"‘Madrugou
hoje, Louis?’ – cheguei por trás dele, o assustando um pouco
‘É.
Estava meio atordoado em casa, resolvi sair mais cedo. E você, tudo bem?’
Louis
tinha o mesmo ar soturno de quando nos conhecemos, e fazia dias que estava
assim, desde que eu tinha me afastado dele. Mas eu estava bem, tinha dormido
horas a fio, sem me preocupar com horário ou problemas nenhum, nem ao menos
tinha sonhado.
‘Eu?
Está tudo bem sim’ – sorri ao olhar pra ele
Esse
simples gesto causou espanto em Louis, por um momento notei que ele sorriu
levemente e como sempre, sabia que lia meus pensamentos. E aquela foi a
primeira vez que quis abraçá-lo.
Entramos
no estúdio e fiz rigorosamente o que sempre fazia pelas manhãs. Ficamos
conversando por um bom tempo enquanto o resto da banda não chegava. E seu tom
soturno foi desaparecendo ao longo da conversa, como se aquela proximidade que
tínhamos criado, tivesse voltado num piscar de olhos. Me sentia realmente
feliz. Mas lá no fundo, ainda me sentia morta por dentro. Como se algo tão
inocente e puro tivesse sido destruído de mim.
Não
mais do que de repente, ele me perguntou sem rodeios
‘E
seu namorado? Como vai?’
Estava
de costas enquanto fazia o café e dei um sorriso quando disse, sem que ele
pudesse ver
‘Que
namorado?’ – e virei séria, colocando o café em sua xícara
Louis
tinha uma expressão de surpresa e até um certo alívio quando disse isso, ele
baixou a cabeça e sorriu.
‘Então,
quer dizer que o namoro acabou?’ Acabou de verdade?’ – Louis me perguntou num
tom de desconfiança
‘Sim,
acabou. E acabou de verdade. Nunca mais quero vê-lo’
Louis
não disse mais nada, só esticou seus braços pela mesa onde estávamos sentados em
minha direção e pela primeira vez em dois meses, toquei suas mãos de ímpeto.
Eram ásperas as pontas de seus dedos, mas a pele era fina e macia. Ele tirou a
mão debaixo da minha e colocou sobre a minha, apertando e depois voltou a
colocar por baixo, segurando ela, sem me olhar nos olhos. Me sentia aliviada e
livre, quando continuamos conversando."
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