“Ele tinha os cabelos loiros quase brancos, o rosto era cheio de sardas, a boca tinha um vermelho volumoso que eu nunca tinha visto antes e os olhos pareciam duas gotas do oceano. A primeira vez que passei por ele senti o cheiro amadeirado que saia de alguma peça de sua roupa. Ele me acompanhou discretamente com a cabeça quando me sentei algumas cadeiras na sua frente. Em poucas semanas nos tornamos amigos. Suas mãos eram quentes e eu tinha a impressão de que ele não sabia o que era frio pois podia estar 10 graus abaixo de zero e ele estava de bermuda. Raramente eu o vi a de calças. A gente compartilhava segredos, músicas e uma paixão platônica. Ele era meu Porto Seguro e eu ficava desesperada com a possibilidade de perdê-lo. Mas a vida, a vida faz a gente perder sem mesmo que a gente perceba. O tempo passa rápido demais. Mas a memória fica presa no consciente. Talvez eu nunca mais consiga esquecer o seu cheiro, nem suas mãos quentes. Mas a memória ficou embaçado com o tempo. Um recorte dentro de um cérebro cansado. Um sentimento platônico que paira no inconsciente”
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