Ainda tinha os cabelos molhados caídos nos ombros. Seu olhar era de
satisfação por todas as boas coisas que estavam lhe acontecendo. Parecia
sorrir, por mais que parecesse ser sério, e lá no fundo, gostava de ser quem era,
e viver a vida que levava.
Poder olhar para aquele céu claro, lhe doía os olhos, mas quem
ligava? Preferia ficar cego por anos a perder toda aquela magia daquela
manhã. Era especial, assim como seu copo de café. Forte e sem açúcar.
Se ao menos pudesse derramar uma lágrima, tudo ficaria mais
especial. E se as coisas estavam tão bem, pra que chorar?
Tinha perdido muitas coisas, mas até ali, deveria aprender alguma
coisa. Ser forte, como o seu café ou simplesmente, esquecê-las e viver.
Por mais que todos dissessem o que deveria fazer, ele só queria
viver assim, sentindo o seu coração bater como fazia todos os dias. Já não
deveria mais acreditar nas bobagens dos outros. Deveria confiar em seus
instintos. Deveria tentar, mais uma vez.
Se, para o homem seria lindo saber voar, sem precisar de máquinas, pra
ele seria lindo saber chorar, sem medo. Seria uma celebração ao nada. Uma
celebração a si mesmo. Uma celebração a vida que deveria começar.
E se ainda houvesse, mesmo assim, algum motivo pra que sua vontade não
se cumprisse, ele desapareceria, assim como seus demônios, de alma lavada e
perdida.
Chorou, mais uma vez. Por si mesmo.
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