbilhão de sentimentos se espalharam por mim em alguns domingos, sábados, mas o que importa? Importante é acordar na segunda feira sem poder se mexer (porque aos 35, a vida te cobra caro os excessos), mas saber que valeu a pena. E valeu a pena, cada gota de suor e cada lágrima derramada. Lágrima? Sim.
Tem como não chorar ao ver  Dave Grohl sentar na bateria e te fazer lembrar que ele simplesmente esteve em uma das bandas mais importantes do mundo da música? Impossível. Obviamente o Foo Fighters não tem nada de Nirvana. Mesmo porque o Dave tá longe de não ser tão fã do excesso da fama como era o Kurt, assim como a diferença é gritante de um cara expansivo e alegre pra um cara tímido e explosivo no palco. Nunca mais vou poder ver o Nirvana, mas ver o Dave e seu Foo Fighters  já me trouxe a boa lembrança do porque sou um produto dos anos 90.
O Smashing Pumpkins, por exemplo,  me fez chorar como criança. Era como poder voltar a ter 18 anos novamente. E importa pra alguém? Não sei, pra mim, importa. Se eu fechasse os olhos podia ainda lembrar do cheiro do Olympia e de quantas pessoas tinham por ali, na época que os vi, ainda em formação original. Mas garanto que o show de 2015 foi mais matador, mais visceral e mais poderoso do que foi há quase 20 anos atrás. Porque? Não sei explicar. Talvez minha cabeça estivesse mais apta pra entender coisas que não conseguia entender quando jovem. E claro, a maturidade dos músicos também ajuda e muito.
Jack White é um rock star desses que faltam hoje em dia. Em meio há tantas bandas que a guitarra não é o elemento principal e que a letra não importa muito, mas sim os refrões que colam na cabeça e que não saem de lá por meses a fio, ver alguém com tanta habilidade musical é de explodir a sua cabeça em mil pedaços. Dá gosto de gostar de rock de novo.
Robert Plant é lenda? É. Ao vivo mais ainda. Só a presença já causa arrepio nos pelos do corpo. Caspita, que maravilhoso poder sentir isso. E daí que ele não tocou todas as músicas que a galera sonhou que ele tocaria? Dane-se. O cara faz você voltar pra 1970 e meu pai tinha cabelo quando ele tocou 'Going To California'. Deu pra segurar o puta que pariu preso na garganta? Claro que não.
E o Ozzy? Tá gagá? Provavelmente. Mas quando aquela voz poderosa ecoa pelo lugar, arrebentando em 'Mr. Crowley' dá uma felicidade instantânea tão espetacular que não dá pra explicar. Incontável as vezes que fiquei em silêncio só pra poder ouvir aquela voz ecoar tão limpa ainda.
E o Kiss, que é daquelas bandas que você precisa ver ao vivo, tipo U2. Precisa, saca? É história, não dá pra não pular junto e ficar besta ainda de ver o palco todo se mexer. E você olha pro lado e vê a galera de boca aberta prestando atenção. É algo realmente impagável.
Puta merda, como é bom ter o privilégio de ver tudo isso. Como é bom se privar de algumas coisas pra poder ter algumas horas de tantas excelentes alegrias na vida. E nada me trás mais alegria do que isso. Nada, mesmo. É o único amor puro e verdadeiro que nutro ainda. A música me move e sempre vai mover, me fazendo pensar e recapitular e reviver e colocar pra fora aquilo que de alguma forma precisa sair.
Ah meus amigos, não há nada melhor que sonhar acordado. Nada.

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