Tenho hoje uma saudade constante daquelas que
não doem, não magoam, só trazem lembranças e desejos.
Desejos que se espalham e me levam embora, numa
tentativa insistente de me trazerem pra realidade, brigando comigo pra que eu
sinta a pele, o ar, a textura das coisas.
Desejos que são fortes com pulsos constantes e que não me deixam dormir, não me deixam
acordar. Trazem o que mais quero e levam embora o que mais preso.
Desejos que me matam aos poucos, sem ao menos
terminarem, sem ao menos me mostrarem pra que vieram.
Como arrepios que sobem pela nuca, e se espalham
pelos braços, me deixando doente, esperando que aconteça, esperando que não me
deixem nunca em paz, porque eu volto por eles, para eles, sem que ao mesmo eu
saiba de onde vieram.
Meu coração pula insistentemente no peito, mas
não quero culpar esses milhões de hormônios circulantes, nem me ver como
malditas milhares de rotas bioquímicas, que me deprimem, e fazem com que eu me
sinta papel ou um amontoado de átomos.
O calor não sana e o tremor não passa, os sentidos não me deixam em paz e
eu quero sentir, e sentir, e sentir, até não aguentar mais. Até que o cansaço me leve a escuridão me envolva.
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