Sabe, queria dizer mil coisas sobre como me comportei nos shows que fui do Pearl Jam. O fato é que eu não consigo mesmo colocar em palavras a sensação de poder estar perto de coisas tão suas e tão íntimas e ao mesmo tempo tão parecidas como as de outras pessoas. Eu fiz a loucura dessa vez de ter ido aos dois shows. Loucura que eu deveria ter feito em 2005 e me podei por motivos que se eu me recordar, vou sentir uma tristeza profunda e inigualável.
Foram 46 músicas diferentes distribuídas em dois dias que foram praticamente mágicos pra mim.
Hoje, nos altos dos meus 31 anos, não tenho mais o ímpeto adolescente. Eu cresci, as prioridades mudaram, a vida se transformou em outra. E achava tão engraçado olhar pro palco e ver de perto pessoas tão familiares e que sequer sabem de quem são todos aqueles rostos e que também lhes são tão familiares. Aquilo que é tão seu se transforma em tão seu de milhares de pessoas ao mesmo tempo.
Infelizmente ou felizmente eu não possuo registros físicos desses dois shows. O que tenho são lembranças vívidas que espero um dia meu cérebro trazer a memória. Meus olhos simplesmente se fechavam a cada segundo que eu ouvia uma melodia diferente. Cantei a plenos pulmões, até a voz se esvair e de mim se esvair uma sensação de dever cumprido.
Poucas pessoas sabem o que tudo isso significa em minha vida. Poucas pessoas sabem dizer por mim que sou péssima com as palavras o sentimento que tenho preso no peito. Cada melodia tem um significado específico em minha vida, em cada momento que passei, seja ele de alegria extrema ou de uma tristeza profunda. E ter um flashback vivo de intensidade tenho a absoluta certeza que poucos sentiram. Foram dois shows completos e complementares. Um não viveria sem o outro.
É uma sensação inexplicável que fluia pelo corpo. A cada instante, uma imagem límpida em minha cabeça aparecia. Minha alma me gritava, querendo que esse meu mundo, delicado e cheio de nuances, ali, naquele momento fosse real. Eu olhava aos céus e gritava bem alto pra que o mundo pudesse me escutar. E eu podia com a força do meu pensamento, abstrair o empurra empurra louco e trazer esse mundo pra perto de mim.
Passei esse último ano escutando incessantemente essa banda. E sempre digo que quando escuto incessantemente o Eddie me dizer algo, é porque muitas coisas precisam mudar. E esse último ano, tudo mudou. Aquilo que não acreditava mais finalmente aconteceu e eu me sinto segura e livre ao mesmo tempo pra ser quem sou sem ter medo de sofrer ou sentir demais.
E eu sinto demais. Sentia as notas vibrarem pelo meu corpo, causando alterações físicas em meu organismo, produzindo uma quantidade de endorfina considerável. Eu cresci, eles cresceram. Eu amadureci, eles amadureceram. Eu continuo extravasando todo meu sentimento e eles continuam fazendo rock de qualidade.
Um comentário:
Ana, depois de acompanhá-la anos a fio nesse blog, exatamente começando pela resenha do show do SP que eu queria ter ido, consigo ver quão bem tudo isso - esse momento, essa pessoa, esse algo que eu não sei o que é - está fazendo pra você! Torço um montão por você e estarei aqui lendo suas histórias alegres e felizes, tá?! :)
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