quarta-feira, abril 08, 2015

"Sai então, e fiquei a esperando do lado de fora. Quando ela saiu, fazia frio e ela usava um casaco marrom que contrastava com seus cabelos loiros. Ela se virou e me viu, ainda parecia irritada.
‘Vem, te levo pra casa’ – falei firme pra não parecer idiota
‘Não precisa, Sr. Louis. Eu pego um taxi, não quero lhe dar esse trabalho, está cansado, foi longo o dia e...’ – percebi que ela tinha ficado envergonhada
‘Já te esperei, não vou deixar você sair sozinha. Já está bem tarde. Não vai negar essa carona agora né?’ – estava ainda firme, mesmo me sentindo um babaca
‘Não...’ – ela corou quando me olhou
‘Pode entrar’ – e me encaminhei até a porta, me sentando rápido e já ligando o carro
Alice se sentou e colocou o cinto. Esfregou suas mãos e as prendeu por entre as pernas. Parecia com frio.
‘Mora longe?’ – lhe perguntei
‘Do outro lado da cidade, praticamente’
E me falou seu endereço, me explicando o caminho enquanto íamos. Ela olhava pela janela, vidrada no movimento da cidade. Cada semáforo que parávamos, eu a olhava pra sem que ela percebesse.
Ela era realmente diferente das outras mulheres que já tinha conhecido e eu tinha a impressão de que ela não sabia o quanto era encantadora. Ela tinha uma maneira de colocar seus cabelos por trás da orelha e parecia ser muito delicada.
Quando parei em frente ao seu prédio, a rua parecia deserta. Ela tirou seu cinto e se despediu de mim.
‘Obrigada pela carona Sr. Louis’
‘De nada. Você sabe que estamos de folga amanhã e segunda, né?’
‘Sim’
‘Então, pode me passar o seu telefone se eu precisar, quero dizer, quiser gravar alguma coisa?’
‘Claro’  - e ela procurou uma caneta dentro de sua mochila
Levantei a manga de minha camisa e estendi meu braço pra que ela anotasse. Percebi que ela ainda olhou estranho aquela reação, mas anotou mesmo assim.
‘Obrigado. Qualquer coisa eu te ligo’
‘Qualquer hora que precisar. Obrigada de novo Sr. Louis. Boa noite’ – ela abriu então a porta do carro e desceu
‘Alice? Não me chame de Sr., tudo bem?’ – disse antes que ela fechasse a porta
‘Ok’
‘Boa noite’ – e a olhei ainda por alguns segundos, um arrepio passou por mim
‘Boa noite’ – ela disse e fechou a porta
Eu sai rapidamente com o carro, ainda olhando pelo retrovisor, vendo ela se encaminhar para a porta, olhando para o carro.
Quando cheguei em casa, tudo estava em silêncio e fui até a geladeira pegar uma cerveja. Sentei na cozinha e fiquei olhando pela janela enquanto bebia. Levantei a manga da minha camisa e olhei pro telefone dela, anotado no meu braço. Instantaneamente sorri.
Subi as escadas e fui até a porta do meu quarto, onde Claire dormia. Fui e peguei uma coberta no armário, indo até a sala ao lado, onde tinha uma bagunça de papeis e discos jogados pelo chão.

Peguei um cartão em cima da mesa e anotei o telefone de Alice, colocando dentro da carteira. Deitei então no sofá, me cobrindo e dormi, profundamente."

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