segunda-feira, agosto 17, 2020

 “ Quando olhou na direção de Thiago, pode perceber que o mesmo estava vestido com uma jaqueta de couro, uma calça preta de jeans surrada e um par de coturnos sujos de lama. Estanhou quando conseguiu reparar no detalhe das gotas que desciam pelo sapato do homem que pisava lentamente por entre cacos e corpos espalhados pelo salão. Parecia uma cena de filme de tragédia.

 

Uma zonzeira tomou conta de sua cabeça, percebeu que fora se fazia um breu que não dava pra ver absolutamente nada, somente uma faixa de areia se fazia iluminada e se ele olhasse firme, poderia contar os grãos que via tão nitidamente. As luzes do bar se tornaram tão claras que doíam os seus olhos. Ele conseguia ouvir os passos de Thiago por cima dos pequenos cacos de vidro.

 

Quando olhou reparou que o bar possuía uma cor marrom clara, por conta de ser feito completamente de madeira, as portas que eram de vidro estavam completamente quebradas. Um furacão parecia ter passado pelo local que as cadeiras e mesas não estavam em seus lugares. Olhou pro teto e reparou pela primeira vez que apesar de lá fora ser feito de uma palha escurecida, grandes vigas reforçavam a madeiraque se espalhava minuciosamente de maneira horizontal. O mesmo desenho descia pelas paredes.

 

O painel por trás do balcão tinha caído e todas as garrafas foram quebradas. Um cheiro de todas as bebidas se espalha no ar, e de repente conseguia sentir o cheiro dos corpos dispostos no chão, misturado com o sangue que ia apodrecendo a cada segundo que estavam ali, fazendo com que inconscientemente tivesse vontade de vomitar, mas não podia mais.

 

Aquilo era mais que o seu cérebro podia assimilar. Ele via cores que nunca tinha reparado, ouvia ruídos que não sabia se vinha de sua própria mente. Segurou firme no que restou do balcão de madeira em sua frente, porque tinha certeza que o chão embaixo dos seus pés movia e todos os cacos de vidro iriam atacar ele a qualquer momento.

 

-Escute aqui rapaz! - A voz de Thiago pareceu estridente em seus ouvidos - o que aconteceu aqui foi muito mais do que uma simples transformação de sua vidinha medíocre em um imortal. Nós estamos em guerra!

 

Ele apertou bem os olhos, segurando mais forte no balcão, pois a zonzeira tomava cada vez mais conta de seu ser, podia ouvir seu coração batendo a mil por hora no peito e ouvia mais forte ainda os passos de Thiago em sua direção, quando sentiu ele pegar em seus ombros. Quando resolveu abrir os olhos, Thiago, pela primeira vez, olhava dentro deles

 

-Garoto, o negócio é sério. Essa garota que estava aqui, ela tem um cheiro diferente. Ela não pertence a um clã comum. E esses vampiros, incluindo a ninfeta que talvez te mordeu, estavam atrás dela, por alguma razão.

 

-Thiago, eu - e seu coração parecia querer explodir no seu peito - eu não vou conseguir, algo dentro de mim vai sair e eu não sei o que é - O garoto novamente segurava firme no balcão

 

-É a besta garoto, ela grita dentro de todos nós - e Thiago segurou em seu braço, fazendo com que seu coração voltasse ao normal e a zonzeira passasse por completo - Agora, vamos sair daqui, preciso te explicar algumas coisas, antes que alguém resolva voltar aqui pra limpar o estrago que fez”

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