Parei sentada na cama, olhando pro infinito, que se define como minhas
próprias paredes. Engraçado como nada mais era sufocante como
antigamente e me certifiquei de que ainda respirava. Era inútil, por mais de
horas o mundo parecia estar congelado.
De repente, uma lágrima escorria sem que eu percebesse. Era assim que
você chegava sempre e assim que eu sempre te esperava.
Mas, para minha surpresa, não era você e não era você que me
perguntava com aquela voz doce "demorei?", era uma voz aspera e uma
mão fria. Uma mão que me tomava rápido e dizia que você estava ali, era só
abrir os meus olhos e ver. O que eu estava esperando? por que não confiava?
O que tinham feito com você, e por que tanto sangue? E por que você
ainda insistia em sorrir. Estava ali, ferido e sem forças e me olhava
porfundo nos olhos, querendo me dizer todas as palavras que teve medo todos os dias. E por que outra pessoa fazia o tempo parar? Tinha me dito que era só
você e que só você sabia do nosso segredo.
Continuava me olhando enquanto ele dizia que eu só precisava fazer o que
ele queria pra te soltar. Ele me prometia que todo aquele sangue ia sumir e só
o que eu conseguia era soluçar de choro e me arrastar em sua direção, enquanto ele segurava meus pés.
Por que, meu amor, por quê? Por que deixaste? Eu sabia que tudo
era seguro e sabia que assim que tocasse meus cabelos, estaríamos de novo
naquele lugar secreto, mas agora, alguém queria nos separar, queria tirar
nosso esconderijo especial. O que demais poderia haver ali? Ali só nos
pertencia e nada era especial, a não ser a nós mesmos.
De repente um vidro se fez e você ficou
trancado lá dentro. Eu não pude te libertar e o mundo voltou e não houve
mais lágrimas, nem o silêncio. Há só o barulho da minha fraqueza e a sua única
bela imagem em meus pensamentos.
Podes ainda me ouvir? Podes?
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