“Eu sou capaz. Capaz de me liberar dos meus traumas. Olhar e falar, eu consegui. Eu não sou desprezível. Porque eu não me sinto mais assim. Eu não me sinto desprezível, nem invisível. Eu me senti invisível por muito tempo. Hoje não mais. Hoje eu vejo uma mulher que chegou em lugares que poucos chegaram. Que alcançou voos tão altos que nem ela mesma sabe como, mas alcançou. Que passou por tudo. De humilhações até a total loucura e conseguiu levantar do buraco que se enfiou. Eu por muito tempo perdi a confiança no que era capaz de fazer. Achei que a dor levaria a minha vida por completo. Até o ponto que eu não aguentasse mais. E eu agradeço a cada um que me levantou e me estendeu as mãos. Mas toda corrida precisa de uma linha de chegada.”
Eu escrevi isso em janeiro de 2024. Mal eu sabia o turbilhão que seriam os próximos meses do ano que terminou há poucos dias. Tiveram dias que eu quis desistir. Tiveram dias que eu chorei de raiva, de angústia, de desabafo e alegria. Tiveram dias de agitação, de felicidade, de cansaço e alegrias incomparáveis. E tiveram dias que eu caminhei em direção a um objetivo. Traçar mil planos não adianta. Mas eu percebi nesse último ano que subi um degrau por vez. Que pra chegar em algum lugar eu parei e observei por um bom tempo. E foram nessas horas que eu sentia que estava estagnada. Mas pra conseguir chegar no fim da escada eu tive que lidar com o que é mais complicado pra mim. A paciência, a ansiedade, a vontade de resolver tudo no meu tempo. E a cada ano que vai se passando eu percebo que nada vem no tempo que eu escolho. E sim no tempo necessário pra que o que eu alcançei não se perca pelos meus dedos. Parece fácil falar, mas a cada no dificuldade, raiva, stress e crise que eu tive, eu também tive os momentos em que tudo isso sumia com o meu exercitar diário da respiração e da mudança de foco. Não é fácil, mas é gratificante evoluir. Nem que seja uma escada de somente dois degraus.