quinta-feira, janeiro 12, 2017

2002

menina: meu quarto está povoado de formigas....formigas q me carregam, que me picam, que me deixam marcas alérgicas doloridas.....

menino: formigas... formigas são tã legais. trabalhadoras sempre. acho q formigas vieram do japão.
não, acho q não, até as formigas arranjam tempo para se divertirem... picarem garotas em seus quartos, por exemplo...

menina: formigas se divertem sadicamente picando garotas em cima da cama, que procura aqueles bichinhos pretos todos cheios de patas...estão no meu cabelo e dentro dos meus olhos.

menino: brincam no corpo dessa garota, como moleques pregando truques naquele menininha de vestido rendado, que grita com cada traquinagem de cada moleque danado.

menina: deixam-me louca de desespero e agonia de pensar que andam a espreita esperando desligar a luz, pra atacar como bandidos menininhas inocentes que olham a noite desesperadas nas ruas....

menino: e finalmente, quando a atacam, a fazem revelar a mais pura das verdades, que essa garota queria mais era ser atacada, para poder encontrar ainda alguma faísca de emoção, emoção em ser atacada por formigas, meras formigas, que fazem sua imaginação coçar, como coçam suas feridas...

menina: mas quando acaba dói.......porque quando acaba não era verdade e tudo o que sobrou foi uma mancha terrível e algo que não tem mais como voltar, e coçam por dias e noites sem parar deixando desespero......e me revolto e quero matá-las, pra esquecer da dor que sinto....

menino: mas ao mesmo tempo, não quer esquecer daquilo que nunca existiu... quer viver a mentira como se fosse a mais pura verdade, quer esquecer a verdade que nunca existiu.

menina: mentira que vive todos os dias e se sente especial, porque é assim que devemos nos sentir....

menino: e tudo isso, tudo isso são mentiras, e na verdade, sempre nos machucamos, sempre evoluímos, sempre agradamos, mas nunca chegamos a lugar algum, tudo isso é uma mentira para tornar a vida mais suportável. na verdade, nada é verdade, nem o momento em que2 vivemos.


menina: prestes a desacreditar de tudo, prefiro acreditar que verdades são aquelas que não mudam, e que nem que queiram, me provarão o contrário...

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