Eu tenho esse incurável sentimento de culpa. Parece que a todo momento eu sinto que o mundo me olha diferente por não ser aquilo que todos esperam. Eu sinto uma culpa incontrolável. Uma culpa que tomei pra mim. Um sentimento de dever, de nunca satisfazer, de nunca cumprir. Uma incompletude sem fim.
terça-feira, novembro 28, 2017
I can’t give you anything
Gostaria de olhar-te nos olhos e saber que não irei sentir nada
Mas minhas expectativas são maiores que a minha própria vontade
Mas minhas expectativas são maiores que a minha própria vontade
segunda-feira, novembro 20, 2017
Garlands
Meu corpo pulsa em vontade de te ter. A respiração descompassada e o tremor que me envolve, faz com que as mãos fiquem quentes e a pele se arrepie. Meus braços e pernas se enroscam em seu corpo, me deixando leve, solta em suas mãos. Quero te sentir por entre os pés, me enrolando em seus dedos e segurando firme em minhas costas enquanto não me diz absolutamente nada. Me evita os olhos mas encosta a pele quente na minha, deslizando seus dedos pelos meus braços e me apertando a cintura. Você toca os seus lábios em meu pescoço enquanto eu sinto o cheiro que sai de seu cabelo. O suor escorre pela nuca, o calor me provoca a ter sede e o ar parece querer parar de entrar fundo aos pulmões. Enquanto suas mãos se encontram com as minhas, num aperto forte, eu não paro de delirar até que eu canse de movimentar meu corpo contra o seu. Meu corpo pulsa por nós dois e só consigo te puxar pra perto escorregando minhas mãos em seu pescoço, pedindo pra dizer meu nome em meus ouvidos enquanto suspira com suas mãos em meus quadris. Meu corpo ainda pulsa enquanto deita sua cabeça em meu colo e fecha os olhos enquanto guarda dentro de mim a sua alma.
Hush now
Eu vou passar o resto dos meus dias desejando tocar seu rosto e sentir o cheiro dos seus cabelos. Mesmo que cada lágrima que derramo um dia seque e a dor permaneça dentro de mim.
quinta-feira, novembro 16, 2017
mystic dream
Posso te carregar para dentro do meu pensamento sem que você nem imagine. E a todo segundo a minha alma grita pela sua em alguma esquina perdida na escuridão da minha imaginação.
domingo, novembro 12, 2017
The Stray
Estou obcecada. Obcecada com minha falta de bom senso. Obcecada em entender o que não é pra entender. Obcecada querendo esquecer dos meus pensamentos. Obcecada com o cansaço e com as respostas que devo dar. Obcecada com o cérebro que vai parar em segundos me pregando uma peça que nem o destino vai ter como concertar.
Thick
A gente aceita o amor que acha que merece
A gente aceita a dor que acha que não merece
A gente aceita a vida que tem e questiona
A gente aceita que tem destino e não questiona
A gente aceita o que o futuro reserva e não espera
A gente aceita esperar só pra acreditar
A gente aceita a dor que acha que não merece
A gente aceita a vida que tem e questiona
A gente aceita que tem destino e não questiona
A gente aceita o que o futuro reserva e não espera
A gente aceita esperar só pra acreditar
sexta-feira, novembro 10, 2017
Bats
Eram nesses braços que queria me refugiar hoje
Eram nesses braços que
imaginei a cura das minhas dores
Esses mesmos braços que me deixam cicatrizes
nos pensamentos
segunda-feira, novembro 06, 2017
Letter to a dead friend
Você faria 38 anos se estivesse entre nós. Ainda lembro a primeira vez que recebi uma carta sua. Foi em 1995. Eu tinha quinze anos e você dezesseis e a sua carta foi tão simpática que foi o primeiro amigo que eu fiz assim tão longe.
Eu respondi e assim ia crescendo nosso contato. Era uma ansiosidade pra receber uma carta a cada três dias. Eu respondia prontamente e não tinha preguiça de ir a pé até o correio pra colocar a resposta.
Trocávamos posters, presentes de aniversário, confidências e segredos que mais ninguém naquela idade adolescente poderia trocar. Depois trocamos telefonemas, fotos e mais confidências. Você foi a primeira pessoa que entendeu as minhas loucuras e nunca me julgou por elas.
Me lembro da última vez que nos falamos por telefone. Era Natal de 1997. Você tinha acabado de passar no vestibular da Federal do Para e eu ia começar no próximo ano o cursinho pra prestar Medicina. As cartas foram diminuindo, a vida foi começando a apertar pros dois lados. Até que um dia, o tempo e a falta de tato de nós dois, nos separou.
A primeira vez que eu vi Pearl Jam, me lembrei de você. Era a nossa banda mais em comum. Quando o Eddie pisou no palco e meu olho encheu de lágrimas a primeira coisa que me veio à cabeça foi: ‘Caramba, ele bem que poderia estar aqui’. Eu achava que você merecia aquele momento, por tantas confissões trocadas e tantas coisas que só a gente entendia que estava escrito naquelas letras que a gente procurava significado.
Aliás, eu aprendi a procurar significado nas coisas pra poder ter algo interessante pra falar. Eu sempre fui a esquisita, a quieta, a desajustada dos padrões, a gordinha da turma do colégio. E naquelas cartas eu queria ser a adolescente mais interessante do mundo. Talvez eu não fosse, mas tem coisas que a gente sente e é melhor deixar assim, guardada na memória boa.
Da última carta que recebi sua até hoje a vida tomou tantos rumos diferentes. No fim, não fiz medicina. Eu até passei nuns cursos pagosmas como você sabia eu não tinha grana pra pagar. Fui fazer Odontologia porque era gratuito e no fim, gastava uma grana todo semestre com material. Não vou dizer que eu era feliz porque não era. Mas depois de quinze anos que eu pisei na faculdade, de um mestrado e um doutorado eu finalmente me encontrei. Eu finalmente entendi o que é ser realizado profissionalmente.
Pessoalmente eu continuei a mesma desajustada que era como adolescente. A vida me fez sofrer por amores que não valiam a pena e por outros que eu nunca tive a chance de provar. Talvez a vida de todo mundo é assim. O que eu aprendi é que ser feliz depende de mim. Nada que alguém diga ou faça vai mudar essa condição.
A música ainda é algo que me provoca as mesmas sensações que me provocavam lá em 1995. Me faz sentir com 15 anos de novo e felizmente, apesar dos pesares, me dá uma nostalgia boa. Então toda vez que eu posso e meu dinheiro aguenta eu sigo as bandas que gosto. Afinal, o que a gente leva dessa vida?
Aliás, eu me pergunto. O que você levou dessa vida? Faz oito anos que você me deixou por aqui sem nenhuma notícia. Pra dizer a verdade quando eu recebi a notícia que você tinha partido, meu mundo desabou por completo.
Quantas vezes não quis te contar tudo o que disse aí, de uma maneira não tão resumida, claro e não fiz? Quantas vezes não quis te contatar e não tive coragem? Quantas vezes não quis te contar segredos e não sabia mais como fazê-lo? Quantas vezes não fui negligente com a nossa amizade e nunca mais te procurei por nenhuma maldita rede social? Por que eu era muito ocupada, talvez? Ou por que eu realmente não me preocupei que nada de ruim pudesse acontecer com quem me rodeasse e demonstrasse afeto a mim? Será que meu orgulho era tanto que eu não podia tirar dez minutos do meu tempo pra saber como você estava?
Vinte e dois anos se passaram da primeira vez que nos comunicamos e eu ainda guardo as cartas emboloradas em uma caixa de sapatos. Poucas pessoas me entenderam como você. Poucas pessoas sabem dos meus medos e inseguranças como você sabia. E de onde você estiver eu quero que você saiba que por mais que o tempo passe, a gente não esquece alguém de quem gostou tanto como eu gostei de ti. Aquela amizade pra uma vida toda.
Feliz aniversário.
Eu respondi e assim ia crescendo nosso contato. Era uma ansiosidade pra receber uma carta a cada três dias. Eu respondia prontamente e não tinha preguiça de ir a pé até o correio pra colocar a resposta.
Trocávamos posters, presentes de aniversário, confidências e segredos que mais ninguém naquela idade adolescente poderia trocar. Depois trocamos telefonemas, fotos e mais confidências. Você foi a primeira pessoa que entendeu as minhas loucuras e nunca me julgou por elas.
Me lembro da última vez que nos falamos por telefone. Era Natal de 1997. Você tinha acabado de passar no vestibular da Federal do Para e eu ia começar no próximo ano o cursinho pra prestar Medicina. As cartas foram diminuindo, a vida foi começando a apertar pros dois lados. Até que um dia, o tempo e a falta de tato de nós dois, nos separou.
A primeira vez que eu vi Pearl Jam, me lembrei de você. Era a nossa banda mais em comum. Quando o Eddie pisou no palco e meu olho encheu de lágrimas a primeira coisa que me veio à cabeça foi: ‘Caramba, ele bem que poderia estar aqui’. Eu achava que você merecia aquele momento, por tantas confissões trocadas e tantas coisas que só a gente entendia que estava escrito naquelas letras que a gente procurava significado.
Aliás, eu aprendi a procurar significado nas coisas pra poder ter algo interessante pra falar. Eu sempre fui a esquisita, a quieta, a desajustada dos padrões, a gordinha da turma do colégio. E naquelas cartas eu queria ser a adolescente mais interessante do mundo. Talvez eu não fosse, mas tem coisas que a gente sente e é melhor deixar assim, guardada na memória boa.
Da última carta que recebi sua até hoje a vida tomou tantos rumos diferentes. No fim, não fiz medicina. Eu até passei nuns cursos pagosmas como você sabia eu não tinha grana pra pagar. Fui fazer Odontologia porque era gratuito e no fim, gastava uma grana todo semestre com material. Não vou dizer que eu era feliz porque não era. Mas depois de quinze anos que eu pisei na faculdade, de um mestrado e um doutorado eu finalmente me encontrei. Eu finalmente entendi o que é ser realizado profissionalmente.
Pessoalmente eu continuei a mesma desajustada que era como adolescente. A vida me fez sofrer por amores que não valiam a pena e por outros que eu nunca tive a chance de provar. Talvez a vida de todo mundo é assim. O que eu aprendi é que ser feliz depende de mim. Nada que alguém diga ou faça vai mudar essa condição.
A música ainda é algo que me provoca as mesmas sensações que me provocavam lá em 1995. Me faz sentir com 15 anos de novo e felizmente, apesar dos pesares, me dá uma nostalgia boa. Então toda vez que eu posso e meu dinheiro aguenta eu sigo as bandas que gosto. Afinal, o que a gente leva dessa vida?
Aliás, eu me pergunto. O que você levou dessa vida? Faz oito anos que você me deixou por aqui sem nenhuma notícia. Pra dizer a verdade quando eu recebi a notícia que você tinha partido, meu mundo desabou por completo.
Quantas vezes não quis te contar tudo o que disse aí, de uma maneira não tão resumida, claro e não fiz? Quantas vezes não quis te contatar e não tive coragem? Quantas vezes não quis te contar segredos e não sabia mais como fazê-lo? Quantas vezes não fui negligente com a nossa amizade e nunca mais te procurei por nenhuma maldita rede social? Por que eu era muito ocupada, talvez? Ou por que eu realmente não me preocupei que nada de ruim pudesse acontecer com quem me rodeasse e demonstrasse afeto a mim? Será que meu orgulho era tanto que eu não podia tirar dez minutos do meu tempo pra saber como você estava?
Vinte e dois anos se passaram da primeira vez que nos comunicamos e eu ainda guardo as cartas emboloradas em uma caixa de sapatos. Poucas pessoas me entenderam como você. Poucas pessoas sabem dos meus medos e inseguranças como você sabia. E de onde você estiver eu quero que você saiba que por mais que o tempo passe, a gente não esquece alguém de quem gostou tanto como eu gostei de ti. Aquela amizade pra uma vida toda.
Feliz aniversário.
domingo, novembro 05, 2017
"Alice sorriu de volta pra mim enquanto eu esticava
meus braços sobre a mesa, querendo tocá-la. Antes mesmo disso acontecer, ela
colocou suas mãos sobre as minhas. Pareciam uma seda. A pele era macia, seus
dedos suaves. Nunca a tinha tocado antes a não ser no dia em que ela se afastou
de mim.
Eu instintivamente segurei em seus dedos uns segundos e não consegui mais prestar atenção no que ela falava. Um cheiro levemente adocicado saia dela e seus olhos sorriam e brilhavam como nunca tinha visto. Ela era linda. Timidamente linda. Tinha se tornado tão linda aos meus olhos, que ela não poderia imaginar. Eu queria tocar seu rosto, mas não deveria. Uma felicidade me invadia, era aquilo que eu queria, só aquilo."
Eu instintivamente segurei em seus dedos uns segundos e não consegui mais prestar atenção no que ela falava. Um cheiro levemente adocicado saia dela e seus olhos sorriam e brilhavam como nunca tinha visto. Ela era linda. Timidamente linda. Tinha se tornado tão linda aos meus olhos, que ela não poderia imaginar. Eu queria tocar seu rosto, mas não deveria. Uma felicidade me invadia, era aquilo que eu queria, só aquilo."
Good woman
Vejo as pessoas recebendo mensagens do universo. Professarem amor e receberem recompensas em volta. Talvez dentro de mim só exista a tristeza. Todas as mensagens que recebo não me presenteiam ou me enchem o peito de um acalento que não sei qual é, pois nunca tive. Amar só por amar me traz essa dor. Mas não consigo parar, meu único vício é sentir sem ter limites.
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