domingo, outubro 17, 2021

Pray for magic and another day

 O coração ainda da uns trancos que me assustam. Um certo horário da noite que me incomoda e alguns dias que eu estou completamente sozinha e preciso executar várias tarefas. Na minha mente só vêm “quero voltar ao normal”. Mas não há medicina ou espiritualismo que me garante o voltar ao normal.

É cansativo tentar se reinventar a todo momento, arrumar um motivo pra não pensar, pra não prestar atenção, pra esquecer por completo de tudo. Difícil é fazer o cérebro parar de funcionar.

Eu fiquei monotemática. E isso me incomoda de uma maneira incontrolável. Mas cortei os cabelos, comprei roupas novas, estou positivamente ansiosa com as tatuagens que vou realizar. Planos, como diz a psicóloga. Resiliência como diz o psiquiatra.

Resgatei músicas que me fazem feliz. Resgatei pensamentos que me fazem feliz. Resgatei sentimentos que me fazem feliz. Tentando de todas as formas resgatar algo que sobrou dentro de mim que não tenha sido destroçado no furacão da insanidade.

Mas mantenho paixões antigas, frustrações engasgadas, dores que não se curaram. E isso retarda o processo de cura de uma maneira absurda. Se é que um dia isso terá cura. Eu rezo aos quatro cantos do universo que sim.

Eu me permito chorar, sorrir e me sentir bonita a hora que eu quero agora. Principalmente depois dos 13kg perdidos, uma calca 42 e um macacão M. Mas ainda me prendo a convenções estúpidas que não deveriam estar mais me incomodando.

A ausência de alguma coisa ainda assola esse coração descompassado. Não deveria ser assim, mas a verdade é que me falta algo. Um sentimento que o preencha por completo. 

A realidade é que a idade chegou com a precocidade de tirar algo de mim que eu sempre quis. Talvez eu não consiga ter filhos. Talvez Deus não quis assim ou a biologia descartou os meus fracos genes, na teoria darwinista mais sarcástica possível. 

A vida tem dessas. Talvez eu seja um repelente constante pra tudo. Eu só ainda não aprendi a me resignar com qualquer desígnio. Seja ele destino ou o que você quiser chamar. 

Minha alma grita, incessantemente. Só quero saber onde esses gritos irão chegar.


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