domingo, janeiro 04, 2004

É essa imagem todo o dia...cada vez que abro os olhos ela está por perto....lembrando do que se deve esquecer...fazendo com que eu abrace o imaginário...talvez se não fosse tudo isso, os sonhos não seriam ficções baratas de amor de botequim...

Como esquecer o que nunca se teve?....como falar com propriedade de algo intocável e improvável?

Ah, mas nem se eu fizesse todas as perguntas do mundo, eu ia saber as improbabilidades de todos esses sentimentos correndo por dentro....um animal que habita as veias e se alimenta de minhas microscópicas células...

Todo esse medo, é comum?....e ouvir as vozes dos que já não mais existem, também?

Não pode ser uma brincadeira de destinos, nem simples complexos esquizofrênicos...nem pode ser uma doença degenerativa, ou uma imaginação fértil...

A mesma imagem todos os dias, a qual acordo e me apego que tudo vai ficar bem....se é que algo pode ficar bem....depois de tanto estrago e tantas palavras ditas com mágoas....

Mágoas...mágoas existem e não são facilmente expressas com frases feitas....nem machucam tanto quanto as entrelinhas dos que precisam ouví-las...

Tem aquela melodia doce e perigosa que nos fascina....nos torna poderosos de coisas que nunca imaginaríamos fazer...

Todo o mistério que habita esse olhar que fere....acaricia a alma desesperada, mas não cura a sua vã luta contra o que não pode compreender....

Tantas coisas que não se pode compreender....tantas coisas que compramos feitas pra não termos o trabalho de acumular informações....

Mais uma daquelas fórmulas que nos levam o nada ao lugar nenhum....e essa história do tempo....o tempo que não se pode contar....que morre de medo de envelhecer....

A esperança morta....perdida e escondida com medo de mais problemas....tão sozinha e tão frágil quanto o gesto de todas as manhãs, abraçando o vazio....confortando-se com o absurdo....

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